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Petrobras tenta repassar custos à Braskem

Negociações para a renovação de contrato de fornecimento de nafta da Petrobras para a petroquímica Braskem estão emperradas


	Petrobras: o contrato firmado entre Petrobras e Braskem em 2009 previa que a estatal fornecesse 7 milhões de toneladas por ano de nafta para a petroquímica
 (Sergio Moraes/Reuters)

Petrobras: o contrato firmado entre Petrobras e Braskem em 2009 previa que a estatal fornecesse 7 milhões de toneladas por ano de nafta para a petroquímica (Sergio Moraes/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 9 de janeiro de 2014 às 18h19.

São Paulo - As negociações para a renovação de contrato de fornecimento de nafta da Petrobras para a petroquímica Braskem estão emperradas. A estatal propôs incluir no novo acordo, que entra em vigor no ano que vem, um custo adicional referente à importação desse insumo, segundo apurou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.

Estima-se que esse adicional poderia ser de aproximadamente 5% em relação aos valores praticados no contrato atual, válido de 2009 a 2014, o suficiente para eliminar a margem de lucro de parte da cadeia química que atua no País.

A nafta é o principal insumo utilizado pela cadeia petroquímica nacional, uma vez que a oferta de gás natural no País ainda é escassa ao setor.

Diversos pontos desse novo contrato, que deve somar mais de US$ 6 bilhões por ano, já foram equacionados entre as equipes de negociação das duas empresas. Mas a principal barreira, neste momento, está justamente nesse custo adicional que a Petrobras pretende impor à Braskem, um ônus que pode chegar à casa das centenas de milhões de dólares.

O contrato firmado entre Petrobras e Braskem em 2009 previa que a estatal fornecesse 7 milhões de toneladas por ano de nafta para a petroquímica. O volume representa cerca de 70% da demanda anual da Braskem, de 10 milhões de toneladas.

O Broadcast apurou que o impasse entre as partes teve origem na decisão tomada há quase dois anos pela estatal, ao adotar uma nova solução logística para atender a petroquímica.

O modelo proposto foi viabilizado a partir da importação. A medida, além de trazer ganhos logísticos, também permitia à Petrobras adequar suas operações a um cenário de crescente expansão do consumo doméstico de gasolina, que depende fortemente desse insumo para a sua produção.

Ao invés de dispor nafta de suas refinarias, a estatal passou a importar o insumo. Parte da nafta nacional, que anteriormente era vendida à Braskem, por sua vez, passou a ser utilizada na composição da gasolina.


A mudança, aceita pela Braskem àquela época - que tem entre seus controladores a própria Petrobras -, ganhou nova conotação agora, com o início das conversas para a renovação do contrato. Procurada, Petrobras não comenta o assunto. Em comunicado enviado ao Broadcast, a Braskem confirma que está em conversas com a Petrobras para a renovação do contrato de nafta e confia na evolução positiva dessa negociação, em benefício de toda a cadeia química.

A estatal importa a nafta a preços internacionais, mas adota uma fórmula para negociar o insumo no mercado interno, que não é divulgada. "A Petrobras passou a falar que estava importando nafta para atender a Braskem. E, agora, a empresa quer repassar uma conta que tem origem na política do governo para a gasolina", diz uma fonte a par das negociações que pediu para não ser identificada.

Demanda

A Petrobras destinou um volume maior de nafta para a gasolina, que registrou forte aumento de demanda nos últimos anos. Já a demanda por nafta no País para uso petroquímico ficou praticamente estável já que a última central petroquímica abastecida por nafta a ter sua capacidade ampliada foi a antiga Copesul, em 1999.

"Teríamos um esmagamento da margem do setor e quando isso acontece não há atração de investimentos", disse ontem (6) Marcos De Marchi, presidente da Elekeiroz, que pertence ao grupo Itaúsa, e vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Marcos De Marchi.

A dificuldade enfrentada pela indústria química, que deve fechar este ano com déficit comercial de US$ 32,2 bilhões, é fundamentada na estrutural falta de competitividade das fabricantes nacionais em alguns segmentos e do efeito provocado pela exploração do shale gas (gás de xisto) nos Estados Unidos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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