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As lições do COB após o cancelamento dos Jogos Olímpicos

A pandemia da covid-19 obrigou o Comitê Olímpico Brasileiro a mudar suas estratégias para manter a marca forte. As lições valem para qualquer negócio

Comitê Olímpico Brasileiro reviu estratégias para manter a marca forte mesmo na pandemia (Rafael Bello/COB/Reprodução)

Marina Filippe

Publicado em 4 de outubro de 2020 às 10h00.

Quando em março o Comitê Internacional Olímpico se pronunciou sobre o cancelamento dos Jogos Olímpicos de 2020 em Tóquio, devido a pandemia de covid-19 , o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) não só já havia concordado com a decisão, como também começado a pensar em estratégias para acalmar os ânimos dos patrocinadores e manter a marca forte mesmo sem os jogos.

"Era a decisão certa a se tomar, mas precisávamos pensar em uma estrutura imensa que envolvia milhões de diárias de hotel, deslocamento, segurança de todos, trabalho dos fornecedores e patrocinadores", diz Manoela Penna, diretora de comunicação e marketing do COB. O que se seguiu deixou lições permanentes para os participantes do Comitê.

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Ouvir os clientes

Coca-cola, Visa, Toyota, Panasonic, e outras grandes empresas foram ouvidas no processo de adiamento dos Jogos, assim como os demais patrocinadores locais do COB. Como o programa de patrocínio do Comitê Internacional é válido por quatro anos, pela primeira vez alguns contratos serão sobrepostos quando aditivados para 2021. Ou seja, marcas do mesmo segmento farão parte do evento.

"Nem a Coca-Cola, uma marca centenária no patrocínio dos jogos, havia passado por algo parecido. Foi preciso muita conversa em âmbito internacional e local. Ouvir as marcas, ou quaisquer outros stakeholders é sempre importante para ter a melhor conclusão em momentos tão delicados".

Cuidar das pessoas

No isolamento social há um hiato de performance esportiva. O atleta deixa de ter campeonatos recorrentes para participar, e muitas vezes não tem um espaço adequado para o treino. Pensando nisso, foi preciso se atentar a saúde física e mental dos esportistas.

Outra decisão tomada foi aproveitar o momento para levantar debates sobre pautas importantes no esporte, como igualdade de gênero e enfrentamento ao racismo."Os atletas usaram sua força para ações positivas como dar visibilidade para alguns assuntos, arrecadar cestas básicas e até promover cursos. Um EAD sobre assédio sexual em parceria com a Estácio reuniu 6 mil participantes", afirma Penna.

O poder das redes sociais

Nas redes sociais os atletas participaram de lives com influenciadores digitais, e mantiveram a marca do Comitê Olímpico Brasileiro na memória mesmo sem os jogos. Somente no TikTok foram 25 mil seguidores em poucas semanas.

Para reunir os conteúdos, foi lançada a campanha #UmÚnicoTime, com os atletas e as principais entidades esportivas do Brasil em prol do combate da covid-19. As lives aconteceram cerca de três vezes por semana e mais de 600 mil pessoas foram alcançadas em redes como Instagram, Youtube e Facebook. Com a continuidade do trabalho, no meio da pandemia o COB conseguiu ainda anunciar novos parceiros, como a Havaianas, que irá calçar os atletas.

"Pensamos em conteúdos e atividades que tivessem relação com o nosso trabalho e com o momento vivido pelas pessoas em casa. Falamos de temas importantes e também oferecemos atividades. Numa delas, por exemplo, era possível baixar um livro de colorir do nosso mascote, uma distração para as crianças que também estão em casa", diz Penna.

Para a executiva, é sabido que o esporte muda vidas e reforça o espírito coletivo, e a pandemia só explicitou essas características. "Trabalho em equipe, resiliência e estratégia são valores do esporte que foram usados nesse momento tão único".

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