Timothy Geithner, presidente do Federal Reserve (o banco central americano) em Nova York deve ser o secretário do Tesouro de Barack Obama, que assumirá a presidência dos Estados Unidos em janeiro. A notícia circulou em várias agências e redes de TV americanas, e é atribuída a fontes que participam da montagem do novo governo. Aos 47 anos, Geithner já está familiarizado com os assuntos do Tesouro americano. Em 1998, foi sub-secretário para assuntos internacionais do departamento, durante a gestão do democrata Bill Clinton (1993/2001). Na época, trabalhou com Robert Rubin e com Lawrence Summers, que ocuparam o cargo de secretário.

Geithner é visto como alguém capaz de lidar com grandes crises financeiras. Durante sua passagem pelo governo Clinton, ajudou os Estados Unidos a enfrentarem a crise asiática de 1997 e 1998. Ele também participou das negociações para evitar que o México caíssem em moratória, no início dos anos 2000. Em 2008, já no Federal Reserve, Geithner envolveu-se com o combate à crise financeira mundial, acompanhando, por exemplo, a decisão do governo americano de intervir na seguradora AIG, socorrer o Bearn Stearns e deixar o Lehman Brothers ir à falência.

A indicação também representará uma vitória sobre Summers, que também era cotado para a vaga na equipe de Obama. Summers é considerado o principal mentor de Geithner, desde que trabalharam juntos no Tesouro americano. Os anos da crise asiática serviram de "doutorado em política financeira" para Geithner, segundo Summers. Segundo seus assessores mais próximos, foi nessa época também que Geithner adquiriu as qualidades que mais o habilitam ao cargo agora: a capacidade de manter a calma mesmo sob muita pressão; a habilidade de enxergar todos os lados de um problema; e a responsabilidade política.

Calma sob pressão

Pessoas que trabalharam com ele no Tesouro americano e no Federal Reserve o descrevem como alguém calmo, pragmático e que não se deixa contaminar por ideologias. Esse traço de personalidade será importante para Geithner administrar a pesada tarefa de reconduzir a economia americana aos trilhos. Isso envolverá não só a necessidade de tomar decisões difíceis, mas também jogo de cintura para driblar as brigas ideológicas no Congresso americano e conseguir a aprovação das medidas realmente importantes.

O mercado americano recebeu bem a notícia de que Geithner deve ser o novo secretário do Tesouro. Após a informação circular pela imprensa, o índice Dow Jones Industrial subia 6,6%. Já o Standard & Poor's 500 apresentava alta de 6,3%, e o índice Nasdaq composto, de 5,2%. O que mais animou os investidores é que Geithner é visto como uma das figuras centrais das operações que socorreram o Bear Stearns e a AIG.

Com agências internacionais