Quanto custa praticar esportes radicais
O preço da adrenalina é alto, mas há modalidades de aventura para todos os perfis
Da Redação
Publicado em 19 de novembro de 2011 às 07h00.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h29.
O paraquedismo ou skydiving é o primeiro passo para quem quer praticar esportes que envolvam saltos de lugares altos – e hoje em dia não faltam modalidades. A capital do paraquedismo brasileiro é a cidade de Boituva, em São Paulo, embora o esporte seja praticado no país inteiro, com destaque cidades como Rio de Janeiro, Piracicaba (SP), Florianópolis e Itaparica (BA). O que muita gente faz é agendar um salto com instrutor, apenas para matar a vontade, o que na Escola Brasileira de Paraquedismo, em Boituva, varia de 300 a 600 reais. Quem desejar transformar o esporte em hobby deverá fazer um curso que custa em torno de 4.000 reais, com equipamento incluso. Quando se conquista maior autonomia para saltar, pode-se, a princípio, alugar o equipamento, por cerca de 60 reais. A vaga no avião para o salto custa entre 85 e 130 reais. Os atletas mais avançados provavelmente vão querer comprar o próprio equipamento, sempre importado, e cujo preço vai de 5.000 a 10.000 dólares, fora impostos e frete.
Considerado um esporte marginal, mas que ganha cada vez mais respeito entre os radicais, o BASE Jump é uma aventura em todos os aspectos. Primeiro porque sua prática proibida em muitos países – Brasil incluído. Os saltos são realizados de pontos fixos no solo, como penhascos, pontes, prédios e antenas de transmissão, e a única forma de chegar até eles é mesmo na surdina. Segundo, não há paraquedas reserva, e as alturas de salto são assustadoramente reduzidas – entre 80 e 100 metros, contra os 4.000 metros de um salto de paraquedas convencional. Como o BASE Jump não é regulamentado, não é preciso ser paraquedista para praticá-lo, embora seja altamente recomendável. É necessário também preparo físico e alguma experiência com trilhas e escaladas para chegar ao ponto mais alto com todo aquele equipamento nas costas. A parafernália custa em torno de 3.000 dólares, fora impostos e frete. No Brasil, o único curso de BASE Jump é oferecido pelo paraquedista André Sementile, o Andrezão, que cobra em torno de 1000 reais, incluídas suas despesas de viagem.
O Wing Suit nada mais é que um traje especial criado no início dos anos 90 para apimentar a relação dos paraquedistas com a adrenalina. A roupa com asas, como poderia ser descrita, diminui a velocidade vertical e aumenta a velocidade horizontal do atleta, fazendo com que ele de certa forma voe como um pássaro. A velocidade média de queda cai de 200 para 60 km/h, tornando possível um deslocamento horizontal de algo como 170 km/h. Embora envolva todo equipamento normal de paraquedismo, a sensação dessa prática esportiva é bem diferente à queda veloz experimentada no salto livre. Os saltos tanto podem ser realizados de aviões como de pontos fixos, conforme a modalidade BASE Jump. O tempo de voo pode chegar a dois minutos. Para tornar-se um praticante de Wing Suit é necessário ser um paraquedista experiente, com um mínimo de 200 saltos. O traje custa entre 800 e 3.000 dólares.
Assim como ocorre com o paraquedismo, o praticante de mergulho pode optar por passeios eventuais, com instrutor, ou por dedicar-se com mais afinco ao esporte. Em Fernando de Noronha (PE), o chamado “Batismo” – primeira experiência embaixo d’água – custa 290 reais, incluindo equipamento, e dura de 25 a 30 minutos. Quem quiser levar a coisa mais a sério poderá fazer cursos de mergulho recreativo, todos padronizados conforme regras internacionais. Em Noronha, o curso básico sai por 1.760 reais e inclui quatro saídas, equipamento e aulas teóricas. Já o avançado sai por 1.560 reais. As escolas credenciadas à agência internacional de mergulho NAUI oferecem ainda cursos especializados para atletas mais avançados, como mergulho à noite ou em águas mais profundas. Os que realmente quiserem se dedicar à coisa podem considerar comprar um equipamento próprio, em vez de alugá-lo. De acordo com Alvanir Silveira de Oliveira, da NAUI, um bom equipamento básico, com máscara, snorkel e nadadeira, custa entre 250 e 300 reais. Já o equipamento completo sai por algo em torno de 1.500 a 3.000 reais.
Para os que curtem a vida ao ar livre, mas preferem manter os pés no chão – ou quase – a escalada pode ser uma excelente combinação de exercício físico, passeio e aventura. Uma boa maneira de ganhar preparo físico e prática é começar treinando nos circuitos indoors. Na Casa de Pedra, em São Paulo, o usuário pode sentir-se livre para praticar por 50 reais por dia ou 199 reais por mês. Com 500 reais já é possível comprar o equipamento básico, com sapatilhas, cadeirinha e saco de magnésio. Escalar pedras e montanhas já é uma tarefa mais árdua e requer um curso específico. Na escola de escalada Montanhismus, em São Bento do Sapucaí (SP), o curso de dois dias sai por 500 reais por pessoa, incluindo equipamento e abrigo de montanha. A prática de Bouldering (escalada em pedra) requer apenas o equipamento básico, mas a chamada escalada em parede deve ser praticada com equipamento completo, que sai a cerca de 3.000 reais para duas pessoas – o esporte é necessariamente praticado em dupla. Montanhistas mais avançados, que comecem a fazer rotas maiores, precisarão de um equipamento mais sofisticado, que varia de 3.000 a 4.000 reais por pessoa. Além de São Bento do Sapucaí, outras regiões de referência do montanhismo nacional são a Serra Gaúcha, a Serra do Cipó (MG), Quatro Barras (PR) e a capital fluminense, maior centro de escalada urbana do mundo.
Embora nascido na década de 1970, o Street Luge ainda é pouco conhecido. O esporte foi inventado por skatistas americanos que resolveram deitar em seus skates para ganhar mais velocidade ao descer ladeiras. Hoje a modalidade é mais técnica, com mais adrenalina e permite os atletas a atingirem velocidades de até mais de 100 km/h em pranchas especiais sobre rodas. No Brasil, a cidade que mais concentra atletas é Curitiba, que conta até mesmo com uma equipe de Street Luge, a Rápido e Rasteiro. Como ainda não é comercializado em larga escala, o street luge é montado pelos próprios atletas. O Shape, peça onde o corpo é posicionado, costuma ser fabricado pelos praticantes, mas a Rápido e Rasteiro vende o item pronto por 500 reais. As demais peças são o Truck (eixos de longboard), que custam em média 200 reais, mas podem chegar a 800 reais, quando exclusivos para street luge; rodas de uretano e eixo de 83 centímetros, no valor de 250 reais, em média; e os rolamentos de tamanhos padrão para skate, com esferas de zircônia (“Rolamentos de Cerâmica”), no valor de 250 reais o conjunto de oito peças. Os equipamentos de segurança também são importantes. O conjunto com capacete (especial para Street Luge ou de motocicleta mesmo), luvas de couro, tênis de couro com sola adaptada com borracha de pneu para frenagem, macacão de couro (como os de motovelocidade) e cotoveleiras sai por algo em torno de 2.000 reais.
A prática de rafting é mais acessível, pois não requer qualquer experiência anterior, desde que respeitadas as classificações dos rios, entre iniciantes e experientes. Para experimentar não é necessário comprar qualquer equipamento específico ou fazer um curso, apenas juntar um grupo para fechar a reserva da embarcação. Na empresa paulista Rafting Brasil, por exemplo, os preços dos passeios variam de 80 a 185 reais por pessoa, em percursos fluviais localizados em cidades como Juquitiba, Brotas, Cerquilho e São Luiz do Paraitinga. Quem desejar se aprofundar pode, ainda, fazer um curso de guia de rafting, cujo preço gira em torno de 400 reais. Para tornar-se instrutor, há uma série de certificações internacionais disponíveis, e torna-se necessário investir no próprio equipamento. Os valores não são tão altos. Capacete, colete salva-vidas, roupas de neoprene ou lycra, sapatilha e equipamentos de segurança custam entre 1.500 e 2.000 reais.
Os que estiverem buscando um pouco menos adrenalina e mais testes de resistência física certamente vão gostar das corridas de aventura, modalidade que combina, num único circuito, trechos diversos de caminhada (trekking), mountain bike e as chamadas técnicas verticais (escalada, rapel, tirolesa e arborismo, por exemplo). O circuito é dividido em postos de controle, que devem ser alcançados pelo atleta ao longo da prova. A distância percorrida em geral varia de 35 a 50 quilômetros, mas há provas de mais de 100 quilômetros que duram dias. Segundo Leonardo Barbosa, organizador do circuito Haka Race, de São Paulo, o equipamento de trekking sozinho custa entre 600 e 750 reais, incluindo tênis, calça e o trekking pow, que auxilia no equilíbrio do atleta. Para a prática de mountain bike, os custos ficam em torno de 3.500 reais, e o que pesa mesmo é a bicicleta, cujo valor fica em torno de 3.000 reais. Finalmente para as técnicas verticais, o preço é de cerca de 300 reais.