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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
Nem todos os investidores perderam dinheiro com a crise do crédito hipotecário nos Estados Unidos. Enquanto acionistas contabilizam os prejuízos resultantes da queda nas bolsas de todo o mundo, quem investiu em fundos cambiais viu seu patrimônio engordar rapidamente neste mês.
Segundo dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimentos (Anbid), entre os dias 1º e 16 de agosto, os fundos cambiais tiveram rentabilidade média de 10,34%, ante 0,5% dos fundos DI, 0,22% da renda fixa, -2,54% dos multimercados e -15% dos fundos de ações. O Ibovespa no período recuou 11,38%.
O bom desempenho dos fundos cambiais é justificado pela alta de 12,5% no dólar, que saiu de 1,878 reais no dia 31 de julho para 2,112 reais na última quinta-feira. "Não era esperada uma valorização tão forte, mas enquanto não se souber o tamanho do problema nos Estados Unidos, o dólar não deve voltar para o patamar de 1,85 reais", afirma Luciano Damatto, gerente da corretora Souza Barros. Até o estouro da crise imobiliária americana, os especialistas estimavam que a cotação da moeda americana permaneceria oscilando entre 1,80 reais e 1,90 reais nos próximos meses. A fuga dos investimentos estrangeiros da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) - que somou 1,6 bilhão de reais somente nos dez primeiros dias do mês -, no entanto, deve continuar pressionando a moeda.
"A época de dólar barato está acabando. Aos poucos, o dólar deve voltar a subir", diz o administrador de investimentos Fábio Colombo. Para ele, a crise nos Estados Unidos pode ter sido o estopim para o início de uma correção de preços, não só na Bolsa, mas também no câmbio.
Diante de uma nova perspectiva de alta no dólar, a captação dos fundos cambiais, que vinha sendo negativa nos últimos meses, voltou a crescer. Na primeira quinzena de agosto, os depósitos superaram os resgates em 92,5 milhões de reais, elevando para 898,5 milhões de reais o patrimônio total desses produtos no país.
Os especialistas, entretanto, recomendam a aplicação em fundos cambiais apenas em duas situações: como forma de diversificação dos investimentos - não devendo, portanto, ultrapassar 20% do total da carteira -, e em caso de compromissos em dólar, como uma viagem ao exterior ou a compra de um bem. "Quem decidir investir agora entrará na alta e, provavelmente, acabará resgatando os recursos na baixa. A aplicação em fundo cambial só é válida para aqueles que precisam se proteger de uma eventual valorização do dólar", afirma Colombo.
Os investidores com recursos em excesso nos fundos cambiais podem aproveitar o momento para resgatar as aplicações e embolsar o lucro. Para novos investimentos, os especialistas aconselham os fundos DI e, no longo prazo, ações. "O ideal é ir comprando os papéis aos poucos, aproveitando esse período de baixa na Bolsa", diz Colombo.