Zero anuidade e 100% digital. Banco Neon vale a pena?
Nova fintech tem ganhado cada vez mais clientes e almeja chegar a 100 mil usuários ativos em 12 meses. Veja o que ela oferece
Anderson Figo
Publicado em 25 de julho de 2016 às 17h06.
Última atualização em 4 de maio de 2018 às 10h35.
São Paulo - Nada de perder tempo indo a uma agência para resolver um problema bancário. Depois de empresas como Nubank, Banco Original e Conta Um, o Banco Neon é a mais nova fintech brasileira que promete abolir taxas e facilitar a vida dos consumidores.
Focado no público jovem, o Neon é totalmente digital. Para abrir uma conta, basta baixar o aplicativo em um celular com os sistemas Android ou iOS com câmera frontal. Só é preciso ser maior de 18 anos e ter um CPF válido.
Uma vez que o cadastro for aprovado, para ativar sua conta você precisará fazer um depósito de pelo menos 100 reais para que o Neon emita e envie a você um cartão de débito internacional Visa. Essa é uma característica importante do banco: ele não oferece crédito.
“Queremos ser um banco diferente dos tradicionais. Não vamos substituir o cartão de crédito dos clientes, vamos substituir a conta corrente deles. O jovem brasileiro não tem o costume de poupar ou se planejar financeiramente, por isso a opção pelo débito”, diz Pedro Conrade, presidente do Neon.
Tarifas
Sem agências físicas, o custo de operação do Neon é menor, o que permite que o banco não cobre anuidade no cartão, nem taxas de manutenção das contas. Mas isso não significa que o serviço é isento de tarifas: de graça, só é possível fazer um saque e uma transferência para outro banco (TED) por mês.
A partir do segundo saque no mês, é cobrada uma taxa de 6,90 reais por operação —ou seja, para evitar ter de pagar esse valor várias vezes, compensa retirar uma quantidade maior de dinheiro. Os saques só podem ser feitos na rede Banco24Horas. Também há uma tarifa de 3,50 reais por operação a partir da segunda transferência de valores no mês.
Na emissão de boleto, o consumidor paga 2,50 reais por operação. E, quando o cartão de débito for utilizado no exterior, além de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 6,38%, o Neon também cobra uma taxa de 4% sobre o valor da operação.
“A ideia é trazer as movimentações financeiras dos clientes para o Neon”, afirma Conrade. Além das tarifas citadas, o banco também recebe um percentual das operações pagas com o cartão emitido por eles. O Neon ganha ainda 1 real cada vez que aceita boletos de outras instituições financeiras e 1,19 real quando recebe transferência de outro banco.
Investimentos
A única opção de investimento disponível no Neon é o CDB (Certificado de Depósito Bancário) do banco com rendimento em torno de 80% do CDI e liquidez diária. Quando o investidor compra um CDB, ele está emprestando dinheiro para a instituição financeira com a expectativa de receber uma remuneração por isso.
Para fazer os aportes, é preciso criar um “Objetivo”, explica Conrade. “O cliente diz quanto quer investir todo mês e nós criamos uma aplicação automática, que desconta o valor da conta mensalmente. É uma forma de o cliente se forçar a ter disciplina financeira”, diz.
Cuidados
Para o planejador financeiro André Crepaldi, a ideia de o Neon ser um aliado dos jovens na gestão de seus recursos é positiva, especialmente por ser uma plataforma totalmente digital. “Isso tem ganhado cada vez mais força, e até mesmo os grandes bancos já estão indo por este caminho”, diz. “O cartão de débito evita que as pessoas consumam mais do que podem pagar, então pode ser uma ajuda no controle financeiro”, completa.
Mas é preciso ficar atento às taxas. “Alguns bancos também possuem opções de contas digitais sem taxas, como a iConta do Itaú . Neste caso, por exemplo, o consumidor poderia sacar várias vezes por mês, sem pagar tarifa e com a rede de caixas do Itaú à disposição, além do Banco24Horas. Isso também tem que ser colocado na balança”, afirma.
Também é preciso considerar que, em caso de uma emergência, o consumidor com a conta no Neon não terá acesso a crédito. Isso só será uma desvantagem se a pessoa não conseguir se programar e poupar recursos todo mês para estar preparada financeiramente para eventos inesperados, como uma doença ou acidente de carro, por exemplo.
Quanto aos investimentos, Crepaldi avalia que o pequeno investidor consegue encontrar opções mais vantajosas do que um CDB que pague 80% do CDI em corretoras independentes de investimento. Em grandes bancos, com uma aplicação inicial baixa, a remuneração que será oferecida deve ser semelhante à do Neon, segundo o planejador financeiro.
“É preciso que as pessoas mudem seus hábitos, usando a tecnologia a seu favor. Quanto mais você puder simplificar sua gestão financeira, melhor”, diz Crepaldi.”Tenha um objetivo claro e, depois disso, se informe o máximo que puder sobre as melhores opções que você possui para alcançá-lo.”