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Perdigão e VCP são arrastadas pela queda da Sadia e Aracruz

Mercado castigou papéis das empresas, após suas concorrentes divulgarem prejuízos com contratos de derivativos

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

A Perdigão e a VCP foram contaminadas nesta sexta-feira (26/9) pelo mau humor do mercado em relação a suas concorrentes, Sadia e Aracruz, que anunciaram perdas com operações de derivativos. As baixas ocorreram por motivos distintos. A Perdigão foi apanhada pelo efeito manada, e viu suas ações ordinárias (PRGA3, com direito a voto) encerrarem o dia a 36,20 reais, uma queda de 5,74%. Já a VCP sentiu, pela primeira vez, o efeito negativo de aumentar sua participação no capital da Aracruz. Suas ações preferenciais (VCPA4, sem direito a voto) encolheram 10,65%, para 31,18 reais. Apesar de representativas, as quedas foram bem menores que as da Sadia (-35,47%) e Aracruz (-16,76%). O Ibovespa, principal indicador da bolsa paulista, terminou em 50.782 pontos, com queda de 2,02%.

A Perdigão não possui exposição excessiva em derivativos de câmbio, mas isso contou pouco para os investidores, segundo Luciana Leocádio, chefe de análise da corretora Ativa. "A empresa foi apanhada pelo efeito manada, mas sua situação não tem paralelo com a da Sadia", afirma.

No início de agosto, a VCP anunciou sua intenção de elevar a participação no capital da Aracruz dos atuais 28% para 56%, ao comprar a fatia da família Lorentzen, fundadora da companhia, por 2,71 bilhões de reais. Em meados de setembro, a VCP e a família Safra - detentora de uma participação relevante na Aracruz - chegaram a um acordo para compartilhar o controle da empresa.

Assim, a Aracruz passa a pesar cada vez mais no balanço da VCP - e as perdas anunciadas nesta sexta deixam de ser um fato isolado. "A VCP não tem exposição significativa em derivativos, mas a Aracruz está acima do recomendável", afirma Mônica Araújo, analista de papel e celulose da Ativa. Do primeiro para o segundo trimestre, a empresa aumentou em 33% sua exposição ao câmbio, chegando a 360 milhões de dólares. A Aracruz também mantinha, no final de junho, 387 milhões de dólares em contratos de swap. Como as posições variam dia-a-dia, não é possível calcular como está a exposição da empresa neste momento.

Empresas correm para se descolar

Companhias de diversos setores apressaram-se para se descolar do efeito Sadia-Aracruz nesta sexta. Na bolsa de apostas, dois nomes despontaram como potenciais perdedores também: a CSN e a Vale. De acordo com o Bradesco, a CSN poderia perder 700 milhões de dólares (cerca de 1,3 bilhão de reais) com operações de swap. Segundo o banco, a siderúrgica mantém suas dívidas em moeda estrangeiras protegidas por hedge, e as perdas se limitariam aos contratos de swap. A empresa não se pronunciou a respeito até o momento.

Já a Vale poderia ter sofrido 600 milhões de reais de perdas em contratos de derivativos de câmbio, segundo o Bradesco. Em nota, a Vale negou qualquer prejuízo. "A Vale nega terminantemente que tenha realizado perdas com as variações recentes da taxa de câmbio real-dólar", afirmou a empresa.

Para evitar que o efeito manada derrubasse seus papéis, diversas empresas divulgaram notas ao mercado informando que não possuem operações com derivativos além dos limites pré-determinados. A SLC Agrícola, produtora de algodão, soja e milho, afirmou que "não executa operações alavancadas com derivativos de câmbio". Segundo a empresa, os contratos servem apenas para se proteger de variações da moeda americana.

A gaúcha Marcopolo, fabricante de carrocerias de ônibus, destacou que adota uma "política conservadora" e que "não pratica operações de derivativos ou de outros instrumentos que não objetive a proteção das operações". A empresa informou que, nesta quinta-feira (24/9), possuía uma posição financeira líquida de 115,131 milhões de dólares negativos, garantidos pela carteira de exportações.

A Cosan, maior produtora de açúcar e álcool do país, também divulgou nota afirmando que "não tem exposição alavancada em derivativos de variação cambial com caráter especulativo, limitando-se ao gerenciamento de risco por meio de hedge".

O frigorífico Marfrig informou, em nota, que "não pratica operações alavancadas de derivativos ou instrumentos similares que não objetivem proteção mínima de sua exposição a outras moedas, com a política conservadora de não assumir operações que possam comprometer sua posição financeira". O frigorífico Minerva também informou que "não faz operações alavancadas de derivativos que exponham a empresa a riscos financeiros e perdas de caixa".

A incorporadora e construtora PDG Realty informou que não possui dívidas vinculadas a moeda estrangeira, ou "a qualquer derivativo que resulte em exposição em moeda estrangeira". Outras empresas que descartaram possuir operações semelhantes às da Sadia e Aracruz foram a Embraer, Klabin, a Oi e a Invest Tur.

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