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Quem comprou R$ 100 em bitcoins há seis anos hoje tem R$ 120 mil

Desde 2011, a moeda virtual disparou e, agora, quem não comprou lá atrás está arrependido. Veja simulação

Bitcoin: Apenas em agosto, a moeda virtual se valorizou em 103% (Bitcoin/Getty Images)

Bitcoin: Apenas em agosto, a moeda virtual se valorizou em 103% (Bitcoin/Getty Images)

Anderson Figo

Anderson Figo

Publicado em 1 de setembro de 2017 às 05h00.

Última atualização em 1 de setembro de 2017 às 11h23.

São Paulo — Há seis anos, o valor de uma bitcoin era de 15 reais. Hoje, uma unidade da moeda virtual sai por 18 mil reais. Isso significa que se você tivesse comprado 100 reais em bitcoins lá atrás, o que dariam 6,67 unidades, elas valeriam atualmente 120 mil reais.

Arrependido? Calma, você não é o único. Segundo Rodrigo Batista, fundador e CEO do Mercado Bitcoin —plataforma brasileira para compra e venda da moeda virtual—, muitas pessoas que não acreditaram no potencial da moeda lá atrás hoje estão desesperadas para ter uma.

Desde o início de agosto, a bitcoin vem batendo um recorde de preço atrás do outro e acumula valorização de 103,4% somente nesse período. No primeiro dia do mês passado, custava cerca de 8.850 reais, e ontem, valia 18 mil reais —uma diferença de 9.150 reais. Em 2017, a alta da bitcoin ultrapassa os 350%.

Veja abaixo uma simulação feita pela Mercado Bitcoin de compra de 100 reais em bitcoins nos últimos seis anos e quanto elas valeriam hoje, considerando que a pessoa manteve a moeda digital em sua carteira durante todo o período.

Data da compraPreço na data da compraQuantidade comprada*Quanto valeriam hoje**
31/08/2016R$ 1.947,920,05R$ 924,06
31/08/2015R$ 869,040,12R$ 2.071,24
31/08/2014R$ 1.245,000,08R$ 1.445,78
31/08/2013R$ 319,950,31R$ 5.625,88
31/08/2012R$ 23,574,24R$ 76.368,26
31/08/2011R$ 15,006,67R$ 120.000,00

*Os valores foram arredondados para facilitar a compreensão
**Considera cotação de 31 de agosto de 2017, de 18 mil reais

Fonte: Mercado Bitcoin

Para Batista, alguns eventos explicam essa guinada recente da cotação. "O primeiro deles é o fato de que, em maio, o Japão regulamentou a bitcoin, que passou a poder ser transacionada naquele país como qualquer outra moeda, por exemplo o euro e o dólar americano", explicou.

A decisão japonesa, segundo o executivo, chamou atenção de investidores institucionais no Japão para o mercado de bitcoins. Em pouco tempo o país passou a ser o líder mundial em detentores da moeda virtual.

"Isso acabou estimulando investidores institucionais de outras partes do mundo a comprar as bitcoins também, o que ajudou a empurrar os preços para cima. Sem contar que grandes bancos de investimentos, como o Goldman Sachs e o Morgan Stanley, passaram a fazer relatórios indicando a compra da moeda virtual", disse Batista.

A alta demanda provocou, inclusive, uma divisão da bitcoin em duas: a convencional, mais utilizada, e a cash. O movimento também fez aumentar o número de estabelecimentos que aceitam pagamento com bitcoins no mundo todo. Em São Paulo, por exemplo, um restaurante já aceita a moeda virtual na hora de os clientes pagarem a conta.

Como comprar e riscos

Se você se interessou por comprar bitcoins, mas não tem 18 mil reais para isso, não se preocupe: é possível comprar frações da moeda digital por um preço muito mais acessível do que o cheio. Na plataforma online Mercado Bitcoin, por exemplo, o mínimo é 50 reais.

Mas, cuidado: o risco é alto. "É tão alto ou até maior do que investir em ações", disse Batista. "Do mesmo jeito que a moeda virtual teve uma valorização expressiva de 2011 para cá, com ajuda de uma série de fatores, ela pode inverter a tendência e devolver parte do ganho a qualquer momento."

Por isso, se decidir "tentar a sorte", utilize um recurso que não fará falta para você caso venha a ter prejuízo lá na frente. Além disso, é preciso pesquisar onde a compra será feita.

Existem diversas plataformas online no Brasil e no exterior para a negociação de bitcoins, mas como a moeda virtual ainda não é regulamentada por aqui, não há uma certificação ou lista do Banco Central dos canais confiáveis para fazer a operação.

Por isso, a pesquisa é essencial. Procure na internet sobre a reputação da plataforma e tente falar com pessoas que já utilizaram o serviço para saber se pode confiar no que está sendo oferecido.

Uma vez escolhida a plataforma, o processo é bem parecido com uma compra de ações através de uma corretora: após fazer cadastro, será preciso transferir o dinheiro para a conta da empresa, que vai disponibilizar seu saldo para negociar a moeda virtual.

Leão

Apesar de a bitcoin ainda não ser regulamentada no Brasil, é preciso avisar a Receita Federal sobre suas negociações com a moeda virtual.

Neste ano, o manual de perguntas e respostas da Receita, conhecido como "perguntão", trouxe dois tópicos específicos para a declaração de moedas digitais.

Veja abaixo o que fazer para acertar as contas com o Fisco.

  1. A apuração e recolhimento dos rendimentos com bitcoin deve ser feita em todos os meses nos quais a soma das vendas exceder 35 mil reais, utilizando-se o Programa de Apuração dos Ganhos de Capital que pode ser baixado no site da Receita Federal.
  2. Na declaração anual do Imposto de Renda, deve-se apontar os ganhos do ano anterior e o saldo em bitcoins do dia 31 de dezembro 
  3.  Até o final de dezembro de 2016, quem obteve ganhos de capital na venda de bitcoins pagou 15% de Imposto de Renda independentemente do valor do lucro. A partir de janeiro de 2017, somente os ganhos de capital de até 5 milhões de reais serão tributados em 15%. A alíquota sobe para 17,5% nos ganhos entre 5 milhões e 10 milhões de reais, para 20% nos ganhos entre 10 milhões e 30 milhões de reais e para 22,5% nos lucros acima de 30 milhões de reais. 
  4. Quem possui mil reais ou mais em bitcoins, deve incluí-los na seção “outros bens” da declaração de Imposto de Renda, usando o valor de aquisição. 
  5. Caso você não tenha declarado os ganhos com bitcoins nos últimos cinco anos, precisa pagar o imposto com multa e juros.
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