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Abbas diz não temer represália de Israel

Negociador palestino, Saeb Erakat, se reuniu durante a tarde desta sexta com mediador americano, Martin Indyk, segundo informações de fontes palestinas


	Mahmud Abbas, presidente palestino: autoridades israelenses estão irritadas com a decisão de Abbas de aderir a 15 convenções e tratados internacionais
 (Yasser Al-Zayyat/AFP)

Mahmud Abbas, presidente palestino: autoridades israelenses estão irritadas com a decisão de Abbas de aderir a 15 convenções e tratados internacionais (Yasser Al-Zayyat/AFP)

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Da Redação

Publicado em 4 de abril de 2014 às 18h43.

O presidente palestino, Mahmud Abbas, minimizou as ameaças de sanções a Israel, em represália à decisão palestina de aderir a instâncias internacionais, enquanto o secretário de Estado John Kerry considerou a possibilidade de os Estados Unidos se retirarem do processo de paz.

O negociador palestino, Saeb Erakat, se reuniu durante a tarde desta sexta-feira com o mediador americano, Martin Indyk, segundo informações de fontes palestinas.

Ao mesmo tempo, o secretário de Estado americano, John Kerry, advertiu que vai avaliar com o presidente Barack Obama as próximas etapas das negociações de paz e disse que chegou a hora de "fazer um balanço".

Depois de nove meses de esforços, Kerry admitiu na quinta-feira que o processo de paz atravessa "um momento crítico" e pediu às duas partes um "compromisso decisivo para poder avançar".

As autoridades israelenses estão irritadas com a decisão de Abbas de aderir a 15 convenções e tratados internacionais. O pedido de adesão foi anunciado depois que Israel se negou a libertar um último contingente de prisioneiros em 29 de março, estipulado na iniciativa de paz promovida por Kerry.

Abbas defendeu a decisão em uma conversa por telefone com Kerry na quinta-feira à noite.

Segundo uma fonte palestina, o secretário de Estado pediu a Abbas que renuncie às demandas de adesão, mas o presidente "afirmou que não recuará na assinatura de acordos internacionais", a começar pelas Convenções de Genebra sobre Proteção de Civis, assinadas na terça-feira e enviadas a ONU, Suíça e Holanda, países avalistas dos textos.

Kerry advertiu para as ameaças israelenses, mas Abbas respondeu que estas "já não provocam medo em ninguém", segundo a fonte palestina.


Represália israelense

Nesta sexta-feira, 1.500 palestinos protestaram diante da prisão israelense de Ofer, perto de Ramallah, Cisjordânia, para exigir a libertação dos palestinos que deveriam ter deixado o local em 29 de março, medida cancelada por Israel.

Oito palestinos ficaram feridos por tiros disparados por soldados israelenses, segundo fontes médicas.

Em reação às demandas palestinas, o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e o ministro da Defesa, Moshe Yaalon, pediram na quarta-feira ao comandante militar para os territórios palestinos, general Yoav Mordechai, que apresente medidas para castigar os palestinos, afirma o jornal Haaretz.

Segundo uma fonte do governo citada pelo Haaretz, as autoridades israelenses pretendem suspender a autorização concedida à operadora de telefonia móvel palestina Wataniya para que desenvolva uma estrutura na Faixa de Gaza.

Também pretendem restringir as atividades dos palestinos na zona C da Cisjordânia ocupada, onde existem colônias e onde Israel exerce um controle civil e militar pleno, destaca a imprensa.

Israel planeja ainda um novo bloqueio da transferência dos impostos cobrados por Israel mas correspondentes à Autoridade Palestina, liderada por Mahmud Abbas.

Essa sanção foi adotada em dezembro de 2012, depois que ONU concedeu o status de Estado membro observador à Palestina.

Em um gesto interpretado como uma represália, o Ministério israelense do Interior anunciou a aprovação de um polêmico projeto de construção de um museu arqueológico no bairro palestino de Silwan, em Jerusalém Oriental anexada.

O Parlamento de Israel se reunirá na segunda-feira para debater os problemas nas negociações.


"Chantagens e pressões"

Apesar da crise, o jornal Yediot Aharonot afirma que os líderes israelenses não descartam a possibilidade de que os obstáculos sejam superados antes de 29 de abril, data limite das atuais negociações.

Mas para Yaser Abed Rabo, dirigente da Organização para Libertação da Palestina (OLP), é necessário "mudar radicalmente" as condições de qualquer negociação futura.

Abed Rabo denunciou uma "política constante de chantagem e pressões" de Israel.

Kerry afirmou nesta sexta-feira que vai analisar com o presidente Barack Obama as próximas etapas da negociação, mas advertiu os dois lados que o tempo de Washington para a questão "tem limites".

Uma porta-voz do Departamento de Estado, Marie Harf, minimizou as declarações, insistindo que os Estados Unidos continuam comprometidos com as negociações. "Seguimos negociando. Até que cheguemos ao fim do processo, cada um deve estar atento a não fazer previsões sobre o que está por vir".

Para o líder da oposição israelense, o trabalhista Yitzhak Herzog, o comportamento das duas partes é próprio de "um jardim de infância" e alertou que seria perigoso um desinteresse dos Estados Unidos pelo processo de paz.

Na madrugada desta sexta-feira, o Exército israelense respondeu com cinco ataques aéreos a Gaza ao lançamento de vários foguetes a partir desse território, que caíram no sul de Israel sem provocar danos ou deixar vítimas.

As ações na área palestina também não causaram maiores estragos.

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