O que dá para comprar com 1 milhão de reais
Como gastar 1.000.000 de reais em bens e serviços essenciais ou simplesmente em extravagâncias
Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2011 às 17h59.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h31.
São Paulo – Educação é talvez o investimento mais importante que existe, e no Brasil, onde o ensino público básico deixa bastante a desejar, a melhor educação é, por vezes, um serviço bastante caro. Para colocar o filho no colégio com o segundo melhor desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) de 2010 - o Colégio Objetivo Integrado, em São Paulo – uma família teria que desembolsar mais de 100.000 reais em mensalidades, do sexto ano do Ensino Fundamental até o terceiro ano do Ensino Médio. Se não houvesse reajuste algum ao longo dos anos, os estudos custariam cerca de 128.000 reais; se considerados reajustes de 10% (nos últimos anos as escolas brasileiras têm reajustado a mensalidade acima da inflação), o custo saltaria para cerca de 177.000 reais. Com um milhão de reais, uma família consegue mandar cinco filhos para estudarem no Objetivo Integrado a partir do 6º ano até o fim do ensino médio. Quem não tem filhos para se preocupar, porém, pode preferir gastar 1 milhão de reais em algo um pouco menos nobre, como um relógio de pulso, por exemplo. Mas não é qualquer relógio de pulso. Trata-se de um exemplar raro de um Rolex Oyster Perpetual, fabricado nos anos 50 em ouro rosa 18 quilates. Ele é apenas um dos dois exemplares já fabricados pela marca a exibir data, dias da semana, mês e fase da lua. Por sua exclusividade, o modelo foi vendido por cerca de 1,05 milhão de reais pela casa de leilões Christie’s em 2009.
Se educação é um investimento caro no Brasil, os gastos com saúde não são menos salgados. A Amil - segunda melhor operadora de saúde do Brasil e primeira entre as que oferecem planos individuais, segundo a ANS - cobra 2.760 reais por mês em um plano de saúde completo para a faixa etária acima de 59 anos, a mais cara e que mais precisa de plano de saúde. Considerando um reajuste por variação de custos de 8% ao ano – média dos últimos 11 anos – seriam precisos 16 anos de plano de saúde para que o beneficiário chegasse a pagar 1.000.000 de reais. O mesmo valor poderia ser torrado em apenas uma semana de cruzeiro no Christina O, superiate que pertenceu ao magnata grego Aristóteles Onassis. Apenas o aluguel da embarcação – que inclui tripulação e seguro, mas não despesas como comida, bebida, combustível e despesas portuárias - sai a 455.000 euros por semana, o equivalente a 1.055.884 reais. Tudo isso para poder navegar com até 35 convidados nessa verdadeira mansão flutuante onde pisaram personalidades como John F. Kennedy, Winston Churchill, Maria Callas, John D. Rockefeller, Eva Peron, Elizabeth Taylor, Marilyn Monroe e Frank Sinatra.
Ter um carrão esportivo é o sonho de consumo de muita gente, e todo mundo sabe bem o quanto pode custar. Por pouco mais de 1.000.000 de reais – mais precisamente 1.350.000 – dá para comprar, por exemplo, uma Ferrari California F1 motor V8 460 cavalos zero quilômetro, um conversível inspirado na Ferrari 250 California, da década de 50. Quem paga esse preço por um carro está em busca da experiência diferenciada que é dirigir uma Ferrari. Mas quem busca um carro apenas pela funcionalidade e não é exatamente um aficionado pelas quatro rodas com certeza jamais pensaria em dar 1.000.000 de reais por um bem como esse. Ao invés disso, essa pessoa poderia se contentar em comprar um apartamento de três quartos no bairro carioca da Barra da Tijuca, com dois carros médios (na faixa dos 60.000 reais) na garagem, e ainda sobraria um “troco” para mobiliar a casa nova. A média de preço de um três quartos na Barra em agosto foi de 723.135 reais, de acordo com o Secovi-Rio. Some-se a isso 64.483 reais pagos num Toyota Corolla e 67.455 reais dados num Honda Civic, ambos versão mais básica com câmbio automático e zero quilômetro. Considerando-se que um brasileiro costuma gastar até 20% do valor de um imóvel para mobiliá-lo, a despesa seria de 144.627 reais. A soma de tudo: exatos 999.700 reais.
Viajar pode não ser essencial, como a moradia, a saúde e a educação, mas poucas são as pessoas que não sentem um prazer imenso em conhecer novos lugares e culturas. Talvez a viagem mais incrível que um ser humano possa fazer na vida seja dar uma volta ao mundo. Uma reportagem publicada por EXAME.com já mostrou que, mantendo hábitos de hospedagem e de alimentação espartanos – sem chegar ao nível do “perrengue” – uma volta ao mundo por mais de um ano pode custar cerca de 100.000 reais para duas pessoas. Parece pouco? Sim, principalmente quando se considera que seria preciso dar dez voltas ao mundo durante a vida para chegar a gastar 1.000.000 de reais. Mas quem quiser jogar esse valor pela janela em apenas 10 dias, pode se hospedar nesse período na Royal Penthouse Suite, o quarto top do Hotel Presidente Wilson, em Genebra, na Suíça. A vista panorâmica para o Lago Genebra e Mont Blanc custa nada menos que 65.000 dólares a diária, ou 106.229,50 reais. A suíte de 12 quartos ocupa todo o andar do hotel e dispõe de um elevador particular, um piano Steinway, uma sala de bilhar, uma biblioteca, uma sala de ginástica e portas e janelas à prova de balas.
Parece bobagem, mas a sobremesa servida no restaurante Serendipity 3, em Nova York, entrou para o Guiness como a mais cara do mundo. A Frrrozen Haute Chocolate simplesmente custa 25.000 dólares, cerca de 40.000 reais. Por um preço desses, é fácil se perguntar: “o que vai nessa sobremesa? Ouro?” Exatamente. O sundae é elaborado com 28 chocolates, incluindo 14 dos mais caros e exóticos do mundo, além de cinco gramas de ouro comestível de 24 quilates. Na base da taça está um bracelete de ouro 18 quilates decorado com diamantes brancos, e a colher é encrustada de joias. Numa festa para 25 pessoas, um bon vivant gastaria 1.000.000 de reais apenas para pagar a sobremesa. Pelo mesmo valor, é possível apreciar uma refeição completa no D.O.M, um dos melhores restaurantes de São Paulo – e do mundo – nada menos que 3.571 vezes. Seria o mesmo que apreciar a cozinha do chef Alex Atala todos os dias durante quase dez anos. Seis anos, se você levar um acompanhante.