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Unibanco descarta risco de perdas com derivativos

Banco possui 1 bilhão de reais em contratos de derivativos com 33 grandes clientes

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

O Unibanco descartou, nesta sexta-feira (24/10), qualquer risco de perdas com operações de derivativos. Com a disparada do dólar no último mês, o valor equivalente dos contratos fechados com seus clientes saltou de 336 milhões de reais, no final de setembro, para 1 bilhão de reais em 23 de outubro. A pancada do câmbio tem levado as empresas a registrarem pesadas perdas com derivativos, e a procurarem os bancos para renegociá-los. No Unibanco, porém, o clima é tranqüilo, de acordo com o vice-presidente corporativo, Geraldo Travaglia. "Estamos muito confortáveis com esses contratos", afirmou em teleconferência com jornalistas.

A posição de 1 bilhão de reais, divulgada hoje junto com os números do terceiro trimestre, equivale ao total que os clientes deveriam pagar ao Unibanco pelos derivativos, se todos os contratos fossem encerrados. Em um momento de escassez de crédito e tensão no mercado, o risco seria de as empresas não terem recursos para honrar esse compromisso, obrigando o Unibanco a registrá-los como perdas. Mas, para Travaglia, essa possibilidade é remota. "São empresas com bom rating e exportadoras", disse. A nota de risco de crédito das empresas é A e AA, segundo o executivo - faixa de risco mínimo de inadimplência.

Ele observou que os contratos estão dispersos por 33 clientes, com valores entre 5 milhões a 50 milhões de reais, com prazo médio de vencimento de cinco meses. O valor médio dos contratos é de cerca de 30 milhões de reais. A cifra é bem inferior a outras vistas no mercado. Apenas para comparação, a Sadia sozinha perdeu 760 milhões de reais com instrumentos de derivativos. E a Aracruz divulgou uma perda potencial de quase 2 bilhões de reais, que levou a companhia a procurar o pool de bancos com que assinou os contratos para renegociá-los. O Unibanco não tem contratos de derivativos com a Aracruz.

Travaglia também observou que os contratos são pequenos inclusive para seus clientes. Quem buscou derivativos no Unibanco tem um faturamento anual de 500 milhões a 5 bilhões de reais. "Estamos falando em grandes companhias, bem estruturadas e exportadoras", disse. Ele acrescentou que as posições, que totalizam 1 bilhão de reais, equivalem a menos de 0,5% do total dos ativos do banco.

O valor médio do dólar a partir do qual o Unibanco passa a ganhar dinheiro com os derivativos - isto é, as empresas começam a ter de pagar para o banco - vai de 1,80 real a 1,90 real.

A instituição também encerrou setembro com posições em derivativos equivalentes a 10,5 bilhões de reais - chamados de derivativos estruturais -, com o objetivo de proteger os investimentos do banco no exterior. Segundo Travaglia, essas posições não possuem risco cambial, porque sua correção é compensada pela variação cambial dos investimentos que o banco mantém lá fora.

Ganhos

O Unibanco apresentou um lucro líquido de 704 milhões de reais no terceiro trimestre, com alta de 5,6% sobre igual período do ano passado. No acumulado de janeiro a setembro, o ganho foi de 2,2 bilhões de reais - uma alta de 16,8% sobre os nove meses de 2007. O total de ativos fechou setembro em 178,5 bilhões de reais, um incremento de 33,3% sobre o mesmo mês de 2007. Já a carteira de empréstimos totalizou 74,3 bilhões de reais, com alta de 32,9%.

A captação de recursos por meio de depósitos e debêntures somou 73,2 bilhões de reais no trimestre, avançando 8% sobre o período de abril a junho.

O retorno sobre o patrimônio líquido, um dos indicadores de como o banco está remunerando os acionistas, ficou em 24,4%, abaixo dos 26,6% registrados no segundo trimestre. Travaglia atribuiu a queda do retorno à deterioração do cenário mundial a partir de setembro. "Mas uma taxa de 24% é absolutamente aceitável em qualquer lugar do mundo", disse. Segundo o executivo, a taxa de retorno do banco ainda deve se manter na casa de dois dígitos, apesar da piora do cenário para 2009.

Um dos sinais de que os tempos estão mais difíceis é a alta do custo de captação. Há alguns meses, os bancos conseguiram levantar dinheiro pagando algo como 103% do CDI (Certificado de Depósito Interfinanceiro). Agora, os recursos saem por 106% do CDI.

O vice-presidente executivo de Varejo do Unibanco, Márcio Schettini, também espera uma desaceleração no ritmo de crescimento da carteira de crédito. Se, no terceiro trimestre, a alta foi de quase 33%, a expectativa é de que ela desacelere para cerca de 29% em dezembro, na comparação com o mesmo mês do ano passado. "Em 2009, o crescimento da carteira deve ficar em 10%", afirma Schettini. Segundo o executivo, para enfrentar o novo cenário, o banco vai adotar maior rigor na concessão de crédito, rever o preço das operações e os prazos, bem como o tamanho médio dos empréstimos. "O banco está muito confortável com sua política de crédito, que é conservadora", disse.

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