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Sem risco de melhorar

A classificação do Brasil para investimentos

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

O mercado financeiro brasileiro ficou eufórico no início de outubro. Uma das razões foi a melhora nas notas (ratings) de três países emergentes -- Indonésia, Malásia e Rússia -- anunciada pela agência de classificação de risco americana Moodys Investors Services. Poucos dias depois, foi a vez da Turquia. No caso da Rússia, o rating subiu acima do nível dos países emergentes para o chamado grau de investimento (investment grade). Ou seja, a ex-caloteira Rússia agora está no seleto e restrito clube de países que dificilmente deixarão de pagar suas dívidas. Essa notícia fez os investidores em títulos e ações brasileiras esfregar as mãos, antecipando uma melhora da nota brasileira -- que poderia trazer alguns bilhõezinhos de dólares ao mercado.

Quem está contando com esses dólares, porém, pode deixar as garrafas de vodca no congelador por um bom tempo. O Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer até o grau de investimento. "Nada indica que a classificação de risco do Brasil vá subir no curto prazo", diz Vincent J. Truglia, responsável pela classificação de risco dos países da Moodys. "Os fundamentos da economia são bons, mas ainda não justificam melhora no rating." Jane Eddy, responsável pela classificação de risco da principal concorrente da Moodys, a agência Standard & Poors, concorda. "O Brasil está indo bem, mas nós precisamos ver mais avanços nas reformas e uma redução do percentual da dívida pública corrigida pelo dólar antes de pensar em elevar a classificação."

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Como explicar que o Brasil esteja em situação pior que Indonésia (que derrubou um presidente), Malásia (que centralizou o câmbio) e Rússia (que deu um solene calote em seus credores em 1998)? "O rating não é um concurso de beleza", diz Truglia. "Não quer dizer que morar no Brasil seja melhor ou pior do que morar na Rússia." O que as agências observam é simplesmente a capacidade de pagar as dívidas. No caso da Rússia, a elevação do preço do petróleo gerou um enorme superávit comercial (estimado em 90 bilhões de dólares para este ano) e garantiu a tranqüilidade dos credores. Não por acaso, uma pesquisa mundial da consultoria americana A.T. Kearney mostra que a Rússia disparou na preferência dos investidores diretos: da 17a para a oitava posição. Logo à frente do Brasil, aliás.

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