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4 pontos espinhosos do Código Florestal que não agradam nada a Dilma Rousseff

Presidente tem até o dia 25 para decidir sobre sanção ou veto à nova lei florestal brasileira

Texto aprovado pelos deputados – de contornos mais ruralista – tem sabor amargo para o governo, que preferia a versão saída do Senado, considerada mais “equilibrada" (Antonio Cruz/ABr)

Texto aprovado pelos deputados – de contornos mais ruralista – tem sabor amargo para o governo, que preferia a versão saída do Senado, considerada mais “equilibrada" (Antonio Cruz/ABr)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 23 de maio de 2012 às 11h43.

São Paulo – A menos de três dias para o término do prazo que a presidente Dilma Rousseff tem para sancionar o novo Código Florestal, não faltam palpites sobre a decisão que em breve sairá do Planalto. Nesta segunda, a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, disse que a presidente vai vetar parte do texto, mas não mencionou a extensão do ato. Carlos Minc, ex-ministro do Meio Ambiente e atual secretário do Ambiente no Rio, foi além, afirmando que Dilma deverá vetar "algo como 12 ou 14 artigos" do Código Florestal aprovado na Câmara.

Da parte da presidente, predomina o silêncio de quem realiza uma análise minuciosa do documento. Não há dúvidas, no entanto, que o texto aprovado pelos deputados – de contorno mais ruralista – tem sabor amargo para o governo, que preferia a versão saída do Senado, considerada mais “equilibrada”. Confira a seguir 4 pontos espinhosos da nova redação da lei que não atendem às expectativas da presidência e que podem ser vetados:

Recomposição de áreas desmatadas

A diminuição do limite de recuperação de vegetação em áreas de preservação permanente (APPs) é um dos pontos de tensão. O novo Código Florestal estabelece que propriedades rurais localizadas próximas a pequenos rios, de até 10 metros de largura, terão de recuperar uma faixa de 15 metros em cada margem.

Porém, o texto não contempla regras de recomposição de mata para propriedades agrícolas em rios mais largos - ao contrário do texto do Senado, que previa a obrigatoriedade de recomposição de uma faixa de mata entre 30 e 100 metros para rios com mais de 10 metros de largura. Em vez disso, transfere para os Estados a responsabilidade pelas regras de reflorestamento nas margens de rios com mais de dez metros de largura.

Redução de áreas protegidas

O novo Código Florestal retirou a proteção dos apicuns e salgados, locais próximos à praia onde é feita, por exemplo, a carcinicultura (produção de camarão). Segundo o texto, essas regiões deixaram de ser classificadas como APPs, perdendo a proteção legal. O problema, segundo ambientalistas, é que o apicum e o salgado são considerados como pertencentes ao ecossistema manguezal, e, portanto, desempenham papel fundamental na preservação do bioma.


Outra proposta aprovada no novo Código Florestal pelos deputados que também gera grande desconforto é a possibilidade de liberar áreas de encostas e morros para a atividade agropecuária, regiões consideradas sensíveis pela instabilidade e que podem ficar mais suscetíveis a erosões.

Concessão de crédito para “irregulares”

Também ficaram de fora do texto aprovado na Câmara as punições para os proprietários de terra e agricultores que descumprirem o prazo de regularização ambiental de cinco anos, a partir da publicação da lei. Mais, o texto alterado pelo deputado Paulo Piau retirou um artigo que impedia a concessão de crédito agrícola àqueles que não regularizassem seus imóveis dentro do prazo.

“Anistia” a desmatadores

O texto do novo Código Florestal aprovado pela Câmara suspende multas e sanções administrativas ao produtor que desmatou até julho de 2008, mediante inscrição no Cadastro Ambiental Rural e adesão ao programa de regularização fundiária.

Ainda, segundo o novo texto, imóveis rurais de até 4 módulos fiscais (de 20 a 440 hectares, dependendo da região) ficarão desobrigados de recompor regiões desmatadas em Reserva Legal até julho de 2008. Na prática, essa desobrigação dispensa a maioria das propriedades rurais do país, já que mais de 90% dos imóveis possuem até quatro módulos fiscais.

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