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A última eleição de Chávez

Embora Hugo Chávez tenha morrido há mais de um mês, neste domingo, o comandante vai encarar simbolicamente seus últimos eventos políticos na Venezuela

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 13 de abril de 2013 às 12h35.

Sua voz gravada e ressonante e sua imagem nos cartazes sempre acompanham o candidato governista Nicolás Maduro nos comícios. Embora Hugo Chávez tenha morrido há mais de um mês, neste domingo, o comandante vai encarar simbolicamente seus últimos eventos políticos na Venezuela , que serão marcados por ovações e tributos ao seu legado.

A disputa eleitoral será entre Maduro, presidente interino, e o líder da oposição Henrique Capriles, mas "esta foi uma campanha, na qual Chávez também esteve como candidato do governo", disse o cientista político e escritor Manuel Felipe Sierra à AFP.

Nos mais recentes comícios de Maduro, a voz de Chávez era ouvida em alto-falantes, entoando o hino nacional "Pátria querida", ou expressando seu último desejo político poucos meses antes de morrer de um câncer: "Elejam Nicolás Maduro como presidente da República Bolivariana de Venezuela, eu lhes peço de coração", exclamou em dezembro, em uma de suas últimas aparições.

Desde antes do início da campanha, em 2 de abril, as multidões que vêm acompanhando Maduro se comovem até as lágrimas cada vez que ouvem ou veem vídeos de Chávez. Sua imagem também continua estampada nos muros das ruas de Caracas e aparece com frequência no canal oficial VTV.

Todos esses recursos "servem para manter a aderência mística a Chávez e aumentar o moral nas filas chavistas" para que votem em seu herdeiro, explica Sierra, destacando que era "óbvio" o uso da figura do líder carismático com a proximidade de sua morte e porque ele é "a grande figura do chavismo".

Essa estratégia "procura mantê-lo na memória dos eleitores e, desse modo, afirmar, fincar neles o mandato que o presidente deixou em seu último discurso de dezembro", concordou o cientista político e diretor da consultoria Polity, John Magdaleno.

O falecido governante, que chegou ao poder em 1999, também inspira os discursos nos eventos governistas: "Chávez para sempre, Maduro presidente!", ou "Chávez, eu juro, meu voto é 'pra' Maduro!", gritam os militantes.

Assim, "em termos simbólicos esta é a última eleição de Chávez. Independentemente do que acontecer, o país vira uma página, um novo cenário onde Chávez continuará sendo uma figura-chave do chavismo, mas a política nacional, ganhe Maduro ou Capriles, será diferente", insiste o escritor Sierra, autor de vários livros sobre a realidade política venezulana, entre eles "Los Hilos del Poder".

"Agora, na prática, o candidato é Maduro, mas simbolicamente a qual candidato se apela, qual figura está presente, a qual referente se recorre com bastante repetição? A Chávez", completa Magdaleno.

Diante da inclusão tão intensa de Chávez na disputa, Capriles, pela segunda vez candidato da coalizão opositora MUD após perder no pleito presidencial de outubro para Chávez, criticou o governo por usar a figura do ex-presidente para alavancar a candidatura de Maduro.

Minimizando as considerações da oposição, o interino lamentou não ter citado o mentor "um milhão de vezes" em seus discursos e se proclamou "filho e apóstolo de Chávez". Maduro acompanha o projeto político chavista desde a década de 1990.

Chanceler por seis anos, ex-sindicalista do Metrô de Caracas e ex-motorista de ônibus, Maduro não tem o carisma do falecido presidente, o qual lhe permitiu cultivar milhões de seguidores.

Essa popularidade foi um dos motivos para obter vitórias fundamentais para construir seu "socialismo bolivariano", nas mais de dez eleições durante seus 14 anos de governo.

Para o cientista político Farith Fraija, "fundamentalmente, o impacto que se busca e que a campanha governista conseguiu é que se entenda que Maduro é a garantia de poder continuar e aprofundar o processo bolivariano" iniciado por Chávez.

"O valor da lealdade do militante comprometido com esse processo eleitoral tem muito significado, porque é a lealdade com um legado", acrescentou Fraija, professor do Instituto de Altos Estudos de Controle Fiscal e Auditorias do Estado.

Já para Sierra, a campanha de Maduro também precisa se apoiar na lealdade que Chávez desperta em seus seguidores, porque "nunca foi candidato presidencial, enquanto Capriles está sendo pela segunda vez".

Além disso, "Maduro não foi eleito em eleições populares" para cargos executivos (foi duas vezes eleito deputado, em 2000 e 2005), "enquanto Capriles foi eleito e reeleito como prefeito e como governador" do estado de Miranda (norte), acrescentou o analista.

Em futuras eleições, "vai-se recorrer a Chávez como um símbolo muito relevante, como um ícone da revolução na América Latina, será reivindicado por setores de esquerda, mas o tempo se encarregará de dimensionar e de ajustar o verdadeiro significado do presidente Chávez e seu lugar nas disputas eleitorais", concluiu Magdaleno.

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A disputa eleitoral será entre Maduro, presidente interino, e o líder da oposição Henrique Capriles, mas "esta foi uma campanha, na qual Chávez também esteve como candidato do governo", disse o cientista político e escritor Manuel Felipe Sierra à AFP.

Nos mais recentes comícios de Maduro, a voz de Chávez era ouvida em alto-falantes, entoando o hino nacional "Pátria querida", ou expressando seu último desejo político poucos meses antes de morrer de um câncer: "Elejam Nicolás Maduro como presidente da República Bolivariana de Venezuela, eu lhes peço de coração", exclamou em dezembro, em uma de suas últimas aparições.

Desde antes do início da campanha, em 2 de abril, as multidões que vêm acompanhando Maduro se comovem até as lágrimas cada vez que ouvem ou veem vídeos de Chávez. Sua imagem também continua estampada nos muros das ruas de Caracas e aparece com frequência no canal oficial VTV.

Todos esses recursos "servem para manter a aderência mística a Chávez e aumentar o moral nas filas chavistas" para que votem em seu herdeiro, explica Sierra, destacando que era "óbvio" o uso da figura do líder carismático com a proximidade de sua morte e porque ele é "a grande figura do chavismo".

Essa estratégia "procura mantê-lo na memória dos eleitores e, desse modo, afirmar, fincar neles o mandato que o presidente deixou em seu último discurso de dezembro", concordou o cientista político e diretor da consultoria Polity, John Magdaleno.

O falecido governante, que chegou ao poder em 1999, também inspira os discursos nos eventos governistas: "Chávez para sempre, Maduro presidente!", ou "Chávez, eu juro, meu voto é 'pra' Maduro!", gritam os militantes.

Assim, "em termos simbólicos esta é a última eleição de Chávez. Independentemente do que acontecer, o país vira uma página, um novo cenário onde Chávez continuará sendo uma figura-chave do chavismo, mas a política nacional, ganhe Maduro ou Capriles, será diferente", insiste o escritor Sierra, autor de vários livros sobre a realidade política venezulana, entre eles "Los Hilos del Poder".

"Agora, na prática, o candidato é Maduro, mas simbolicamente a qual candidato se apela, qual figura está presente, a qual referente se recorre com bastante repetição? A Chávez", completa Magdaleno.

Diante da inclusão tão intensa de Chávez na disputa, Capriles, pela segunda vez candidato da coalizão opositora MUD após perder no pleito presidencial de outubro para Chávez, criticou o governo por usar a figura do ex-presidente para alavancar a candidatura de Maduro.

Minimizando as considerações da oposição, o interino lamentou não ter citado o mentor "um milhão de vezes" em seus discursos e se proclamou "filho e apóstolo de Chávez". Maduro acompanha o projeto político chavista desde a década de 1990.

Chanceler por seis anos, ex-sindicalista do Metrô de Caracas e ex-motorista de ônibus, Maduro não tem o carisma do falecido presidente, o qual lhe permitiu cultivar milhões de seguidores.

Essa popularidade foi um dos motivos para obter vitórias fundamentais para construir seu "socialismo bolivariano", nas mais de dez eleições durante seus 14 anos de governo.

Para o cientista político Farith Fraija, "fundamentalmente, o impacto que se busca e que a campanha governista conseguiu é que se entenda que Maduro é a garantia de poder continuar e aprofundar o processo bolivariano" iniciado por Chávez.

"O valor da lealdade do militante comprometido com esse processo eleitoral tem muito significado, porque é a lealdade com um legado", acrescentou Fraija, professor do Instituto de Altos Estudos de Controle Fiscal e Auditorias do Estado.

Já para Sierra, a campanha de Maduro também precisa se apoiar na lealdade que Chávez desperta em seus seguidores, porque "nunca foi candidato presidencial, enquanto Capriles está sendo pela segunda vez".

Além disso, "Maduro não foi eleito em eleições populares" para cargos executivos (foi duas vezes eleito deputado, em 2000 e 2005), "enquanto Capriles foi eleito e reeleito como prefeito e como governador" do estado de Miranda (norte), acrescentou o analista.

Em futuras eleições, "vai-se recorrer a Chávez como um símbolo muito relevante, como um ícone da revolução na América Latina, será reivindicado por setores de esquerda, mas o tempo se encarregará de dimensionar e de ajustar o verdadeiro significado do presidente Chávez e seu lugar nas disputas eleitorais", concluiu Magdaleno.

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