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Rússia desmente ter admitido esquema de doping para NYT

Jornal norte-americano The New York Times citou a diretora da agência para garantir que a Rússia reconheceu uma conspiração para burlar exames antidoping

Doping na Rússia: declaração divulgada pelo jornal norte-americano foi apontada como a primeira em que uma autoridade russa admite a realização do esquema (Getty Images)

Doping na Rússia: declaração divulgada pelo jornal norte-americano foi apontada como a primeira em que uma autoridade russa admite a realização do esquema (Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de dezembro de 2016 às 12h45.

Última atualização em 28 de dezembro de 2016 às 17h18.

Moscou - A Agência Antidoping da Rússia (Rusada, na sigla em inglês) afirmou nesta quarta-feira, através de um comunicado oficial, que os comentários realizados pela sua diretora-geral, Anna Antseliovich, sobre a suposta existência de um esquema de uso de substâncias proibidas no esporte do país foram distorcidos, negando a admissão do escândalo.

O jornal norte-americano The New York Times citou Anna Antseliovich para garantir que a Rússia reconheceu uma "conspiração institucional" para burlar os exames antidoping e seus resultados positivos, permitido o uso de substâncias proibidas pelo seus atletas, ainda que sem a participação das autoridades do Kremlin no esquema.

"Em resposta ao artigo publicado no jornal The New York Times, a Rusada afirma que sua diretora-geral Interina Anna Antseliovich foi mal interpretada e suas palavras foram retiradas do contexto", afirmou a agência antidoping em seu comunicado.

A Rusada alega que a intenção de Antseliovich foi demonstrar que o relatório divulgado no início do mês, produzido por Richard McLaren, investigador contratado pela Agência Mundial Antidoping para prepará-lo, mostrou que não houve a participação de qualquer autoridade do país em um suposto esquema de uso de substâncias proibidas, sem fazer qualquer avaliação sobre a existência ou não de uma conspiração.

"Durante a conversa entre A.A. Antseliovich e a jornalista Rebecca Ruiz, a diretora-geral interina ressalta que na segunda parte de seu relatório publicado em 9 de dezembro de 2016, Richard McLaren deixou de usar as palavras 'sistema de doping patrocinado pelo Estado' e em vez disso se referiu a 'conspiração institucional' excluindo assim o possível envolvimento dos altos funcionários do país", afirma a agência.

"Infelizmente, a senhora Ruiz, tirando as palavras do contexto, criou uma impressão de que a administração da Rusada admite a existência de tal conspiração institucional de encobrimento de doping na Rússia. Gostaríamos de sublinhar que a Rusada não tem autoridade para admitir ou negar tal fato, uma vez que a investigação do caso é tratada pela Comissão de Investigação da Federação Russa", acrescentou.

A declaração divulgada pelo jornal norte-americano foi apontada como a primeira em que uma autoridade russa admite a realização do esquema, considerado uma das maiores conspirações da história do esporte, pois envolveria mais de mil atletas.

Investigações haviam apontando para um doping com participação estatal, conduzido com a ajuda do governo e realizado para garantir medalhas.

A apuração levou a mais de um terço da equipe russa a ser excluída dos Jogos do Rio. Mas o Comitê Olímpico Internacional optou por manter o país no evento, alegando que não poderia haver uma punição coletiva.

A mudança de tom poderia ter sido motivada pelo desejo dos russos de se reconciliarem com o COI e com as federações internacionais, sabendo que podem ser alvo de uma punição severa diante das últimas revelações de McLaren.

Além disso, eventos esportivos marcados para a Rússia foram cancelados - em 2018, o país vai sediar a Copa do Mundo.

Agora, porém, a agência antidoping do país nega ter admitido o esquema de doping, assegurando que a declaração foi tirada do seu contexto.

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