Antonio Lucio, da Visa: Copa do Mundo ajuda a ampliar cobertura da América Latina, do Oriente Médio e da África (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 5 de abril de 2011 às 12h01.
São Paulo - No ano passado, os cartões de crédito, débito e pré-pagos Visa foram, junto com dinheiro, os únicos meios de pagamento aceitos nos estádios da Copa do Mundo da África do Sul. O mundial africano foi a estreia da Visa em Copas do Mundo.
Em 2007, a empresa americana se tornou uma das parceiras globais da FIFA até 2014. O apoio ao maior evento do futebol mundial se soma ao das Olimpíadas, que a empresa patrocina desde 1986.
Da sede da empresa em San Francisco, na Califórnia, o espanhol Antonio Lucio, diretor-executivo global de marketing da Visa, falou com EXAME por telefone sobre os eventos patrocinados pela empresa.
EXAME - Como a Visa avalia o resultado do investimento na Copa do Mundo da África do Sul?
Antonio Lucio - Foi excepcional. O mundial teve para a empresa um impacto global, já que pudemos comercializar o evento em 90 países ao redor do mundo. O Brasil foi um dos países nos quais tivemos os melhores resultados, com ações como a que desenvolvemos em conjunto com o Banco do Brasil e o Bradesco, pela qual emitimos cartões com motivos do mundial de futebol.
EXAME - O investimento em futebol, um esporte extremamente popular nos países da África e da América Latina, é uma forma de se aproximar dos mercados emergentes?
Antonio Lucio - Sem dúvida. Enquanto as Olimpíadas, que patrocinamos desde os anos 80, podem ser comercializadas principalmente nos Estados Unidos e outros países mais desenvolvidos, a Copa do Mundo nos ajuda a ampliar nossos horizontes na cobertura dos mercados emergentes da América Latina, Oriente Médio e África. O Brasil, por exemplo, é hoje o mercado mais importante para a Visa, excluindo os Estados Unidos.
EXAME - Nesse sentido, o mundial da África do Sul gerou resultado?
Antonio Lucio - Sim. No próprio país-sede, a África do Sul, conseguimos nos associar com 14 mil comerciantes e estabelecer alianças estratégicas com 200 centros comerciais. Isso permitiu expandir a aceitação do nosso produto e a aumentar o número de transações de pagamento eletrônico.
EXAME - A Visa começou a investir na Copa do Mundo com sede num país com um nível de desenvolvimento completamente diferente dos europeus, por exemplo. Vocês enfrentaram problemas na organização do mundial?
Antonio Lucio - Não tivemos nenhum tipo de problema, mas tenho que admitir que o processo de preparação para esse mundial foi muito extenso. Ele durou praticamente quatro anos, nos quais trabalhando em conjunto com o comitê organizador pudemos identificar as áreas onde tínhamos que aumentar nosso tipo de apoio, e tudo isso foi feito antes de chegarmos à África do Sul.
EXAME - Dada a antecipação no caso africano, a Visa já está se preparando para a Copa do Mundo no Brasil?
Antonio Lucio - O Brasil é um dos mercados nos quais mais estamos investindo em todo o mundo, dada a sua importância para a empresa. Para o mundial brasileiro, gostaríamos que a nossa equipe de marketing local desenvolvesse a campanha global de marketing para futebol. A primeira reunião ocorreu há um mês.
EXAME - Na Copa do Mundo no Brasil, questões como segurança e trânsito não preocupam a Visa?
Antonio Lucio - Cada mundial e cada Olimpíada tem uma série de desafios diferentes. Na África do Sul também se esperavam problemas relacionados à segurança, mas eles foram superados através de um planejamento. Londres também problemas de trânsito e de segurança, e para a cidade estão sendo desenvolvidos planos específicos. Estou convencido de que o grupo organizador do Brasil poderá atacar esses problemas. O interessante é que os problemas já estão identificados. Agora é hora de estabelecer um plano para resolvê-los. O Brasil está preparado para usar Copa do Mundo e Olimpíadas para mostrar ao mundo o que é capaz em organização, negócios e cultura.
EXAME - A Espanha, sua terra natal, venceu a última Copa do Mundo. Quem deve ganhar a Copa no Brasil?
Antonio Lucio - Gostei muito de ver a Espanha ganhar a Copa na África do Sul, mas em 2014 é o Brasil que precisa ganhar. Senão, como negócio, a Copa não funciona (risos).