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A hora da revolta: protestos atingem até monarquia budista na Ásia

Milhares de pessoas saem às ruas na Tailândia para pedir reformas estruturantes; protestos também acontecem no Iraque e Bielorrússia

Milhares de pessoas se reuniram em Bangcoc, na Tailândia, em protestos contra o governo (Jonas Gratzer/LightRocket/Getty Images)
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Carla Aranha

Publicado em 17 de agosto de 2020 às 14h07.

Última atualização em 17 de agosto de 2020 às 15h10.

A semana começa com manifestações em vários países, da Europa à Ásia. Neste domingo, 16, cerca de 10.000 pessoas se reuniram em Bangcoc, na Tailândia , para protestar contra o governo do general Prayut Chan-o-cha, que deu um golpe em 2014.

A realeza da Tailândia continua sendo reverenciada, mas a massa de jovens que saíram às ruas no domingo também pede uma reforma da monarquia, assim como das estruturas de poder em geral.

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Logo depois de tomar o poder, os militares baniram encontros com mais de cinco pessoas na rua. Centenas de ativistas foram presos. Chan-o-cha também reforçou o cumprimento da lei que proíbe críticas à família real. Falar mal da rainha, do rei ou de outros membros da família real pode resultar em até 15 anos de prisão.

No ano passado, foram realizadas eleições presidenciais, mas a população desconfia que houve fraude — segundo o governo, o general Cha-o-chan obteve a maioria absoluta dos votos.

A monarquia não tem se pronunciado. Na Tailândia, onde há mais de 30.000 templos budistas, a família real é vista como representante do poder divino.

O rei Bhumibol Adulyadej, morto em 2016, era reverenciado pela maioria dos tailandeses. Seu filho, Maha Vajiralongkorn, coroado em 2019, não desfruta do mesmo prestígio.

No dia 10 deste mês, estudantes se reuniram na Universidade de Thammasat, em Bangcoc, para protestar contra o governo e a monarquia. Eles fizeram uma lista de demandas de reformas estruturantes, que incluem a subordinação dos monarcas às leis da constituição. Desde então, os protestos vêm ganhando força.

Bielorrússia

O país governado pelo mesmo presidente há 26 anos também cansou de se submeter ao sistema. O presidente Alexander Lukachenko tem se visto cada vez mais na berlinda. No domingo, um protesto com 100.000 pessoas em Minsk, a capital, pediu expressamente a renúncia do governante.

Nesta segunda, 17, várias empresas entraram em greve, inclusive as estatais. Pressionado, Lukachenko disse que concorda em dividir o poder com outras facções políticas. O governante, no entanto, telefonou para o presidente russo, Vladimir Putin, para pedir seu apoio.

Diante da possibilidade do envio de tropas russas ao país, a União Europeia decidiu convocar uma reunião de emergência, programada para esta quarta-feira, 19. A intenção é discutir alternativas democráticas para a Bielorrússia e conter um eventual apoio de Putin ao governo ditatorial do país vizinho — ambos são aliados de longa data.

Iraque

Um verão escaldante, com temperaturas na casa dos 50º C, vem turbinando uma nova onda de protestos no país.

Desde o ano passado, os iraquianos estão saindo às ruas para pedir a formação de um governo composto de técnicos, e não facções políticas e milícias que se revezam no poder. Mesmo sendo um dos maiores produtores de petróleo no mundo, o Iraque não consegue prover a infraestrutura básica para a população.

São comuns os cortes de energia elétrica, principalmente no verão, quando mais pessoas usam o ar-condicionado. O fornecimento de energia não é suficiente para atender às necessidades da população — em geral, mesmo no inverno, a eletricidade cai pelo menos umas oito vezes por dia.

No verão do ano passado, chegou a faltar também água potável nas cidades do Sul do país, mais castigadas pelo tempo seco e o calor.

Os manifestantes também clamam por reformas políticas e econômicas. “A corrupção chega a níveis estratosféricos e os governantes não pensam em estratégias capazes de criar mais empregos e levar serviços básicos à população”, diz o engenheiro Omar Jaboori, de 38 anos.

O problema é que os manifestantes por vezes são recebidos à bala. Em 2019, dezenas de jovens foram mortos nos protestos. “Mesmo assim, não vamos desistir”, diz Jaboori.

 

 

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