Problema financeiro gera mais estresse e ansiedade entre negros e pobres
Levantamento do Datafolha apontou que os negros são os que mais sentem o impacto financieiro em meio à pandemia
Karla Mamona
Publicado em 6 de agosto de 2020 às 12h19.
Em meio à pandemia de coronavírus , a questão financeira é motivo de estresse e ansiedade entre 67% dos brasileiros. É o que aponta uma pesquisa encomendada pelo C6 Bank ao Datafolha e divulgada nesta quinta-feira, 6.
O impacto da crise é sentido principalmente entre as classes sociais mais baixas. Na classe D/E, 71% disseram que estão ansiosos e estressados quando o assunto é dinheiro. Na classe C, o percentual é de 69%, enquanto classes A/B, a resposta foi dada por 58%.
Os dados apontam que a preocupação com o dinheiro pode ser explicada porque 58% dos entrevistado tiveram a renda familiar reduzida. Novamente, as classes D/E e C foram as mais afetadas, com 61% e 60%, respectivamente. Com a renda reduzida, os brasileiros (45%) adiaram o pagamento ou renegociaram as dívidas.
Além das classes, o estudo fez o recorte pela cor da pele. Em todos os grupos (preta/parda, branca e outros) observa-se relatos de situações de redução da renda e estresses relacionados às questões financeiras, no entanto entre os entrevistados que se declaram de cor preta e parda as situações são mais frequentes, em comparação aos entrevistados de cor branca.
Pelos dados, 61% dos entrevistados que se autodeclararam preto/pardo tiveram renda familiar reduzida e 48% precisaram adiar ou renegociar as dívidas. Entre os brancos, os percentuais são de 54% e 40%, respectivamente.
“Historicamente, pessoas com menor renda já enfrentam, além das dificuldades para atender às necessidades básicas da família, acesso restrito à educação financeira. Isso torna difícil planejar-se até mesmo para as pequenas emergências do dia a dia, como um acidente ou problema de saúde”, diz Liao Yu Chieh, educador financeiro do C6 Bank. “Com uma pandemia agravada por uma retração econômica, esse é o grupo que vai sentir na pele e no bolso todos os efeitos da crise.”