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2017 será repleto de simbolismos para Israel e Palestina

Em ano marcado por datas importantes, cada parte tentará reafirmar suas posturas e buscar apoios para sua causa

Homem segura uma bandeira de Israel com as cores da Palestina em manifestação contra  novas medidas de austeridade fiscal que devem ser incluídas no projeto de orçamento em Tel Aviv (Amir Cohen/Reuters)

Homem segura uma bandeira de Israel com as cores da Palestina em manifestação contra novas medidas de austeridade fiscal que devem ser incluídas no projeto de orçamento em Tel Aviv (Amir Cohen/Reuters)

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EFE

Publicado em 10 de janeiro de 2017 às 10h38.

Jerusalém - O ano de 2017 estará carregado de simbolismo em Israel e na Palestina, com aniversários de fatos que marcaram região: 100 anos da Declaração de Balfour, 70 anos do plano da ONU de partilha da Palestina, 50 anos da ocupação da Faixa de Gaza por Israel, 30 anos da Primeira Intifada e 10 anos da divisão palestina e do bloqueio a Gaza.

Nesse cenário, cada parte tentará reafirmar suas posturas e buscar apoios para sua causa com estas datas, que podem aumentar ainda mais a tensão na região.

Os palestinos anunciaram uma campanha durante todo o ano pelo centenário da Declaração de Balfour, que consideram prova da responsabilidade da comunidade internacional pelo início do conflito, o exílio e usurpação de seu povo.

Trata-se da carta que, em 2 de novembro de 1917, o então ministro das Relações Exteriores britânico, Arthur James Balfour, escreveu a um líder do movimento sionista, Lorde Rothschild, apoiando a criação de um Estado judeu no Oriente Médio.

Os palestinos veem nesse texto "a essência de um projeto colonial" que décadas mais tarde levaria pela frente boa parte de sua terra e forçaria o exílio de mais de meio milhão de refugiados que hoje, junto com seus descendentes, são mais de cinco milhões.

"O governo de Vossa Majestade contempla favoravelmente o estabelecimento na Palestina de um lar nacional para o povo judeu", rezava a breve carta, que para o incipiente movimento sionista representou o primeiro reconhecimento de uma grande potência à sua aspiração de criar um Estado.

Balfour estabeleceu as bases para outra das datas que serão lembradas este ano: a Resolução de Partilha da ONU, aprovada três décadas depois, em 29 de novembro de 1947, e que dividia a Palestina sob mandato britânico em duas partes, uma para Israel e outra para a Palestina, com Jerusalém sob controle internacional.

Esse texto foi a grande conquista do sionismo e, do outro lado, a grande catástrofe para a população palestina, especialmente a que vivia nas áreas que passaram a fazer parte do novo país.

A aprovação da resolução 181 se deu com 33 votos a favor, 13 contra e dez abstenções, e resultou em revoltas e violência, além da declaração da independência de Israel, em 14 de maio de 1948.

No dia seguinte, teve início a guerra árabe-israelense, que deixou a região dividida em três: Israel, Gaza controlada pelo Egito e Cisjordânia junto com Jerusalém Oriental sob o comando da Jordânia, que a anexou mais tarde em uma decisão não reconhecida internacionalmente.

O controle jordaniano e egípcio deu fim à outra das efemérides deste ano: a Guerra dos Seis Dias, de 5 a 11 de junho de 1967, que representou o começo da ocupação dos territórios palestinos, das Colinas de Golã sírias, do Sinai egípcio e de Jerusalém Oriental.

As autoridades israelenses comemoram este ano a data como a reunificação de Jerusalém, que consideram desde então sua capital eterna e indivisível e cuja parte ocupada seria anexada anos depois (1980), em outra decisão não reconhecida pela comunidade internacional.

As celebrações oficiais dos 50 anos da reunificação começaram há algumas semanas, com a inauguração de um túnel na parte oriental da cidade, onde a ministra de Cultura de Israel, Miri Regev, reafirmou a conexão judaica com esta terra.

Duas décadas depois do início da ocupação e 40 anos após o plano de partilha, a explosiva situação na região derivou em 8 de dezembro de 1987 na Primeira Intifada, na qual pedras foram a principal arma do levante popular palestino que durou seis anos e no qual morreram mais de dois mil palestinos e 160 israelenses.

Dias mais tarde, nesse mesmo ano, em 14 de dezembro, nasceu o movimento islamita Hamas, com influência da Irmandade Muçulmana egípcia e que se tornou um dos principais motores do que uns chamam de resistência e outros de terrorismo.

O movimento, que completa 30 anos em 2017, foi declarado grupo terrorista pela União Europeia, pelos Estados Unidos e outros países.

A ascensão do Hamas e sua vitória eleitoral em 2006 levaram a outro evento fundamental: a divisão política palestina, uma separação feroz do nacionalista Fatah e do islamita Hamas, que chegaram a se enfrentar em um conflito armado seguido de uma década de divisão territorial de fato entre Gaza e Cisjordânia.

A tomada de poder do Hamas na Faixa levou a outro fato que completa dez anos: a imposição por Israel de um ferrenho bloqueio por terra, mar e ar que isola o território e asfixia sua economia.

Assim, 2017 será um ano de lembranças que marcam a tragédia de uma região que, um século depois, nutre poucas esperanças de conseguir uma paz duradoura.

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