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Dólar a R$ 5,46: Segundo operadores, o mercado mantém a percepção de risco criada pelas mudanças no cenário eleitoral (Money Still Life/Getty Images)
Repórter de Mercados
Publicado em 11 de dezembro de 2025 às 08h43.
Última atualização em 11 de dezembro de 2025 às 11h11.
O saldo da última Super Quarta do ano foi a manutenção da taxa Selic no Brasil e o corte dos Juros nos Estados Unidos. Por aqui, a taxa foi mantida em 15% ao ano pelo Copom (Comitê de Política Monetária) pela quarta reunião consecutiva. Nos EUA, o Fed (Federal Reserve) cortou os juros em 0,25 ponto percentual, levando a taxa para o intervalo de 3,5% a 3,75% ao ano.
O Banco Central reconheceu a desaceleração do PIB (Produto Interno Bruto) e a linguagem sobre a disposição em retomar os aumentos foi suavizada, sendo a estratégia de manter as taxas em um nível elevado reconhecida como contínua.
“Todos esses comentários foram inclinados para o lado dovish, mas o fato de o restante do comunicado não ter mudado, apesar do desenvolvimento favorável da perspectiva inflacionária, inclina a comunicação levemente para o lado hawkish", opina David Beker, chefe de economia para Brasil e de estratégia para América Latina do Bank of America.
Denomina-se dovish entre os analistas de mercado a postura de Banco Central favorável à redução ou manutenção de juros baixos para estimular a economia. Hawkish, por outro lado, é a postura mais rígida do BC para combater a inflação, priorizando o aumento das taxas de juros e a restrição monetária.
Com isso, o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos aumentou ainda mais, reforçando a atratividade do carry trade. Trata-se de uma estratégia comum em que investidores tomam empréstimos em países com juros mais baixos e aplicam esses recursos em países com juros mais altos.
Quando os juros nos EUA diminuem, torna-se ainda mais barato tomar dinheiro por lá. Com a manutenção ou taxas mais altas em outros países, como o Brasil, essa diferença se torna mais favorável para o investidor estrangeiro. “Isso leva o [investidor] gringo a injetar mais dólares no Brasil, comprando títulos públicos ou ações brasileiras. O aumento da oferta de dólares na economia brasileira faz com que o preço do dólar caia em relação ao real”, explica Otávio Oliveira da Silva, gerente de tesouraria do Banco Daycoval.
Nem mesmo a confirmação do terceiro corte de juros seguido nos EUA minimizou a aversão ao risco com o cenário eleitoral aqui no Brasil, com o dólar chegando a R$ 5,46 ontem. Segundo operadores, o mercado mantém a percepção de risco criada pelas mudanças no cenário eleitoral, com a confirmação da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à Presidência.
A leitura de mercado é que o avanço do filho do ex-presidente fragiliza a posição do governador Tarcísio de Freitas, nome até então visto como favorito entre agentes econômicos por sua capacidade de atrair o centro. Além disso, parte dos agentes financeiros também aponta maiores chances de reeleição do atual presidente Lula numa eventual disputa com Flávio.
“O índice DXY caiu na esteira da divulgação do Fed com a maioria das moedas globais se valorizando em relação ao dólar. No Brasil, porém, o câmbio se descola do alívio externo: o real segue pressionado pela busca de posições cambiais defensivas após o aumento das incertezas políticas com a confirmação da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro”, explicou Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.