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Só com 40.000 pontos o Ibovespa retoma tendência de alta

Analistas de gráficos dizem que esse patamar precisa ser atingido para que a bolsa tome fôlego e possa alcançar 47.000 ou até 52.000 pontos ainda neste ano

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Desde o fatídico 27 de outubro, quando a Bovespa mergulhou 6,50% e fechou em 29.435 pontos - o menor nível desde outubro de 2005 -, foram realizados dez pregões. Houve sete altas nesse período, e o Ibovespa, seu principal índice, encerrou esta segunda-feira (10/11) em 36.776 pontos. Em relação a 27 de outubro, a bolsa já acumula uma valorização de 25%. Mas, para os analistas gráficos das corretoras, ainda é cedo para comemorar. Para eles, a tendência de alta da Bovespa só se confirmará se o patamar de 40.000 pontos for rompido.

"Os 40.000 pontos são um ponto de resistência importante. Se for superado, trará um alívio muito grande", afirma Theodoro Fleury, analista técnico da XP Investimentos. Para ser mais preciso, os grafistas estimam o ponto de reversão entre 40.000 e 41.000 pontos. É certo que esse patamar já havia sido rompido no início do mês. Em 4 de novembro, a Bovespa fechou em 40.254 pontos. Mas recuou fortemente no dia seguinte, sob pressão das quedas das commodities no mercado mundial e dos efeitos da crise de crédito que sacode o mercado financeiro. Para os analistas, a queda de 6,13% do pregão imediatamente posterior foi uma correção técnica, já que a bolsa vinha embalada por uma alta acumulada de 8% nos dois primeiros pregões de novembro - algo que ainda não conseguiria se sustentar. Em outras palavras, um ponto fora da curva.

As análises técnicas são baseadas na curva que as ações e índices vão traçando ao longo do tempo. Essas curvas criam figuras importantes para os grafistas, que as enxergam como sinais de reversão ou manutenção da tendência do papel ou índice. No jargão do setor, há quinze dias começou a se formar uma figura bastante importante para os analistas, conhecida como ombro-cabeça-ombro invertida (clique aqui e veja a ilustração). Esta é uma das figuras que indicam reversão de tendência. Ou seja, a Bovespa estaria se aproximando de um ponto de virada - no caso, para retomar o viés de alta.

Um "ombro" é uma sucessão de oscilações de alta e baixa. Na prática, é o que se vê nos últimos tempos - num dia, a bolsa sobe; no dia seguinte, devolve todo o lucro; volta a subir; cai de novo, e assim por diante. Segundo os grafistas, estamos assistindo à formação do segundo ombro da figura, que ainda deve demorar uns quinze dias para se completar. Traduzindo: ainda haverá muita oscilação neste período, até que o ponto de reversão seja atingido. "Podemos ver o Ibovespa subir para depois voltar para 35.000 ou 37.000 pontos neste intervalo", afirma Eduardo Collor, analista técnico da corretora Ativa.

Paciência

Segundo José Faria de Azevedo Filho, analista técnico da Lopes Filho & Associados, essa alternância é natural neste momento, diante do cenário mundial. "Os Estados Unidos, por exemplo, vivem um período de transição política", afirma Faria. Por isso, o analista concorda que "há boas chances" de o ponto de reversão não ser atingido nas próximas duas semanas. Por isso, os investidores ainda precisarão de um pouco de paciência.

Outra ferramenta dos grafistas é o Índice de Força Relativa (IFR), que mostra quando uma tendência está próxima de seu esgotamento. Um IFR menor que 30% mostra que a tendência de baixa está perto do fim. Um IFR maior que 70% indica que a alta está se esgotando. Quando a Bovespa quicou no fundo do poço, no final de outubro, o IFR bateu em 17%. Já na última sexta-feira (7/11), quando o Ibovespa fechou com leve alta de 0,83%, a 36.665 pontos, o IFR estava em 73%. Para os grafistas, isso mostra que parte da queda nos dias seguintes foi uma correção.

Além da barreira

Mas, uma vez rompida a barreira dos 40.000 pontos, quanto a bolsa pode subir? Aqui, as avaliações divergem um pouco. Para alguns, o primeiro teste do fôlego do Ibovespa será superar a região entre 45.000 e 47.000 pontos. Segundo Fleury, da XP Investimentos, foi nessa área que se situou a pontuação mínima da bolsa brasileira, quando a crise se agravou entre o final de agosto e a primeira quinzena de setembro, com a quebra do banco americano Lehman Brothers. "Só quando a bolsa caiu abaixo de 47.000 pontos é que as perdas se aceleraram e o circuit breaker começou a ser ativado", diz.

Para Faria, da Lopes Filho, há chances de a Bovespa chegar a 52.000 pontos até o final do ano. Isso significaria encerrar dezembro com uma perda de 17% sobre os 62.815 pontos registrados no primeiro pregão de janeiro. Mas, em relação ao fundo do poço, no final de outubro, haveria uma recuperação de 77%.

Para Collor, da Ativa, é possível que a bolsa atinja entre 50.000 e 52.000 pontos. Mas o analista observa que a tendência de alta só ganhará força se o rompimento do limite de 40.000 pontos for acompanhado por um crescimento do número de negócios e do valor diário movimentado na bolsa. Atualmente, o volume gira abaixo de 4 bilhões de reais por dia, indicando que os investidores estão ariscos com a renda variável. "O volume é como a potência que impulsiona o caminhão ladeira acima. Quanto mais volume, mais potência", diz. Para ele, o ideal é que os 40.000 pontos sejam ultrapassados com um volume ao redor de 4,5 bilhões de reais e 300.000 negócios diários.

A análise gráfica baseia-se em estatísticas do comportamento das ações e dos índices no passado, para tentar prever o que está por vir. Mas é claro que, com freqüência, quem dirige olhando o retrovisor acaba pego de surpresa por uma curva perigosa no caminho. "Em se tratando de gráficos e de bolsa, tudo é probabilidade e estatística", diz Collor. "A possibilidade de atingir um ponto existe, mas não é garantido", arremata.

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