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Mulher negra da campanha polêmica da Dove: "Não fui vítima."

Lola Ogunyemi, modelo negra da campanha da Dove, publicou artigo no The Guardian e explica polêmica

Propaganda da Dove considerada racista: modelo negra da campanha fala sobre polêmica (Twitter/Dove/Reprodução)

Propaganda da Dove considerada racista: modelo negra da campanha fala sobre polêmica (Twitter/Dove/Reprodução)

Guilherme Dearo

Guilherme Dearo

Publicado em 10 de outubro de 2017 às 13h29.

Última atualização em 10 de outubro de 2017 às 15h26.

São Paulo - Uma recente campanha da Dove enfrentou intensas acusações de racismo ao mostrar uma mulher negra que tira sua camisa e se revela uma mulher branca. A marca enfrentou acusações de "white washing" e acabou tirando a peça do ar e das redes sociais, além de pedir desculpas publicamente.

Um pequeno trecho fora de contexto viralizou e serviu de base para as acusações de racismo: a modelo negra "se transformando" na modelo branca. Contudo, a campanha era muito maior que esse pequeno trecho.

Na televisão, o comercial da Dove de 30 segundos continuava após a modelo negra "virar" a mulher branca. Esta, por sua vez, passava a ser uma mulher latina. E assim por diante. Ao todo, eram sete mulheres de diferentes etnias e tons de pele.

Outras versões da campanha, em diferentes mídias, misturavam, também, diferentes pares de modelos.

Mas, entre todas as pessoas que consideraram a peça racista e absurda, não estava a própria modelo negra da campanha.

No jornal britânico The Guardian, a modelo Lola Ogunyemi publicou um artigo hoje (10) onde conta sua experiência fazendo o comercial e garante: "Não fui vítima".

Nascida em Londres e criada nos EUA, de família nigeriana, ela falou ao jornal sobre os bastidores da campanha e não concorda que ela tenha algo de errado:

"Se eu tivesse a mínima noção de que seria retratada como inferior, ou que seria o 'antes' em um esquema 'antes e depois', eu seria a primeira a dizer 'não' enfaticamente. Eu teria, infeliz, andando para fora do set e saído pela porta".

Ogunyemi continua: "Contudo, a experiência que eu tive com a Dove foi positiva. Tive um momento incrível no set. Todas as mulheres na gravação entenderam o conceito e o objetivo - usar nossas diferenças para frisar o fato de que todas as peles merecem cuidado".

Ela conta, no artigo, que cresceu com preconceitos - na vida e na carreira como modelo - e cansou de ouvir opiniões racistas como "uma mulher negra vai se dar melhor se tiver uma pele mais clara".

No artigo ao The Guardian, ela ainda fala sobre a campanha:

"Eu posso entender como as imagens circulando na internet estão sendo mal-interpretadas, dado o fato de que a Dove já sofreu críticas no passado pelo mesmo problema. Mas muita coisa foi deixada de lado. A narrativa foi escrita sem dar contexto aos consumidores".

Ainda diz: "Ainda que eu concorde com a resposta da Dove de se desculpar por qualquer ofensa causada, ela também poderia ter defendido a sua visão criativa, sua escolha de me incluir, uma mulher negra de pele escura, como modelo da campanha. Eu não sou uma vítima silenciosa de uma campanha de beleza equivocada. Eu sou forte, eu sou bonita e eu não serei apagada".

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