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Resultado operacional da Petrobras deixa a desejar, dizem analistas

Aumento nos custos de exploração e nas despesas administrativas e com vendas prejudicam lucros da estatal

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

O balanço da Petrobras, divulgado na noite da última sexta-feira (6/3), acendeu uma luz de alerta para investidores e analistas. A companhia apontou um forte aumento de custos e despesas, acima das expectativas do mercado. "É natural que custos e despesas sejam maiores no último trimestre do ano, mas dessa vez vieram muito além das nossas previsões", ressalta Luiz Broad, analista da corretora Ágora.

Em relatório, a corretora Ativa destaca que "a impressão é de que o ajuste nos custos e despesas está sendo bem mais lento do que o ideal, diante da contínua fraqueza do mercado de petróleo e de derivativos". Nos últimos três meses de 2008, as despesas operacionais da Petrobras subiram 28,7% em relação ao trimestre anterior, comprometendo sua geração de caixa e achatando as margens de lucro. A margem de lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (margem ebitda) recuou 8,1 pontos percentuais em relação ao terceiro trimestre, para 15,1%. De acordo com a Ativa, se fossem excluídos todos os itens extraordinários com efeito caixa, a margem ebitda da estatal subiria 2,9 pontos percentuais. Ainda assim, ficaria bem abaixo do verificado no trimestre anterior. 

 
 
As despesas com vendas também dispararam, ficando 58% acima do verificado no trimestre anterior. Parte dessa alta foi ocasionada pelo aumento na provisão para devedores duvidosos, que chegou a 103 milhões de reais. Já os custos exploratórios para extração de petróleo foram elevados em 38%.

Para o economista da corretora Alpes, José Góes, os números da Petrobras evidenciam falta de eficiência. Na comparação ano a ano, é possível notar um aumento de 36% na receita operacional líquida, enquanto o lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (ebitda) cresceu apenas 14%. "Se a Petrobras fosse privada, provavelmente seu resultado seria bem melhor. O grande temor do mercado é de que o governo acabe utilizando a empresa para fazer política", diz o economista. Realizar ajustes de custos em uma estatal, principalmente em época de crise, não é simples. Este ponto é considerado o calcanhar de Aquiles da estatal. Enquanto alguns analistas ressaltam a urgência de implementação de um programa de corte de custos, outros ponderam, lembrando a influência do governo sobre os negócios. "Sempre ficará esse dilema", diz Góes.

Para o próximo trimestre, a expectativa não é de mudanças. Os analistas esperam mais um resultado pressionado por fortes despesas e custos. "Mesmo com a boa notícia vinda da queda do custo de refino e do overhead corporativo, será preciso bem mais para conseguir enfrentar a forte queda na geração de caixa e o elevado programa de investimentos", ressalta a Ativa. A corretora estima uma redução de cerca de 10% nos preços da gasolina e do diesel nas refinarias no terceiro trimestre de 2009.

Acordo com os Estados Unidos?

Nesta segunda-feira (9/3), o jornal espanhol El País, divulgou a informação de que os Estados Unidos estão prestes a fechar um acordo com o governo brasileiro para o fornecimento de petróleo e derivados. Segundo o periódico, o objetivo do presidente Barack Obama é reduzir a dependência americana do petróleo vindo da Venezuela.

A concretização do negócio estaria dependendo da capacidade da estatal brasileira de extrair petróleo dos poços recém-descobertos no litoral do Rio de Janeiro e de São Paulo. Citando fontes diplomáticas e governamentais de Brasília, o jornal afirma que a prioridade do governo brasileiro é a auto-suficiência. Uma vez atingida tal meta, a Petrobras entraria na briga pelos mercados mundiais de hidrocarbonetos e derivados.

Para os especialistas, a notícia é positiva, mas não deve trazer retorno imediato para a companhia. "A parceria com os Estados Unidos seria ótima para o Brasil, mas os resultados viriam apenas no longo prazo", diz Góes.

Na Bovespa, as ações da Petrobras (PETR4) oscilam entre leves altas e baixas, refletindo também os resultados do balanço e a alta no preço do petróleo no mercado internacional. Às 14h00, o papel tinha valorização de 0,7%, cotado a 25,68 reais, após ter oscilado até o momento entre a máxima de 26,40 reais e a mínima de 25,11 reais.

A corretora do Santander - que trabalha de forma independente do banco - reduziu nesta segunda-feira seu preço-alvo para as ações da Petrobras - que passou a ser de 43 reais -, mas menteve a recomendação de compra para os papéis. Em relatório, os analistas Christian Audi e Ana Browne destacam os bons fundamentos da companhia, considerados "fortes" tanto na comparação com os concorrentes de países emergentes, quanto em relação aos gigantes dos Estados Unidos e da Europa. "Na nossa opinião, a Petrobras apresenta uma combinação-chave de elementos que muitas petrolíferas mundiais não têm e que os investidores procuram: novas descobertas, grandes reservas e continuidade no potencial de crescimento."
 

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