TRESemmé, da Unilever, se desculpa após campanha racista
Rede de farmácias na África do Sul, entre outras varejistas, fizeram boicote aos produtos da marca da Unilever
Tamires Vitorio
Publicado em 12 de setembro de 2020 às 16h45.
Última atualização em 12 de setembro de 2020 às 16h54.
A marca de cosméticos capilares americana TRESemmé, adquirida pela Unilever em 2010, se desculpou após uma campanha racista na África do Sul. No anúnciou, o cabelo de uma mulher negra era apontado como "seco", "prejudicado", "com frizz" e sem "brilho", enquanto o cabelo de uma modelo loira era apontado como "normal". O assunto gerou protestos na África do Sul, onde a campanha foi veiculada.
Na quarta-feira, 9, a Unilever e a TRESemmé emitiram um comunicado conjunto se desculpando pela situação. "A campanha foi feita para celebrar a beleza de todos os tipos de beleza em diferentes tipos de cabelo, mas fizemos isso de forma errada", afirmaram. "Estamos de olho na situação e como ela aconteceu e porque isso não foi um assunto abordado anteriormente e vamos tomar todos os passos necessários para ter certeza de que isso não vai acontecer novamente", finalizaram as companhias.
Segundo a agência de notícias Reuters, o anúncio foi veiculado no site da farmácia sul-africana Clicks, na sexta-feira, 4, mas foi retirado do ar após comentários nas redes sociais criticando a situação. Não se sabe se a propaganda foi veiculada em outro país.
Desde a última segunda-feira, 7, protestos têm acontecido em relação à campanha. Algumas lojas da farmácia têm sido bombardeadas e uma foi, inclusive, incendiada após os protestos.
Com tudo isso, a Click se comprometeu a não vender mais produtos da TRESemmé no futuro. Um executivo senior da rede farmacêutica saiu da empresa e outras duas pessoas foram suspensas por conta da situação.
Outras grandes varejistas da África do Sul também decidiram não vender mais os produtos da marca, como a Pick N Pay, a Woolworths e a Dischem.
A Unilever também tomou decisões drásticas e admitiu que a campanha promovia "estereótipos racistas". O diretor da campanha foi demitido e deixou o país, segundo a própria empresa em comunicado com a Economic Freedom Fighters (EFF), partido de oposição sul-africano e organizador dos protestos. O conglomerado também afirmou que retirará os produtos da TRESemmé de outras lojas sul-africanas como forma de "demonstração de nosso remorso pela imagem ofensiva e racista" e também prometeu doar 10.000 absorventes higiênicos e desinfetantes para ambientes informais.