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Fiasco da Fórmula Indy expõe marcas

Patrocinadores ganham um dia extra de exposição, mas perdem visibilidade com a transferência do evento para uma segunda-feira de manhã

Tony Kanaan derrapa na pista, na etapa brasileira da Fórmula Indy 2011 (Chris Jones/Divulgação)

Tony Kanaan derrapa na pista, na etapa brasileira da Fórmula Indy 2011 (Chris Jones/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 3 de maio de 2011 às 13h51.

São Paulo – A etapa da Fórmula Indy 2010 em São Paulo ficou marcada pela chuva forte no dia da prova, associada à má qualidade e falta de aderência da pista, o que fez com que carros derrapassem constantemente. Em 2011, mesmo após reformas que diminuíram as imperfeições no solo e ajudaram no escoamento da água da chuva, o vexame se repetiu.

Já ofuscada pela semifinal do Campeonato Paulista de Futebol, a competição que seria realizada ontem (1º) no circuito de rua do Anhembi acabou transferida para a manhã desta segunda-feira (2).

A chuva da tarde de domingo causou acidentes e fez com que a prova fosse suspensa temporariamente por duas vezes antes de ser definitivamente adiada.

A mudança, que acabou prejudicando os planos de cerca de 30 mil turistas que vieram a São Paulo durante o fim de semana especialmente para ver o espetáculo – muitos deles não puderam ficar na cidade até a data seguinte, um dia útil -, colocou na corda-bamba marcas que investiram em patrocínio: além de trazer visibilidade, eventos como esse são de grande valia na construção de reputação.

Na prova do Anhembi, além de se ter uma perda de credibilidade da própria equipe de organização do evento, que deixa de mostrar a boa infraestrutura e o preparo da cidade como um todo, há um prejuízo considerável para as marcas.

 “Quando uma corrida que está marcada para um domingo à tarde, momento em que se tem uma audiência cativa, acaba acontecendo numa segunda de manhã, há perdas. Muita gente deixa de acompanhar por ser um dia de trabalho”, explica Cesar Gualdani, sócio diretor da Sport+Markt, especializada em marketing esportivo. “Perde-se visibilidade, exposição de mídia e todo o possível relacionamento que o evento pode trazer entre marca e público”, diz. 

José Henrique de Sousa Damiani, coordenador do núcleo de estudos em negócios do esporte da ESPM, vê o adiamento de forma diferente: “Uma corrida assim, feita ao ar livre, não tem 100% de garantia, porque o tempo é incontrolável. Acho que isso faz parte e está associado à competição".


Neste ano, os maiores patrocínios vêm da marca de cerveja Itaipava e da Nestlé, que, em uma dobradinha improvável, integram o extenso nome da competição: Itaipava Indy 300 São Paulo Nestlé. Também investiram Caixa Econômica Federal, Postos Ipiranga, Reckitt Benckiser e Unilever.

A bebida do Grupo Petrópolis patrocina ainda dois pilotos brasileiros, Helio Castroneves e Tony Kanaan, ambos envolvidos em batidas logo no início da corrida que prejudicaram o seu desempenho final.

Para o Grupo Petrópolis, que viu no patrocínio ao automobilismo uma boa fonte de promoção para suas marcas – a empresa investe desde 2005 na categoria, quando patrocinou o Troféu Maserati -, a transferência do evento para um dia útil não parece ter influenciado nos planos. A marca dá como quase certa a renovação do patrocínio para o próximo ano:

“Não houve mudança em nossa estratégia. Apesar da chuva e do cancelamento da prova no domingo, tivemos uma exposição prolongada devido à espera da decisão dos diretores da corrida, além de um ‘plus’ com a nova transmissão na segunda-feira. Como um dos principais patrocinadores do automobilismo no Brasil, obviamente existe uma grande possibilidade de darmos continuidade nesta ação no próximo ano”, antecipa Douglas Costa, gerente de marketing do Grupo Petrópolis.

A Nestlé, tradicionalmente voltada para um relacionamento mais emotivo com consumidores, aproveitou a etapa para ações comemorativas aos seus 90 anos no Brasil. A marca teve desde tótens e bandeiras espalhadas ao longo do circuito até um brinde feito com leite pelo piloto vencedor.

Sem se pronunciar sobre possíveis danos causados pela transferência da prova, a companhia acredita que a exposição de mídia foi ampla:

“Ainda é cedo para avaliar quantas pessoas foram impactadas com essas ações, mas sabemos que tivemos uma grande visibilidade nos anúncios e na cobertura do evento, e também nas redes sociais e demais mídias”, disse um porta-voz.

A Nestlé não garante a continuidade do investimento no campeonato nos próximos anos, mas reforça que o apoio aos esportes faz parte da estratégia e do posicionamento de valores da companhia.

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