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Para Soros, investidor deve se proteger

Em entrevista à Newsweek, o bilionário não pareceu nada impressionado com a recuperação das bolsas nas últimas semanas

George Soros: visão pouco otimista sobre a renegociação da dívida grega (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 16 de março de 2012 às 18h41.

São Paulo – O veterano investidor George Soro s não parece nada impressionado com a recuperação dos mercados acionários em todo o mundo nas últimas semanas. Em entrevista à revista Newsweek, concedida pouco antes de sua viagem para Davos, na Suíça, onde participará do Fórum Econômico Mundial, Soros afirmou: “A situação é a mais séria e difícil que já experimentei em minha carreira. (...) Estamos observando uma retração generalizada no mundo desenvolvido, que ameaça gerar uma década de estagnação, ou algo pior. O melhor cenário é haver um ambiente deflacionário. O pior é um colapso do sistema financeiro.”

Um dos motivos para tanto pessimismo é que o bilionário ainda acha que é mais provável que a Grécia formalmente declare a moratória da dívida do que consiga renegociá-la amigavelmente com os credores. Para ele, os líderes europeus parecem “fazer apenas o suficiente para acalmar a situação ao invés de resolverem os problemas”. As expectativas alimentadas por líderes como Angela Merkel (Alemanha) e Nicolas Sarkozy de que outras nações ajudarão a Europa a sair do buraco também não seriam razoáveis. “Fiz uma viagem recente à China, e vi que a China não irá resgatar a Europa.”

Com 81 anos de idade e 60 de mercado financeiro, Soros admite que não sabe exatamente o que fazer no atual momento. “Agora sobreviver é a coisa mais importante”.

O bilionário não fala diretamente sobre seu próprio portfólio de investimentos. O que se sabe é que ele tem evitado o ouro (“a última bolha”), investido apenas em ações de empresas sólidas e mantido muito dinheiro em caixa.

Famoso por ter lucrado 1 bilhão de dólares em um único dia em 1992, com uma aposta na desvalorização da libra esterlina, Soros não parece agora ter a mesma certeza sobre a ruína do euro. O bilionário recentemente comprou 2 bilhões de dólares em títulos europeus, principalmente italianos.

O homem que fez fortuna encontrando as brechas da falta de regulamentação dos mercados também tem dedicado boa parte de seu tempo para defender reformas no sistema financeiro mundial. “O colapso da União Soviética foi um evento extraordinário, e nós estamos experimentando algo similar no mundo desenvolvido, sem perceber o que realmente está acontecendo.” Para ele, a crença de que os mercados são eficientes e racionais e podem se autorregular para evitar desastres “é comparável ao colapso do marxismo como sistema político.”

No livro que lançará em fevereiro, “Financial Turmoil in Europe and the United States” (Confusão Finnaceira na Europa e nos Estados Unidos, na tradução literal), ele também prevê que o descontentamento social nos EUA continuará a crescer. As pessoas “têm razão ao se sentir frustradas e bravas” com o custo do resgate do sistema financeiro em 2008. É por isso que movimentos como Occupy Wall Street devem continuar a crescer, diz ele.

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São Paulo – O veterano investidor George Soro s não parece nada impressionado com a recuperação dos mercados acionários em todo o mundo nas últimas semanas. Em entrevista à revista Newsweek, concedida pouco antes de sua viagem para Davos, na Suíça, onde participará do Fórum Econômico Mundial, Soros afirmou: “A situação é a mais séria e difícil que já experimentei em minha carreira. (...) Estamos observando uma retração generalizada no mundo desenvolvido, que ameaça gerar uma década de estagnação, ou algo pior. O melhor cenário é haver um ambiente deflacionário. O pior é um colapso do sistema financeiro.”

Um dos motivos para tanto pessimismo é que o bilionário ainda acha que é mais provável que a Grécia formalmente declare a moratória da dívida do que consiga renegociá-la amigavelmente com os credores. Para ele, os líderes europeus parecem “fazer apenas o suficiente para acalmar a situação ao invés de resolverem os problemas”. As expectativas alimentadas por líderes como Angela Merkel (Alemanha) e Nicolas Sarkozy de que outras nações ajudarão a Europa a sair do buraco também não seriam razoáveis. “Fiz uma viagem recente à China, e vi que a China não irá resgatar a Europa.”

Com 81 anos de idade e 60 de mercado financeiro, Soros admite que não sabe exatamente o que fazer no atual momento. “Agora sobreviver é a coisa mais importante”.

O bilionário não fala diretamente sobre seu próprio portfólio de investimentos. O que se sabe é que ele tem evitado o ouro (“a última bolha”), investido apenas em ações de empresas sólidas e mantido muito dinheiro em caixa.

Famoso por ter lucrado 1 bilhão de dólares em um único dia em 1992, com uma aposta na desvalorização da libra esterlina, Soros não parece agora ter a mesma certeza sobre a ruína do euro. O bilionário recentemente comprou 2 bilhões de dólares em títulos europeus, principalmente italianos.

O homem que fez fortuna encontrando as brechas da falta de regulamentação dos mercados também tem dedicado boa parte de seu tempo para defender reformas no sistema financeiro mundial. “O colapso da União Soviética foi um evento extraordinário, e nós estamos experimentando algo similar no mundo desenvolvido, sem perceber o que realmente está acontecendo.” Para ele, a crença de que os mercados são eficientes e racionais e podem se autorregular para evitar desastres “é comparável ao colapso do marxismo como sistema político.”

No livro que lançará em fevereiro, “Financial Turmoil in Europe and the United States” (Confusão Finnaceira na Europa e nos Estados Unidos, na tradução literal), ele também prevê que o descontentamento social nos EUA continuará a crescer. As pessoas “têm razão ao se sentir frustradas e bravas” com o custo do resgate do sistema financeiro em 2008. É por isso que movimentos como Occupy Wall Street devem continuar a crescer, diz ele.

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