Marketing

Publicitário brasileiro cria fones para surdos

"Deaf Beats" transforma frequência musical em vibração


	O trabalho brasileiro "Deaf Beats" faz com que deficientes auditivos vivenciem uma experiência sensitiva única em suas vidas
 (Divulgação/Startup Weekend Miami)

O trabalho brasileiro "Deaf Beats" faz com que deficientes auditivos vivenciem uma experiência sensitiva única em suas vidas (Divulgação/Startup Weekend Miami)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de novembro de 2015 às 16h48.

São Paulo - A criatividade brasileira não é nem nunca foi um segredo para o mundo.

Por outro lado, quando o assunto toma os caminhos da tecnologia e a inovação, o país está longe de ser uma unanimidade, até por enfrentar desafios naturais em termos de falta de investimentos na área e consequentemente o desenvolvimento de profissionais brilhantes.

Isso, entretanto, não impede que alguns trabalhos brazucas, contrariando todas as barreiras e estatísticas, mostrem-se poderosos e reluzentes pelo mundo afora.

Um desses fenômenos raros, que aliam criatividade e tecnologia em cases brasileiros, concorreu a um prêmio na Startup Weekend Miami, que aconteceu na semana passada nos Estados Unidos.

O evento, que tem parceria com a Florida International University (FIU) e com o Google, contou com 188 participantes, 67 ideias, 18 equipes e 22 patrocinadores.

O trabalho brasileiro "Deaf Beats" conquistou um honroso quarto lugar na competição.

O projeto apresentou uma espécie de fone de ouvido que transforma frequência musical em vibração e faz com que deficientes auditivos vivenciem uma experiência sensitiva única em suas vidas.

"Coletamos depoimentos de dois médicos para validar a iniciativa, fizemos entrevistas com diversos deficientes auditivos e ainda tivemos a oportunidade de testar o nosso protótipo", afirmou o pai da ideia, o publicitário André Felix, que mora e atua nos Estados Unidos, assim como o seu parceiro no projeto, o diretor de arte Victor Reiss.

O insight, segundo o diretor de criação brasileiro, tem inspiração no ato de superação de Beethoven, que ao perder a audição tratou de cortar as pernas de seu piano com a intenção de sentar-se ao chão para sentir e compor as notas através das vibrações do instrumento.

"A música é uma das maiores alegrias da vida, mas os deficientes auditivos nem sempre podem apreciá-la como as outras pessoas fazem. A investigação tem demonstrado que é possível sentir a música através da vibração. Quando certos sentidos são perdidos, o nosso cérebro é capaz de reajustar", explica o publicitário.

No segundo dia de evento, no shortlist com os 10 melhores cases, o "Deaf Beats" foi o eleito como a ideia mais inovadora do Startup Weekend Miami e com maior número de votos populares.

Na etapa final, entretanto, o desafio era mostrar o potencial do case como gerador de grana, o que segundo Félix, mostrou que o festival deu prioridade a ideias mais preocupadas em gerar negócios do que realmente ajudar pessoas e promover uma causa importante.

"As três primeiras ideias são de aplicativos para celulares que movimentam dinheiro e ainda por cima não são inéditas. De qualquer maneira, esse evento foi muito intenso e tudo foi feito em 54 horas, com muito tesão. Tivemos que dormir duas noites no campus da universidade e foi uma experiência incrível", relata Felix.

Além de poder apresentar o "Deaf Beats" num evento de grande visibilidade, o projeto conseguiu empolgar os investidores. Não à toa, um grupo dos Emirados Árabes Unidos, chamado Abu Dhabi Investment Authority, já demonstrou interesse em financiar e viabilizar a ideia.

Vale lembrar que, apenas nos EUA, há aproximadamente 38 milhões de deficientes auditivos, mais gente que a população total do Canadá (35 milhões).

O projeto mostra que, apesar de todas as dificuldades, a criatividade brasileira tem potencial para se fazer ouvir em qualquer canto do mundo, em alto e bom som.

Acompanhe tudo sobre:ArteCriatividadeEntretenimentoIndústria da músicaMúsicaPessoas com deficiênciaPublicitários

Mais de Marketing

Creamy, marca de skincare, expande portfólio e entra no mercado de perfumes

O que é preciso para ser um CMO nos dias de hoje? Philip Kotler responde à EXAME

Após vitória de Trump, empresas planejam retomar publicidade no X

O que está por trás da escolha de Bia Souza, medalhista de ouro, como embaixadora da Neoenergia?