Minhas Finanças

Onde investe o presidente Barack Obama

Títulos do Tesouro dos EUA, ETFs e previdência privada atraem o presidente - que não deixa de aproveitar taxas baixas e isenções tributárias

Família Obama: declaração financeira garante a transparência dos rendimentos de quem está no poder (Handout/Getty Images)

Família Obama: declaração financeira garante a transparência dos rendimentos de quem está no poder (Handout/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 31 de maio de 2011 às 10h20.

São Paulo – A recém-divulgada declaração financeira de Barack e Michelle Obama revela que a família do presidente dos Estados Unidos está bem munida de títulos do Tesouro americano, não importa o que digam os pessimistas que vêm considerando o investimento um mau negócio.

Artigo publicado no site Moneywatch.com pela repórter Carla Fried elenca os rendimentos e investimentos da família mais poderosa dos Estados Unidos, e mostra que o casal Obama se preocupa com aposentadoria, com o estudo das filhas e é conservador quando o assunto é mercado de ações.

Os Obamas possuem entre 2,8 milhões e 11,8 milhões de dólares de patrimônio, diz a declaração, que não revela valores exatos, apenas grandes faixas de renda pré-determinadas. Apesar de não ser possível replicar no Brasil algumas estratégias utilizadas pelo casal - afinal, ainda faltam por aqui instrumentos financeiros e incentivos tributários equivalentes - o presidente e a primeira-dama ensinam que é uma boa pedida aproveitar os abatimentos de impostos.

Títulos do Tesouro

O Federal Reserve, Banco Central americano, já vem discutindo sobre quando deve elevar a taxa de juros para conter a inflação, uma vez que a economia do país já dá sinais de recuperação. Ben Bernanke pode até não se sentir pronto para aumentar a taxa de juros imediatamente, mas os Obamas parecem estar antecipando a subida das taxas dos títulos americanos.

Eles declaram ter entre 1,1 milhão e 5,25 milhões de dólares investidos em Treasury Bills e um valor entre 1 milhão e 5 milhões de dólares em Treasury Notes. As “bills” são mais ou menos equivalentes às nossas Letras do Tesouro Nacional (LTNs) – com prazo de até um ano e pagamento no vencimento – enquanto as “notes” equivalem às Notas do Tesouro Nacional (NTNs), com prazo entre dois e dez anos e pagamento de cupom semestral (ou seja, o invesidor recebe os juros da aplicação a cada seis meses).Na declaração da família Obama não havia papéis do Tesouro de prazos maiores, como os “bonds”.

Conta corrente: até presidentes precisam de um fundo pessoal de emergência

Os Obamas declararam possuir entre 250.001 e 500.000 dólares em conta corrente no JP Morgan Chase Private Client Asset Management. Segundo a declaração, eles receberam menos de 1.000 dólares de rendimento no ano. Supondo que a quantia depositada se aproxime do piso de 250.000 dólares, o rendimento não chega nem a 0,5% ao ano. O site Moneywatch lembra que, nos Estados Unidos, algumas contas poupança oferecem rendimentos anuais entre 1% e 2% ao ano.

Ações: o presidente investe de forma passiva

Os Obamas declararam ter entre 200.000 e 450.000 dólares investidos em um ETF, o fundo de índice Vanguard 500, que acompanha o índice S&P 500 da Bolsa de Nova York. Claramente os Obamas são econômicos em suas finanças pessoais. A taxa de administração anual do fundo é de 0,06% ao ano, valor reduzido para os clientes que têm mais de 10.000 dólares investidos no ETF. É necessário pensar nos custos mesmo, já que nos EUA os mais otimistas estimam retornos de 5% a 6% ao ano para o mercado acionário americano.

Em contraste, o vice-presidente Joe Biden e sua esposa Jill investem de maneira bastante ativa. O seu formulário de divulgação financeira mostra investimentos de valores na faixa de 1.000 a 15.000 dólares nos seguintes fundos: Invesco VI Global Health fund, Invesco VI International Growth fund, Dreyfus IP Technology Growth, Janus Aspen Enterprise, Janus Aspen fund, MFS VIT Utilities, Rydex SGI VT Mid Cap Growth, and Rydex SGI VT Small Cap Value. Os Bidens também investem em fundos de “bonds” (títulos de longo prazo) de diversos países, além de possuírem algumas apólices de seguro de vida.


Royalties de livros

O presidente dos Estados Unidos continua a receber royalties por seus dois best-sellers. O formulário de declaração financeira revela que Barack Obama embolsou entre 1 milhão e 5 milhões de dólares em 2010 pelas vendas de “A origem dos Meus Sonhos”, título em português para “Dreams of my Father”. Por “A Audácia da Esperança” (“The audacity of hope”), os ganhos de Obama no ano passado ficaram entre 100.000 e 1 milhão de dólares.

De acordo com o artigo do site Moneywatch, a exata quantia recebida por Obama em royalties, declarada em seu imposto de renda, foi de nada menos que 1,57 milhão de dólares. Isso é quase quatro vezes o que ele recebe anualmente como presidente dos Estados Unidos.

No ano passado, Obama ainda recebeu montantes de 225.000 e 133.334 dólares como adiantamento por seus livros infantis: uma versão de “A origem dos meus sonhos” para crianças, que ainda vai ser publicada, e o recém-lançado “Of Thee I sing: a letter to my daughters” (“A vocês eu louvo: uma carta para minhas filhas”, em tradução livre). Este último terá toda renda dos royalties revertida para um fundo educacional para filhos de soldados mortos ou inválidos.

Os Obamas ainda receberam entre 1.000 e 2.500 dólares em direitos autorais pelo livro póstumo da mãe do presidente. Para quem não é exatamente um autor de best-sellers, o artigo do Moneywatch dá a dica: não seria possível complementar a sua renda com um dos seus hobbies?

Previdência: de olho nas vantagens tributárias

Como autor de livros, Barack Obama pode ser considerado, para fins previdenciários, um trabalhador autônomo. Por isso, ele aproveitou para contribuir para um plano de aposentadoria individual desenhado especialmente para esse tipo de profissional, assim como empreendedores, com ou sem empregados. O Simplified Employee Pension Individual Retirement Account (SEP-IRA) é um plano de previdência cujas contribuições são 100% dedutíveis do Imposto de Renda. Apenas quando começarem os resgates, já durante a aposentadoria, as amortizações serão taxadas normalmente como rendimentos. De acordo com a declaração financeira de Obama, seu SEP já possui entre 100.000 e 250.000 dólares aplicados em títulos do Tesouro.

No Brasil, profissionais autônomos podem fazer contribuições para a previdência pública por conta própria. Além disso, os fundos de previdência privada denominados Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) podem ter as contribuições abatidas do IR, que só será cobrado à época do resgate.

Dinheiro para os estudos das filhas

Para poupar para a faculdade das filhas – nos Estados Unidos, as boas universidades são pagas e muito caras – os Obamas têm entre 100.000 e 250.000 dólares aplicados em um plano 529 do estado de Illinois. Um plano 529 nada mais é que um fundo mantido por uma instituição educacional ou estado da federação que ajuda os pais a pouparem para os estudos dos filhos, com vantagens tributárias.

No caso dos Obamas, o dinheiro fica aplicado no fundo estadual Bright Directions College Savings. Se os recursos forem realmente utilizados para gastos com estudos em uma universidade qualificada, o casal não pagará impostos nos resgates. Esses fundos contam com um dos mais importantes alívios tributários para as famílias americanas, e não há limite de montante acumulado ou resgatado.

A declaração financeira da família Obama não trazia a composição da carteira do fundo educacional de Malia e Sasha. O que se sabe é que ambas as meninas têm suas contas alocadas no portfólio destinado a crianças entre 9 e 12 anos. Em 2011, como Malia fará 13 anos, Barack e Michelle devem optar pelo portfolio para adolescentes entre 13 e 16 anos, composto por menos ações e mais títulos públicos.

Nada de dívidas

Os Bidens declararam seis dívidas diferentes, sendo a maior um empréstimo de home equity (com a própria casa em garantia) num valor entre 100.000 e 250.000 dólares. Os Obamas, por outro lado, não tiveram nada para listar na seção “empréstimos e financiamentos” de sua declaração financeira.

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