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Aeroporto de Hong Kong suspende embarques após novos protestos

Após novas manifestações pró-democracia, o embarque de passageiros foi cancelado no aeroporto de Hong Kong pelo segundo dia consecutivo

Hong Kong: manifestantes protestam contra uso de força pela polícia e na defesa da manutenção da autonomia perante a China (Thomas Peter/Reuters)

Hong Kong: manifestantes protestam contra uso de força pela polícia e na defesa da manutenção da autonomia perante a China (Thomas Peter/Reuters)

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AFP

Publicado em 13 de agosto de 2019 às 10h37.

Última atualização em 13 de agosto de 2019 às 11h11.

O aeroporto de Hong Kong suspendeu nesta terça-feira o check-in de passageiros após novas manifestações pró-democracia, depois do caos provocado na véspera pelo cancelamento de centenas de voos, situação que levou a chefe de Governo local a denunciar o risco de um "caminho sem retorno" para a cidade.

No quinto dia de uma mobilização sem precedentes no oitavo aeroporto de maior movimento do planeta, os manifestantes ampliaram o protesto e bloquearam os corredores que levam às zonas de embarque dos dois terminais. As autoridades aeroportuárias decidiram cancelar todos os procedimentos de check-in.

"As operações nos terminais do aeroporto internacional de Hong Kong foram seriamente perturbadas por uma concentração pública", anunciou a direção do local em um comunicado, no qual anunciaram a suspensão dos registros de passageiros à tarde.

Na segunda-feira, o aeroporto anunciou a decisão inusual de cancelar centenas de voos, em consequência das manifestações. E embora os pousos e decolagens tenham sido retomados por algumas horas nesta terça-feira, milhares passageiros foram afetados.

Ao mesmo tempo, a China fez a advertência mais dura desde o início da mobilização há 10 semanas, com vídeos divulgados pela imprensa estatal que mostram o deslocamento das forças de segurança até a fronteira com a região semiautônoma.

"Um caminho sem retorno"

A ex-colônia britânica enfrenta a crise política mais grave desde sua devolução à China em 1997. Iniciada pela rejeição a um projeto de lei que autorizaria extradições para a China, a mobilização de Hong Kong ampliou as reivindicações para denunciar um retrocesso nas liberdades e uma interferência da China.

O movimento, cada vez mais afetado por confrontos entre radicais e a polícia, representa um desafio inédito para o governo central, que na segunda-feira disse observar "sinais de terrorismo".

A chefe de Governo de Hong Kong - que é designada por Pequim -, Carrie Lam, alertou nesta terça-feira para as consequências perigosas para a cidade, uma das capitais mundiais das finanças.

"A violência, seja seu uso ou sua justificação, levará Hong Kong por um caminho sem retorno e afundará sua sociedade em uma situação muito preocupante e perigosa", disse Lam em entrevista coletiva.

"A situação em Hong Kong durante a semana passada me fez temer que tenhamos chegado a esta perigosa situação".

"Volto a pedir a vocês que deixem de lado suas divergências e se acalmem. Reflitam e pensem em nossa cidade, no nosso lar. Realmente querem nos levar ao abismo?", questionou Lam com a voz embargada.

Ao mesmo tempo, a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, expressou nesta terça-feira sua preocupação com a repressão das manifestações em Hong Kong e pediu uma "investigação imparcial" na ex-colônia britânica.

Bachelet "condena qualquer forma de violência (...) e exige que as autoridades de Hong Kong iniciem uma investigação rápida, independente e imparcial" sobre o comportamento das forças de segurança, afirmou o porta-voz da Alta Comissária, Rupert Colville.

Zona internacional bloqueada

O aeroporto se tornou o centro das atenções desde sexta-feira, quando os manifestantes iniciaram os protestos no local para tentar sensibilizar os estrangeiros a sua causa.

A ação ganhou uma nova dimensão na segunda-feira, com o aumento do número de participantes - mais de 5.000 - e depois que vários deles entraram na área de embarque. Até então os ativistas haviam permanecido nos terminais de desembarque para não perturbar as operações.

Na manhã desta terça-feira, o tráfego foi retomado progressivamente, mas a situação piorou durante a tarde com o retorno de milhares de manifestantes, a grande maioria vestidos de preto, a cor símbolo do movimento.

Os manifestantes bloquearam os acessos a um elevador e a uma escada rolante com os carrinhos para transporte de malas na área de controle de segurança.

"Olho por olho"

Os ativistas voltaram a exibir diversos cartazes, alguns deles com a frase "olho por olho".

Este foi o lema adotado para o protesto depois que uma mulher sofreu uma grave lesão no rosto, que teria provocado a perda da visão em um olho durante um protesto no domingo, o que resultou em novos confrontos.

A imprensa estatal chinesa chamou os manifestantes de "gângsteres" e ameaçaram com o fantasma de uma intervenção das forças de segurança.

Os jornais Diário do Povo e Global Times, diretamente ligados ao Partido Comunista, divulgaram vídeos que mostram blindados de transporte de tropas seguindo até Shenzhen, metrópole na fronteira com Hong Kong.

 

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