BTG Pactual: sem mudanças mais robustas no orçamento, a estrutura fiscal existente é insustentável e a trajetória da dívida é explosiva (Stock/Getty Images)
Editora de Finanças
Publicado em 2 de dezembro de 2024 às 11h42.
Diante da piora do cenário fiscal no Brasil, o BTG Pactual (mesmo grupo controlador da EXAME), alterou sua estratégia de recomendação da carteira de ações. Para o mês de dezembro, a equipe de estrategistas do banco decidiu tornar o portfólio muito mais defensivo, com foco em ações de empresas que se beneficiam de um fluxo de caixa concentrado no curto prazo, pagadoras de altos dividendos e aquelas que ganham com um dólar mais forte.
“O cenário fiscal do Brasil vem se deteriorando rapidamente e, a esta altura, parece claro que, sem mudanças mais robustas no orçamento, a estrutura fiscal existente é insustentável e a trajetória da dívida é explosiva. Com isso em mente, decidimos tornar nosso portfólio muito mais defensivo”, afirmou a equipe do BTG.
Dentre as mudanças, o banco incluiu as ações da BB Seguridade (BBSE) e da TIM (TIMS3) no portfólio. Ambas são vistas como boas pagadoras de dividendos. O banco também retirou da carteira as ações das varejistas Renner e Vivara.
“Estamos adicionando a seguradora BB Seguridade, que se beneficia de taxas Selic mais altas e está pagando dividendos elevados (dividend yield de 11%), e a TIM, que modelamos para retornar 17% de seu valor de mercado aos investidores nos próximos 18 meses”, destacaram os analistas.
Além disso, o BTG Pactual aumentou a exposição cambial do portfólio. Com isso, as ações da WEG (WEGE3) e Suzano (SUZB3) substituíram Vale (VALE3) e Localiza (RENT3). A escolha pela WEG, embora com um P/L de 30x, é justificada pelo crescimento resiliente da empresa e pela exposição favorável ao dólar.
Experiência mais que VIP: inspirado em Los Angeles, Terminal BTG Pactual começa a operar em dezembroA troca de Vale por Suzano foi motivada pela avaliação de que a segunda tem uma tese mais barata e apresenta sinais de melhora no preço da celulose, além de atuar como uma defesa mais robusta contra a variação cambial.
“Temos alguma exposição adicional ao câmbio por meio da Marcopolo (10% das vendas em dólares) e da Petrobras, que também é uma forte pagadora de dividendos. Na verdade, estamos aumentando o peso da Petrobras de 10% para 15%”, acrescentaram os analistas.
Esse movimento reflete a busca por empresas que possam se beneficiar da volatilidade cambial e da incerteza fiscal, ao mesmo tempo em que oferecem retorno atraente para os investidores.