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Tripé dos investimentos: diferenças entre risco, rentabilidade e liquidez

Conheça o tripé dos investimentos, os três aspectos que devem ser considerados ao se analisar um ativo: o risco, a liquidez e a rentabilidade

 (Hero Images/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 14 de dezembro de 2020 às 13h02.

Última atualização em 11 de julho de 2022 às 14h27.

O propósito de qualquer aplicação financeira é multiplicar o patrimônio do dono do dinheiro. Mas a rentabilidade pode não ser o fator mais importante na equação de um investimento, a depender dos planos e do perfil de quem está investindo.

Antes de escolher um produto financeiro, é muito importante entender o papel da rentabilidade e da liquidez para os investimentos.

Você vai aprender neste artigo a analisar esses aspectos fundamentais antes de montar uma carteira.

Tríade dos Investimentos: rentabilidade, liquidez e risco

Três aspectos fundamentais devem ser considerados ao se analisar um investimento: o seu risco, a sua liquidez e a sua rentabilidade. Esses três fatores formam o chamado tripé ou tríade dos investimentos. Eles são chamados assim porque servem como uma base de análise para a tomada de decisão do investidor.

Os três fatores raramente estarão juntos e na mesma proporção em um único investimento. Isso significa que toda escolha de investimento representará uma renúncia a pelo menos um desses três aspectos.

1. Risco

Como o próprio nome sugere, o risco indica a chance de o investidor não receber retorno naquela aplicação. Todo e qualquer investimento possui risco, mas existem níveis diferentes desse risco.

Em alguns casos, o risco envolve o de perder toda ou parte da rentabilidade. Em outros, o risco é de perder também o valor inicial investido. Em geral, quanto maior o risco, maior a chance de prejuízos.

2. Liquidez

Já a liquidez é o fator que aponta para a disponibilidade do valor aplicado -- ou seja, com qual rapidez o investidor consegue resgatar a aplicação.

A liquidez é geralmente é determinada pela sigla D+X (por exemplo: D+1, D+2, D+30, e assim sucessivamente). O valor numérico indica o número de dias úteis necessários para que o dinheiro seja resgatado. Sendo assim, uma aplicação com D+30 levará 30 dias úteis para cair na conta do investidor, a partir do pedido de resgate.

3. Rentabilidade

A rentabilidade nada mais é do que o retorno previsto para aquele investimento. No caso da renda fixa, essa rentabilidade costuma já ser conhecida no momento em que o dinheiro é aplicado.

Já para a renda variável, a rentabilidade vai depender de uma série de fatores, e poderá ser positiva (lucro) ou negativa (prejuízo).

Existem três tipos de retorno, no mundo dos investimentos: prefixada, pós-fixada e híbrida.

O que é investimento prefixado, pós-fixado e híbrido?

Veja abaixo os três principais tipos de cálculo de rentabilidade dos investimentos em renda fixa:

  • Prefixado

As aplicações prefixadas têm o seu retorno totalmente determinado já no momento da contratação. Em geral, esses investimentos apresentam uma taxa fixa de rendimento anual. Por exemplo: um CBD prefixado que rende 5% ao ano.

Nesse caso, o rendimento será exatamente aquele determinado no início, mesmo que outras variáveis (como inflação, CDI ou taxa Selic) mudem no meio do caminho. Isso pode ser bom, quando esses indicadores que influenciam os investimentos ficam menores, ou pode ser ruim quando há uma reversão de cenário e esses indicadores aumentam.

Para entender melhor o que essa reversão de cenário significa, é importante entender o que é investimento pós-fixado.

  • Pós-fixado

Os investimentos pós-fixados têm o retorno influenciado diretamente por um indicador. Esse indicador pode ser o CDI (taxa que acompanha os juros básicos do país), o IPCA (principal índice de inflação brasileiro) ou a própria taxa Selic.

Isso significa que quem investe em um título pós-fixado não consegue saber com exatidão o rendimento no período, ou a cada ano. Mas existem estimativas feitas por economistas, como as que são apontadas no Boletim Focus, do Banco Central, que permitem ter uma ideia do desempenho futuro desses indicadores.

As aplicações pós-fixadas geralmente apresentam um percentual do indicador de referência, por exemplo: um CDB que rende 120% do CDI.

  • Híbrido

Como o próprio nome sugere, o rendimento híbrido é uma mistura do pós-fixado com o prefixado. Ele se apresenta por uma taxa fixa, em percentual, somada ao desempenho de um indicador.

Um bom exemplo são os títulos do Tesouro Direto da classe IPCA+, cujo rendimento é um percentual fixo mais a inflação acumulada -- por exemplo: IPCA + 3% ao ano.

Como calcular a rentabilidade de um investimento?

Agora que você já sabe os tipos de regime de retorno para os investimentos, é hora de aprender a calcular o lucro. No caso dos títulos prefixados, essa tarefa é simples: basta corrigir o saldo investido anualmente pela taxa indicada.

Já no caso dos híbridos e pós-fixados, a conta deixa de ser exata. O investidor pode usar as projeções do mercado para os indicadores para fazer essa conta. Por exemplo: se as estimativas apontam para um CDI de 5% ao ano, então uma aplicação que renda 110% do CDI terá um retorno médio de 5,5% naquele período.

Caso seja um investimento híbrido, basta somar a taxa fixa ao indicador. Exemplo: se o retorno for de 2% mais a inflação do ano, e se a projeção do IPCA para aquele ano for de 4%, então o investidor colherá um lucro aproximado de 6%.

É importante lembrar, no entanto, que as projeções mudam constantemente, e por isso o cálculo é aproximado. Além disso, o investidor deve considerar que as taxas de rendimento são brutas, e que após isso é preciso calcular ainda os descontos (impostos, taxas de administração etc.)

Qual a diferença entre rentabilidade e lucratividade?

Como explicamos, a rentabilidade é um indicador que mostra de forma aproximada ou exata o retorno de um investimento. No entanto, esse rendimento ainda pode sofrer outros descontos, como impostos e taxas de administração e corretagem.

Para estimar o retorno líquido de um investimento, existe a lucratividade. Ela indica exatamente o lucro da aplicação, já com todos os descontos necessários -- ou seja, é o valor que o investidor, de fato, embolsa.

Como rentabilidade, liquidez e risco se relacionam?

Risco e retorno costumam ter correlação positiva: ou seja, se movem juntos. Um investimento conservador como a renda fixa possui baixo risco e baixa rentabilidade. Por outro lado, o investimento em ação possui alto potencial de rentabilidade e riscos elevados.

Com a redução nos últimos anos das taxas de juros, nenhum investimento sozinho apresenta alta rentabilidade, alta liquidez e baixo risco. Mas esses objetivos podem ser equilibrados por meio da diversificação dos investimentos.

Isso significa alocar uma parte dos investimentos em produtos com maior rentabilidade, outra com maior liquidez, e uma terceira parte em ativos com menor risco.

Como saber se o retorno do investimento é bom?

Como mencionamos, o retorno vai depender diretamente do risco e da liquidez. Isso significa que nem sempre o investimento com maior promessa de rendimento é o melhor possível. Tudo vai depender do prazo de aplicação, das condições de resgate, do risco da instituição emissora e dos próprios objetivos do investidor.

No entanto, alguns parâmetros ajudam a entender se aquele retorno faz sentido diante das opções disponíveis no mercado.

Para saber se o retorno daquele investimento é bom, o primeiro passo é comparar com aplicações de perfil similar. Por exemplo: se quiser saber se o rendimento de um CDB é bom, compare as taxas de CDBs com mesmo prazo e emitido por outros bancos com um índice de Basileia similar.

Outro ponto importante é considerar a conjuntura do país. Rendimentos abaixo da inflação ou da taxa Selic, por exemplo, indicam risco de oportunidade. Se o investidor alocar seus recursos em uma aplicação que não rende sequer o valor da inflação isso significa que ele estará perdendo poder de compra no período de investimento.

O retorno da poupança é bom?

A caderneta de poupança é, ainda, a aplicação que mais atrai investidores no país. Isso acontece por três pontos principais: liquidez imediata (ou seja, os recursos podem ser resgatados a qualquer momento), segurança (os bancos são os emissores) e isenção de Imposto de Renda.

No entanto, as novas regras da poupança determinam um rendimento de 70% do CDI para a caderneta. Como o CDI acompanha de perto a taxa básica de juros do país, em momentos em que a Selic fica abaixo da inflação, o investidor colhe um rendimento real negativo -- ou seja, o retorno é insuficiente para cobrir a desvalorização do próprio dinheiro.

Existem diversas alternativas à poupança no mercado, com um risco similar, liquidez diária e rendimento acima dos 70% do CDI. Dois bons exemplos são os títulos do Tesouro Selic e os CDBs que pagam mais do que 100% do CDI anualmente.

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