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UBS e Ágora dominam novo filão de corretoras da Bovespa

Empresas novatas da Bolsa contratam instituições para promover a liquidez de suas ações

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

O "boom" do mercado acionário brasileiro nos últimos quatro anos revelou uma nova oportunidade para corretoras e bancos de investimentos: atuar como formadores de mercado. O serviço, que consiste em promover a liquidez de ações e debêntures na bolsa, é popular nos Estados Unidos há tempos, mas ainda engatinha no Brasil.

Duas instituições, no entanto, já se destacam no mercado local: UBS Pactual e Ágora. Das 37 companhias que contratam formadores de mercado para seus papéis, 30 são clientes de uma das duas instituições. O UBS Pactual, por meio de sua corretora e do banco de investimento, é o preferido das empresas, sendo o formador de mercado de 22 ações. "A instituição utiliza o serviço para alavancar seus negócios de IPO (sigla em inglês para oferta pública inicial). Ela tem como bancar essa operação", diz o profissional de uma corretora, que prefere não se identificar.

Segundo especialistas, não é simples atuar como formador de mercado. Trata-se de uma operação arriscada, que exige, além de expertise, disponibilização de capital, uma vez que as instituições precisam dispor de recursos para comprar as ações nos momentos de grande oferta e deter papéis para quando o mercado demandar. "Da mesma forma que se pode lucrar muito, pode-se quebrar da noite para o dia. Nem todas as corretoras e bancos de investimentos estão dispostos a correr esse risco", afirma a fonte.

Por outro lado, as perspectivas para o negócio são as melhores possíveis. Em 2003, apenas três companhias faziam uso de formador de mercado. Hoje, são 37. E, segundo o superintendente de Operações da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), Ricardo Pinto Nogueira, deve chegar a 40 até o final do ano. "É um serviço que tem tudo para continuar crescendo", diz.

Isso porque as novatas são as empresas que mais buscam formadores de mercado para seus papéis e, somente este ano, 38 companhias realizaram suas ofertas públicas iniciais de ações. Até o final de julho, mais oito devem começar a negociar seus papéis na Bolsa.

Além disso, existe um mercado a ser explorado dentro da própria Bovespa. De acordo com Nogueira, cerca de 85 empresas que já operam na Bolsa necessitam de formador de mercado para seus papéis.

Escolha

Cinco meses após realizar seu IPO, a imobiliária Lopes decidiu contratar um formador de mercado. "Conversamos com vários profissionais de Relações com Investidores e chegamos à conclusão de que seria uma boa idéia", diz o diretor de Planejamento Corporativo da Lopes, Marcello Leoni. Segundo o executivo, partiu da empresa a iniciativa de sair em busca de uma corretora para auxiliar nos negócios. "Não houve assédio por parte das instituições. E acho que tem de ser assim, pois só quem está dentro da empresa tem condições de avaliar se é necessário ou não o serviço", afirma.

Para a ALL Logística, dois fatores pesaram na escolha da instituição: a forma de remuneração e a disposição a tomar risco. "Conseguimos fechar com o UBS Pactual um contrato com remuneração totalmente variável, ou seja, o pagamento é feito mediante resultados. Normalmente, as corretoras cobram um valor fixo e um variável de acordo com a quantidade de negócios realizados. Como o pagamento depende dos resultados, o UBS Pactual mostrou-se mais pró-ativo no trabalho de promover a liquidez dos nossos papéis", afirma o gerente de Relações com Investidores da ALL Logística, Rodrigo Campos.

A empresa, que utiliza o serviço desde 2005, registrou aumento de 525% no volume de recursos negociados diariamente, passando de 8 milhões de reais em 2004 para 50 milhões de reais em setembro do ano passado, quando entrou para o Ibovespa e para o IBrX-50, os dois principais índices da Bovespa. A quantidade de negócios saltou de 80 para 1100 ao dia. "O formador ajuda a divulgar a empresa para o mercado, e isso contribui para o aumento da liquidez", diz Campos.

Conflito de interesses

Ao mesmo tempo em que as corretoras negociam as ações das empresas que as contataram como formadoras de mercado, elas realizam análises dos papéis e fazem recomendações de compra e venda das ações não só das empresas para as quais prestam serviços, mas também para outras companhias listadas na Bolsa. Esse fato dá margem para questionamentos a respeito de conflito de interesses nas negociações.

"O ideal seria separar os negócios: quem faz corretagem não atua como formador de mercado e vice-versa", afirma um especialista.

Já para o gerente de Relações com Investidores da ALL Logística, Rodrigo Campos, não há motivos para dúvidas. "Para a corretora, tanto faz se a ação está subindo ou caindo. Não faz diferença a cotação, já que o que importa é a quantidade de transações realizadas", afirma Campos.

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