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A cada 40 segundos, uma pessoa se suicida, diz OMS

Cerca de 800 mil pessoas se suicidam todos os anos no mundo, uma cifra maior que as vítimas de guerra ou de catástrofes naturais, segundo a OMS

Homem manuseia revólver: Brasil é o oitavo país com mais suicídios registrados (REUTERS/ Michelle McLoughlin)
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Da Redação

Publicado em 4 de setembro de 2014 às 13h48.

Genebra - Cerca de 800.000 pessoas se suicidam todos os anos no mundo, ou seja, uma pessoa tira a própria vida a cada 40 segundos, uma cifra maior que as vítimas de guerra ou de catástrofes naturais, segundo a Organização Mundial da Saúde ( OMS ).

O Brasil é o oitavo país com mais suicídios registrados.

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Para a OMS, a extensão deste fenômeno é inaceitável.

A maioria das pessoas que cometem suicídio tem mais de 50 anos e o suicídio afeta duas vezes mais os homens do que as mulheres, de acordo com este relatório da OMS publicado nesta quinta-feira em Genebra, o primeiro de seu tipo.

O sudeste da Ásia também é a região mais afetada do que o resto do planeta, em contraste com países católicos tradicionais, como a Itália.

Cerca de 1,5 milhão de pessoas morre a cada ano de morte violenta, incluindo os 800.000 de suicídio, segundo os autores do estudo.

"Estes números são inaceitáveis porque o suicídio pode ser evitado por uma política de prevenção", declara Shekar Saxena, diretor de Saúde Mental da OMS, ao apresentar o relatório à imprensa nesta quinta-feira.

Tabu

Além disso, o relatório aponta que o suicídio é a segunda causa de morte entre jovens entre 15 e 29 anos.

O consumo de pesticidas, o enforcamento e as armas de fogo são os métodos mais comuns de suicídio.

No Brasil, o oitavo país com mais suicídios, em 2012 foram registrados 11.821 mortes, sendo 9.918 de homens e 2.623 de mulheres, uma taxa de 6% para cada 100.000.

Na França, em 2012, 10.093 pessoas cometeram suicídio, incluindo 7.475 homens e 2.618 mulheres. A taxa de suicídio é de 12,3 por 100.000 habitantes, superior à média mundial de 11,4.

"São necessárias medidas para lidar com um sério problema de saúde pública que permaneceu um tabu por muito tempo", ressalta a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, que também indica que esse ato desesperado pode ser evitado.

A agência da ONU defende, de fato, uma estratégia abrangente para a prevenção do suicídio, porque muitas pessoas que tiram suas próprias vidas não recebem a ajuda de que necessitam.

A maior taxa de suicídio é no sudeste da Ásia, com uma taxa de 17,7 por 100.000 habitantes, superior à média mundial de 11,4 por 100 mil.

Também na Europa a taxa de suicídio (12%) é superior à média global, com 35.000 vítimas relatadas.

Seis países europeus estão entre os 20 países mais afetados por este flagelo.

Belarus teve a taxa mais elevada da Europa em 2000 (35,5%). Em 2012, a taxa caiu para 18,3.

A Lituânia em 2012 teve uma taxa de 28,2, a Rússia de 19,5, a Hungria de 19,1, a Ucrânia 16,8, a Polônia 16,6, a Letônia 16,2, a Finlândia 14,8, e a Bélgica 14,2.

Em países de tradição católica como a Itália (4,7) e a Espanha (5,1) registram taxas significativamente mais baixas.

A Guiana carrega o recorde mundial de suicídios com uma taxa de 44,2, seguida pela Coreia do Norte, com 38,5.

A taxa de suicídio mais baixa é da Arábia Saudita, com apenas 0,4.

O objetivo traçado pela OMS é reduzir em 10% a tavxa de suicídio em todos os países até 2020.

De acordo com a OMS, o suicídio e as tentativas são ainda considerados atos criminais em 25 países do mundo, principalmente na África e na América Latina.

Robin Williams

O relatório de quase 100 páginas tem como objetivo encorajar os países a tomar medidas para prevenir o suicídio e colocar a questão "na agenda".

Segundo a OMS, "intervenções e um tratamento eficaz e oportuno podem ajudar a prevenir o suicídio e as tentativas de suicídio".

A OMS também denuncia neste relatório a apresentação "sensacionalista" da imprensa de suicídios de personalidades famosas.

Os meios de comunicação, considera a especialista da OMS Alexandra Fleischmann, deveria evitar falar sobre suicídio, e privilegiar o termo "perda".

O professor Ella Arensman, presidente da Associação Internacional de Prevenção do Suicídio, diz, por sua vez, que recebeu várias mensagens após a cobertura da mídia do suicídio do ator Robin Williams, que tinham atravessado crises suicidas e que estavam a ponto de afundar.

O relatório da OMS não estuda a questão do suicídio assistido, como a Suíça autoriza. "Este é um fenômeno muito pequeno estatisticamente para ser incluído no estudo", justifica Saxena.

Na Suíça, foram registrados no ano passado 350 suicídios assistidos, através de organizações ad-hoc, como a Dignitas e Exit. A taxa de suicídio no país, excluindo o suicídio assistido foi de 12,2 por 100.000 habitantes.

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