Quaker vai mudar nome e imagem de cunho racista de marca tradicional
Empresa reconhece que origens dos produtos "Aunt Jemima" se baseiam em um "estereótipo racial"
Agência O Globo
Publicado em 17 de junho de 2020 às 20h15.
Um item básico das mesas de café da manhã nos Estados Unidos por gerações, a tradicional marca de mix de panquecas e xarope Aunt Jemima (Tia Jemima) ganhará um novo nome e imagem, anunciou a Quaker Oats nesta quarta-feira.
A companhia reconheceu que as as origens da Tia Jemima que batiza a marca e ilustra o rótulo se baseiam em um "estereótipo racial".
O anúncio da mudança acontece após a série de protestos antirracistas e contra a violência policial desencadeados nos EUA e em outros países pela morte do cidadão negro George Floyd por um policial branco na cidade americana de Minneapolis.
A marca de 130 anos apresenta uma mulher negra chamada Aunt Jemima (Tia Jemima, em português), que estava originalmente vestida como as antigas criadas das tradicionais famílias americanas daquela época. A marca foi registrada em 1893, embora a mistura de panquecas Aunt Jemima tenha estreado em 1889.
A imagem mudou com o tempo e, nos últimos anos, a Quaker removeu o lenço da cabeça da personagem para abrandar as crescentes críticas de que a marca perpetuava um estereótipo racista que data dos tempos da escravidão.
Agora, a Quaker afirma que remover a imagem e o nome faz parte de um esforço da empresa "para progredir em direção à igualdade racial".
"Reconhecemos que as origens da tia Jemima se baseiam em um estereótipo racial", disse Kristin Kroepfl, vice-presidente e diretora de marketing da Quaker Foods North America, em um comunicado à imprensa:
"Enquanto trabalhamos para progredir em direção à igualdade racial por meio de várias iniciativas, também devemos examinar com atenção nosso portfólio de marcas e garantir que elas reflitam nossos valores e atendam às expectativas de nossos consumidores".
Segundo reportagem da NBC News, a nova embalagem deverá ser lançada no outono deste 2020 nos EUA (primavera aqui no Brasil), e um novo nome para os alimentos será anunciado em breve.
A empresa também anunciou que doará pelo menos US$ 5 milhões nos próximos cinco anos "para criar suporte e envolvimento significativos e contínuos na comunidade negra".