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América Latina deve ser protagonista da década

Líderes e empresários reunidos no Fórum Econômico apontam que a região pode se destacar nos próximos anos

A realização das Olimíadas e da Copa do Mundo vai fazer o mundo ficar de olho na América Latina (Ricardo Stuckert/Wikimedia Commons)

A realização das Olimíadas e da Copa do Mundo vai fazer o mundo ficar de olho na América Latina (Ricardo Stuckert/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 28 de abril de 2011 às 17h09.

Rio de Janeiro - As autoridades e empresários que participam nesta quinta-feira da 6ª edição do Fórum Econômico Mundial para a região América Latina concordaram que a região pode ser a grande protagonista mundial da década que inicia.

"América Latina foi um continente praticamente esquecido para o mundo no século 20, mas agora ninguém ignora que esta é a década da América Latina", afirmou o empresário britânico sir Martin Sorrell, co-presidente do Fórum Econômico Mundial para a América Latina, em entrevista coletiva.

Os líderes políticos e empresariais que assistiram aos primeiros debates destacaram que, após as décadas perdidas do século 20 e depois de ter crescido quase 6% no ano passado, quando o mundo desenvolvido estava mergulhado em uma profunda crise, a América Latina tem todas as condições para manter esse ciclo de crescimento na próxima década.

Entre essas condições destaque para estabilidade democrática e macroeconômica, e uma elevada oferta de minerais e alimentos, as matérias-primas de maior demanda no mundo atual.

Os especialistas citaram como condições que deixam a região em uma posição de vantagem na redução da pobreza, o aumento da renda e o surgimento de uma ampla classe média e jovem que se transformou em um mercado muito atraente.

"A pergunta que nos fazemos é esta é ou não a década da América Latina. Eu digo que há uma grande oportunidade para que a transformemos na década da América Latina", disse à Agência Efe o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno.

Para o funcionário, a oportunidade atual reflete os "silenciosos" avanços em políticas sociais e macroeconômicas alcançadas nos últimos anos pela região.

"Somos o hemisfério do futuro. Não temos conflitos nem problemas por diferenças religiosas. Temos uma população com 27 anos de idade de média e as matérias-primas que mais interessam ao mundo. Temos que aproveitar essa oportunidade", declarou Moreno.


O presidente do BID advertiu, no entanto, que a América Latina só poderá aproveitar a atual oportunidade se conseguir enfrentar desafios como a pressão inflacionária pela demanda mundial de matérias-primas da região e o elevado fluxo de investimentos que está desvalorizando as moedas locais.

Acrescentou que outros desafios que a América Latina tem de resolver com urgência são a universalização da educação e a capacitação da mão-de-obra.

"A economia do século 21 será baseada nos serviços e por isso não só temos que investir mais em educação, mas também em ciência e tecnologia", ressaltou Moreno, quem assinalou que os desafios da região "são agradáveis de enfrentar porque não têm a ver com crise nem com desemprego".

Segundo o presidente do construtor aeronáutico brasileiro Embraer, Frederico Fleury Curado, toda a América Latina tem agora a oportunidade de avançar ainda mais na melhoria das condições sociais da população.

O presidente mundial do Citigroup, Vikram Pandit, afirmou que a renda da população latino-americana cresceu tanto que criou um "bloco de consumo muito forte invejado por todas as empresas".

Segundo Sorrell, a realização da Copa do Mundo do Brasil em 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, também ajudam a concentrar os olhos do mundo na América Latina na próxima década.

"Não haverá eventos tão importantes no mundo nos próximos anos como os que teremos aqui. E esses eventos abrem oportunidades como às surgidas para a China quando organizou os Jogos Olímpicos de Pequim em 2008 e para a África do Sul com a Copa do Mundo de 2010", afirmou.

Sorrell também destacou que as multinacionais da região, entre as quais mencionou a Petrobras, a Vale e a Embraer, são empresas importantes para a região e para o mundo.

Para a sessão de abertura estava prevista a participação da presidente brasileira, Dilma Rousseff, mas a governante não compareceu e sua presença é esperada para esta sexta-feira, no último dia do Fórum.

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