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Agenda do papa nos EUA tem desafios políticos e religiosos

O papa tem como desafio fortalecer a Igreja e tratar questões polêmicas como o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a imigração e o aborto


	Bandeiras dos Estados Unidos e do Vaticano em Washington: no encontro com o presidente Barack Obama, a expectativa é que Cuba seja um dos primeiros pontos da conversa
 (Reuters / Kevin Lamarque)

Bandeiras dos Estados Unidos e do Vaticano em Washington: no encontro com o presidente Barack Obama, a expectativa é que Cuba seja um dos primeiros pontos da conversa (Reuters / Kevin Lamarque)

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Da Redação

Publicado em 23 de setembro de 2015 às 09h08.

Durante os cinco dias de visita aos Estados Unidos, o papa Francisco terá uma agenda política e religiosa diversificada. Ele deve tentar avançar no tema das relações com Cuba, intercedendo pelo fim do embargo imposto pelos Estados Unidos ao país, e endossar a luta pelo combate à pobreza e redução de efeitos das mudanças climáticas como diretrizes globais.

No campo religioso, papa Francisco tem como desafio fortalecer a Igreja – que apresentou redução no número de fiéis – e tratar questões polêmicas como o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a imigração e o aborto.

No encontro com o presidente norte-americano, Barack Obama, previsto para as 9h15 (10h15 no horário de Brasília), a expectativa é que Cuba seja um dos primeiros pontos da conversa.

Depois de quatro dias no país caribenho, de se encontrar com Fidel Castro e com o presidente da ilha, Raúl Castro, Francisco disse durante a viagem para os Estados Unidos, que quer o fim do embargo econômico.

O tema do embargo é um dos mais sensíveis da agenda, mas em entrevista dentro do avião durante o deslocamento, papa Francisco afirmou que deseja o fim do embargo e que a situação se resolva em um acordo.

Apesar da declaração incisiva, o papa disse que não pretende tratar do assunto no discurso que fará no Congresso norte-americano hoje à tarde.

A visita dele ao plenário é histórica. Nunca antes um pontífice havia ido ao plenário das Casa Legislativas dos Estados Unidos.

Mas a visita causa polêmicas internas. A imprensa norte-americana divulgou comentários de alguns senadores conservadores que já avisaram que podem boicotar o discurso por entender que o papa "se envolve em temas políticos" e tem que um viés "esquerdista", por fazer críticas ao capitalismo e defender uma política social de combate às desigualdades.

Cúpula da ONU

Na Organização das Nações Unidas (ONU) o papa vai ver pela primeira vez a bandeira do Vaticano ser hasteada e participará da Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável 2015, na sexta-feira (25).

A presença dele na abertura do evento, que vai apresentar oficialmente a Agenda para o Desenvolvimento Sustentável para 2030, é significativa porque o discurso do papa – de redução das desigualdades e combate à pobreza – vem ao encontro dos temas propostos e diretrizes que deverão ser adotadas globalmente pelos países membros da ONU.

No contexto de pedir mais comprometimento dos países na busca de metas propostas em relação às mudanças climáticas, o papa também deve abordar o tema, tendo em vista a proximidade da COP21 a Conferência do Clima, em Paris, marcada para dezembro.

Outros temas que podem surgir na agenda política são a questão da imigração e dos refugiados, além do crescimento do Estado Islâmico.

Desafio religioso

O papa chega aos Estados Unidos em um momento em que o país se prepara para as eleições presidenciais e já há uma disputa intensa nos principais partidos, Republicanos e Democratas, para a escolha dos candidatos.

No pano de fundo da visita, os pré-candidatos discutem questões como o Islamismo, expulsão de imigrantes ilegais, casamento gay e descriminação do uso de drogas. Nesse contexto, ele participará de celebrações em Washington, Nova York e, no encontro das famílias, na Filadélfia.

O papa visita o país em um momento em que o número de católicos praticantes norte-americanos vem caindo. Há oito anos, 24% se diziam católicos, este ano, a última pesquisa apontou para 21% de fiéis. As igrejas neopentecostais cresceram no país, assim como as religiões orientais.

Mas, segundo o Pew Reserch Center, um centro de estudos sobre religião e tendências no país, cerca de 45% das pessoas nos Estados Unidos declaram ter algum tipo de conexão com a fé católica.

"Seria como dizer que a pessoa é católica não-praticante", explicou à Agência Brasil, o teólogo Luiz Wesley de Souza, professor da Emory University em Atlanta.

Uma pesquisa encomendada pelo Washington Post-ABC News, no último domingo (20), revelou que 70% dos norte-americanos tem uma "impressão favorável" do papa Francisco.

"Ele tem credibilidade hoje para tocar em temas sensíveis e ele leva a doutrina social da Igreja, para a agenda global", acrescenta o teólogo.

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