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Sete temas para o investidor de ações no Brasil em 2019

Veja análise sobre a capacidade do novo governo em avançar com reformas e privatizações, além de perspectivas sobre o mercado corporativo e os juros

Gráfico de ações: Ibovespa subiu 15% neste ano e ações registraram novas máximas históricas (SasinParaksa/Thinkstock)

Marília Almeida

Publicado em 16 de dezembro de 2018 às 07h00.

Última atualização em 16 de dezembro de 2018 às 07h00.

Depois que as ações brasileiras registraram novas máximas históricas neste ano, os investidores estão de olho em pistas sobre o desempenho do mercado no ano que vem, desde a capacidade do próximo governo de avançar com a agenda de reformas e a venda de ativos até o crescimento dos lucros corporativos e as perspectivas de manutenção do juro baixo.

O Brasil vem se recuperando lentamente da crise e o crescimento deve acelerar com a eleição fora do caminho”, disse Bradford Jones, gestor da Sagil Asset Management, em Londres. “Se continuarmos observando uma melhora do ambiente de negócios, isso deverá levar a fortes ganhos em 2019.”

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O Ibovespa subiu 15 por cento neste ano — O quarto melhor desempenho entre os índices de ações do mundo. A seguir, uma lista dos principais catalisadores:

1. Toda atenção à reforma

Qualquer ganho adicional do mercado de ações brasileiro provavelmente dependerá da capacidade do governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro, de cumprir suas promessas pró-mercado, segundo Will Landers, da BlackRock.

“O maior risco é que haja um problema sério na execução do plano do governo”, disse Landers. A reforma do sistema previdenciário é encarada como fundamental para garantir níveis sustentáveis de dívida pública e para reduzir o custo de capital. O mercado conta atualmente com a aprovação da reforma em algum momento de 2019, segundo Jan Dehn, chefe de pesquisa da Ashmore Group em Londres, e os investidores podem se frustrar se houver atrasos na tramitação do projeto de lei.

2. Empresas estatais

As empresas estatais “definitivamente” são um dos principais temas para 2019, segundo João Braga, co-chefe de renda variável da XP Asset Management. Braga vê os ganhos de eficiência esperados e a redução da interferência política como fatores construtivos.

“As privatizações seriam a cereja do bolo, mas não são tão necessárias para as estatais valorizare”, disse Braga. A Petrobras, o Banco do Brasil, a Copasa e a Sanepar atualmente estão sendo negociadas a valuations atrativos, segundo ele. O vice-presidente eleito, Hamilton Mourão, disse que seria possível privatizar cerca de 140 das 150 empresas que atualmente são controladas pelo governo.

3. Impulso dos lucros

O crescimento dos lucros corporativos, que impulsionou boa parte da alta de 2018, deverá continuar no ano que vem. O Bank of America Merrill Lynch e o Banco Santander Brasil preveem que o lucro por ação crescerá 22 por cento e 20 por cento em 2019, respectivamente. O Santander vem dando preferência para ações dos setores de consumo e industrial, que se beneficiam com a recuperação econômica atual.

“Com o crescimento global prestes a desacelerar em 2019, o Brasil pode ser a única grande economia a ver uma aceleração significativa”, disse Sambuddha Ray, estrategista do UBS.

4. Juros baixos por mais tempo?

A combinação de inflação moderada e mínima histórica da taxa Selic impulsionou os lucros corporativos em 2018. Embora os economistas ainda esperem um aperto monetário em 2019, algumas instituições financeiras já preveem que o Banco Central do Brasil manterá o juro estável em 6,50 por cento ao longo do ano. “A manutenção do juro baixo é um driver enorme para as ações”, disse Fabio Gheilerman, chefe de ações para a América Latina do Citigroup.

Para André Lion, da Ibiuna Investimentos, os shoppings estão bem posicionados para aproveitar esse tema, já que o setor é beneficiado pelo recuo das taxas de juros de longo prazo e também por sua exposição ao crescimento da demanda interna. Os shoppings são uma das principais recomendações overweight atuais do Morgan Stanley no Brasil, escreveram estrategistas liderados por Guilherme Paiva em relatório de 26 de novembro.

5. Cenário global

O ambiente mais difícil para os mercados emergentes prejudicou o fluxo de investimento estrangeiro em ações brasileiras neste ano, em meio às crescentes preocupações com as relações comerciais entre EUA e China e a desaceleração econômica global. Desde o início do ano, as ações do país registraram uma saída de capital estrangeiro de R$ 7,8 bilhões (US$ 2 bilhões), segundo dados da B3 compilados pela Bloomberg até 6 de dezembro.

Para Jorge Mariscal, diretor de investimentos do UBS Wealth Management para mercados emergentes, o principal risco para os países em desenvolvimento em 2019 é uma possível desaceleração do crescimento global -- embora este não seja o cenário básico do banco suíço.

6. Preços das commodities

A correlação entre o MSCI Emerging Markets Latin America e o MSCI World Metals & Mining Index diminuiu, mas ainda é alta, segundo um estudo do Santander Brasil. Felipe Campos, sócio da Navi Capital, acredita que a volatilidade dos preços das commodities continuará elevada, mas ele não vê grande mudança em relação aos níveis atuais. Um ’hard landing’ Na China seria um risco de cauda para o ano que vem, disse Campos.

“As commodities andaram bem para baixo nos últimos meses" e, a menos que haja uma recessão, é difícil quie os preços caiam muito além disso, disse Marcelo Faria, chefe de renda variável da Porto Seguro Investimentos.

7. Agenda micro

Embora as reformas e privatizações estejam no topo da lista dos investidores, segundo eles há também muitos pontos menores que o novo governo poderia explorar para aumentar o entusiasmo em relação ao Brasil, como conceder autonomia formal ao Banco Central e avançar com o projeto da cessão onerosa, que está parado no Congresso. O projeto de lei abriria as reservas de petróleo localizadas ao largo da costa brasileira para as maiores petroleiras do mundo. Para o Itaú BBA, outro possível motor seriam os planos do novo governo de tornar a economia mais aberta ao comércio internacional.

“Os produtores de aço e etanol parecem ser os mais afetados por eventuais reduções das tarifas de importação”, escreveram estrategistas liderados por Luiz Cherman em relatório de 11 de dezembro.

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