A ALL reportou um prejuízo líquido de 9,4 milhões de reais no quarto trimestre de 2008, uma melhora diante do resultado também negativo de 23,5 milhões no mesmo período do ano anterior. Apesar disso, as unit (recibo de ações) da companhia (ALLL11), que lideraram as altas do Ibovespa na véspera, apresentam uma das maiores baixas da sessão, negociadas a 8,96 reais, despencando 4,06% às 16h22.

A Ativa afirmou que o prejuízo apresentado foi uma surpresa negativa. A corretora considera que os números em geral vieram abaixo das expectativas mesmo com a divulgação antecipada do não cumprimento da meta da empresa de crescimento de volumes e do Ebitda (lucros antes de impostos e amortizações).

Já a corretora Brascan afirmou que os números apresentados vieram em linha com suas expectativas, avaliando que a queda de 2,6 pontos percentuais na margem Ebitda mostrou uma perda de eficiência operacional maior do que era esperado.

"Esta queda deve-se a uma redução das margens da operação brasileira decorrente de menores preços de frete no mercado spot [à vista] e da forte redução do volume de carga de retorno", ponderou.

Também pressionando os resultados, a equipe destacou o aumento anual de 31% das despesas operacionais do quarto trimestre, impulsionadas alta de 190% nos gastos gerais e administrativos no Brasil. As despesas financeiras líquidas subiram 25% mesmo sem estarem afetadas pela depreciação cambial, já que a dívida da empresa não possui exposição ao dólar.

No sentido oposto, ambas as equipes destacaram o expressivo crescimento nas operações da ALL Argentina, com uma melhora significativa em todos os itens operacionais. O crescimento anual da receita da subsidiária argentina foi de 64,4%, chegando a 49 milhões de reais.

Perspectivas para 2009

Para a Brascan, este ano deve trazer boas oportunidades de negócios para a companhia, apesar do atual cenário econômico adverso. "Esperamos boas oportunidades para a ALL no ano de 2009, apesar de haver certos pontos negativos aos quais devemos dedicar atenção", afirmou.

Em termos de volume, é esperado que a empresa apresente um primeiro semestre forte por causa do alto nível de estoques de commodities agrícolas ao fim de 2008. A ALL informou ainda que mais de 72% do volume esperado para 2009 já foi negociado, garantindo certa segurança, na visão dos analistas.

"Entretanto, devemos observar as diversas projeções governamentais que apontam para quedas em torno de 6% para o volume da safra 2008/2009", ressaltaram.

A ALL reiterou suas projeções de avanço do volume entre 10% e 12% para 2009, número que, segundo a Ativa, parece bastante otimista, diante do cenário de quebra de safra agrícola no Brasil e redução da corrente de comércio mundial para este ano.