Em seu segundo dia no governo, Obama assinou uma ordem executiva para fechar Guantánamo no prazo de um ano, um período que já passou (Nicholas Kamm/AFP)
Da Redação
Publicado em 1 de novembro de 2012 às 06h11.
Washington - A Anistia Internacional publicou nesta quinta-feira um artigo, a poucos dias da eleição presidencial americana, no qual lembra que os Estados Unidos têm assuntos pendentes em matéria de direitos humanos, como Guantánamo, onde 150 presos aguardam julgamento após mais de uma década.
Moussa'ab Omar al Madhwani, de 32 anos, passou um terço de sua vida sob custódia dos EUA, mesmo sendo uma figura do baixo escalão da Al Qaeda que 'nunca disparou uma arma em combate'.
Sua história faz parte do artigo com o qual a organização humanitária quer lembrar que 'as detenções em Guantánamo e a responsabilidade pela violação dos direitos humanos no contexto da luta antiterrorista são dois desses assuntos pendentes', segundo disse à Agência Efe Rob Freer, ativista da AI.
Madhwani foi detido pelas autoridades paquistanesas em setembro de 2002 em Karachi, teve os olhos vendados, foi amarrado, golpeado com uma espingarda e ameaçado de morte, contou Freer.
Cinco dias depois, foi entregue a membros das Forças Armadas americanas e levado ao Afeganistão, onde passou cerca de um mês em instalações secretas guardadas por militares americanos em Cabul ou perto da capital afegã, de acordo com a AI.
No período em que permaneceu neste local, Madhwani foi torturado, impedido de dormir, obrigado a ficar de pé durante muitas horas e molhado com água fria.
Em outubro de 2002, Madhwani foi enviado a Guantánamo, após outros cinco dias de 'detenção ilegal' na base aérea de Bagram, 'onde foi submetido a mais abusos'.
Os EUA o acusam de ter viajado ao Afeganistão para passar por treinamentos em um acampamento militar da Al Qaeda, mas 'mais de dez anos após ser detido não foi acusado por nenhum delito pelo Governo americano, que reivindica o direito de detê-lo indefinidamente em nome da 'guerra' global contra a Al Qaeda e seus grupos associados', denuncia a AI.
Desde que foi aberta a penitenciária militar situada na base naval de Guantánamo (Cuba), há 11 anos, passaram por lá 779 detentos, dos quais pelo menos 12 eram menores de 18 anos quando foram detidos.
O ativista da AI assegurou que sua organização continuará apresentando casos como o de Madhwani porque se trata de indivíduos que tiveram 'seus direitos fundamentais negados', e os EUA estão 'falhando no cumprimento de suas obrigações em matéria de direitos humanos'.
A AI assinala que a 'crueldade' da detenção indefinida é encarnada pelos nove detentos que morreram sob custódia americana em Guantánamo: seis se suicidaram e três faleceram por causas naturais.
Apesar de Guantánamo ter estado muito presente na campanha de 2008, com a promessa do então candidato Barack Obama de fechar o complexo, desta vez o tema quase não foi citado.
Em seu segundo dia no governo, Obama assinou uma ordem executiva para fechar Guantánamo no prazo de um ano, um período que 'passou há tempo', lembra Freer.