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Agente russo pode ter capacidade mental limitada após ataque químico

Londres está pedindo que outros países da União Europeia atuem juntos na repressão a redes de espiões russos

Ataque a ex-espião: médico não identificado que está tratando os Skripal disse que ambos estão sob forte sedação e incapazes de se comunicar (Toby Melville/Reuters)

Ataque a ex-espião: médico não identificado que está tratando os Skripal disse que ambos estão sob forte sedação e incapazes de se comunicar (Toby Melville/Reuters)

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Reuters

Publicado em 22 de março de 2018 às 18h56.

Londres/Bruxelas - Um ataque com uma toxina nervosa de uso militar contra o ex-agente duplo russo Sergei Skripal e sua filha pode ter comprometido sua capacidade mental, e não está claro se eles se recuperarão, disse um juiz britânico nesta quinta-feira.

O Reino Unido disse que a Rússia usou uma arma química dos tempos soviéticos chamada Novichok para atacar Skripal e sua filha Yulia, o primeiro caso conhecido de uso ofensivo de tal arma na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. A Rússia negou qualquer envolvimento.

Londres está pedindo que outros países da União Europeia atuem juntos na repressão a redes de espiões russos, mas dificilmente se verá uma reação orquestrada em uma cúpula da UE em Bruxelas nesta quinta-feira, disse uma fonte francesa.

Um tribunal londrino deu permissão para que se colete amostras de sangue dos Skripal e que estas sejam examinadas por inspetores de armas químicas para confirmar a conclusão do laboratório de pesquisa militar britânico de Porton Down.

Um médico não identificado que está tratando os Skripal disse que ambos estão sob forte sedação e incapazes de se comunicar, e que não é possível avaliar quando ou até que ponto qualquer um deles pode recuperar a capacidade mental, de acordo com o pronunciamento da corte.

"O efeito preciso da exposição à sua saúde no longo prazo continua incerto, embora exames médicos indiquem que sua capacidade mental pode ser comprometida em um grau desconhecido e até agora indeterminado", disse o juiz David Williams em sua decisão.

Skripal, ex-coronel do serviço de inteligência russo GRU, e sua filha de 33 anos foram encontrados inconscientes em um banco diante de um shopping center de Salisbury, cidade do sul inglês, em 4 de março.

Ambos estão fisicamente estáveis e sendo tratados "na suposição de que gostariam de ser mantidos vivos", disse o médico, segundo o parecer de Williams no Tribunal de Proteção de Londres, que toma decisões sobre o bem-estar de pessoa incapazes de tomá-las.

Williams disse que a solicitação para a coleta das amostras foi feita com urgência nesta quinta-feira. Os Skripal se encontram em estado crítico, porém estável, mas ele acrescentou: "Não é inconcebível que seu estado se deteriore rapidamente".

O juiz afirmou que um analista não identificado de Porton Down apresentou indícios de que as amostras de sangue apontam para uma exposição a um agente nervoso. "As amostras deram positivo para a presença de um agente nervoso da classe Novichok ou um agente intimamente relacionado", disse seu parecer.

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