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Polos e lojas de rua mostram valor para a movimentação financeira

Pequenos varejistas se beneficiam com a união dos lojistas

A Líquido apostou no comércio popular há seis anos e hoje atinge consumidores de todas as classes sociais (.)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

Rio de Janeiro - A importância de centros urbanos de compras para a movimentação financeira da cidade de São Paulo já é conhecida. Mesmo assim vale ressaltar que os 240 mil estabelecimentos comerciais em pólos, compostos por 86 ruas, espremem as lojas de shopping em meros 17% de todo o mercado da cidade. Um exemplo de prosperidade é a marca de moda Líquido que, após iniciar sua história com uma loja na Rua Maria Marcolina em 2004, hoje conta com 42 lojas e planeja atingir 50 pontos-de-venda em curto prazo.

Outro exemplo é o shopping a céu aberto na rua João Cachoeira, em São Paulo, que oferece 130 lojas de aproximadamente 25 segmentos diferentes. Este é mais um pólo comercial que após a sua revitalização está sendo visto cada vez mais como um bom negócio. A união dos lojistas deste centro deu início a uma pesquisa sobre as melhorias que poderiam ser feitas para tornar o local mais atraente para as compras.

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Tanta oportunidade parecia ser mal aproveitada. As ruas em péssimo estado de limpeza e mal iluminadas, a insegurança e a falta de atrativos esvaziavam os pólos e o caixa dos lojistas a cada dia. O estudo sobre as vantagens e desvantagens da Rua João Cachoeira deixou claro seus graves problemas, mas mostrou que, além de local de consumo, o espaço é visto como opção de lazer.

Lojistas unidos pela revitalização

O projeto apresentado pela associação de lojistas à Prefeitura foi aprovado mediante a adesão de, no mínimo, dois terços das lojas e a divisão do custo para a reforma na calçada. Em contrapartida, a Prefeitura de São Paulo ficou responsável pela iniciativa que envolveu paisagismo, drenagem, recapeamento do asfalto, melhorias de iluminação e sinalização. "Uma rua comercial tem que ser confortável, porque o consumo está ligado à sensação de bem-estar", diz Felippe Naufel, Diretor do Centro de Comércio do Estado de São Paulo.


Os pequenos detalhes são muito importantes para as ruas comerciais. Iluminação, estacionamento, bancos para descanso e placas informativas tornam o local mais aprazível para o consumidor. A reforma da calçada da João Cachoeira deu nova identidade ao local, mas o mais importante foi a facilidade de acesso. "Pensamos em quem está caminhando com sacolas nas mãos e em pessoas de baixa mobilidade como grávidas, cadeirantes e idosos", ressalta Naufel.

Após o primeiro ano de vendas com o espaço revitalizado, o pólo comercial paulista teve aumento de 11%. "É como uma ação de marketing que custou para cada lojista cerca de R$ 1.500,00. Alguns recuperaram esta quantia no primeiro domingo depois da reinauguração", aponta o Diretor do Centro de Comércio do Estado de São Paulo.

Shopping eleva preço em até 80%

As lojas de rua podem se espelhar na Líquido para conquistar o sucesso. A marca de moda praia e fitness apostou no comércio popular há seis anos e hoje atinge consumidores de todas as classes sociais comercializando a cada ano mais de três milhões de peças. Neste caso, a prosperidade dos pontos-de-venda não foi baseada em uma estratégia inicial de crescimento em longo prazo.

"Percebemos que havia uma oportunidade ao criar a loja da Líquido (foto) no bairro do Brás. O local não foi muito bem estudado. O foco foi na população, na carência dos consumidores por este segmento", conta Naim Hassan, sócio da Líquido Biquínis. De acordo com ele, o custo para abrir a mesma loja em um shopping eleva o preço dos produtos em até 80%.

A decisão de iniciar um negócio em ruas comerciais não demorou a ser considerada uma exclusão não forçada (ou idealizada), já que ainda existe a barreira do preconceito por parte dos consumidores de maior poder aquisitivo. "Procuramos trazer a sofisticação de lojas de shoppings para a rua a fim de acabar com o preconceito", explica Hassan.

*com reportagem de Bruno Mello

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