Merrill Lynch vê boa oportunidade de compra nas bolsas
Perdas geradas por temores com EUA e China tendem a ser recuperadas no médio prazo
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.
O banco de investimentos BofA Merrill Lynch acredita que a queda das bolsas pelo mundo na semana passada criou uma boa oportunidade de compra para investidores interessados em entrar no mercado de ações.
A instituição atribui as perdas - que foram maiores em mercados como a China, a Espanha e o Brasil e menores no Japão e nos Estados Unidos - a uma combinação de três fatores: 1) o excesso de otimismo na virada do ano; 2) o aperto monetário na China e seu possível impacto no crescimento econômico; e 3) os planos do presidente Barack Obama para reduzir o tamanho e o risco dos bancos americanos.
Todos esses fatores fazem o BofA Merrill Lynch admitir que pode ser difícil ganhar dinheiro no mercado de ações no primeiro trimestre. A expectativa para todo o ano, entretanto, é de que as bolsas superem os investimentos em renda fixa.
O principal risco, segundo o banco, ainda é a fraqueza do mercado de trabalho americano. Wall Street (o mercado de ações) e Main Street (o mercado de trabalho) têm caminhado em direções opostas - e isso não pode continuar indefinidamente.
"As políticas para o mercado financeiro têm funcionado ao contrário daquelas adotadas para o mercado de trabalho. O maior risco para as altas das bolsas em 2010 é que os governos retirem as medidas de estímulo aos mercados financeiros, seja por meio de regulação ou por aumento de juros, antes que o mercado de trabalho possa se recuperar, causando uma segunda queda nos preços dos ativos", diz o banco em relatório. (Continua)
Mesmo a China e outros países cujas economias parecem bem mais preparadas para a retirada dos estímulos apresentam riscos para os investidores. Segundo a Merrill Lynch, como todos querem estar nesses mercados, os preços das ações parecem excessivos no curto prazo.
No entanto, com a recuperação esperada para o lucro das empresas, haverá oportunidades de ganho. Além disso, os bancos dão sinais de que estão mais dispostos a emprestar nos Estados Unidos. "A disposição dos bancos em conceder novos empréstimos deve continuar a ajudar as ações a render mais que os títulos privados", diz a Merrill Lynch.
Se esse cenário de recuperação se confirmar, haverá ainda um bom espaço para a alta das bolsas nos próximos meses, já que o valor de mercado global das empresas abertas é equivalente a 15,1 vezes os lucros, um desconto de 10% em relação à média histórica. Em relação ao valor patrimonial, as empresas abertas valem 1,9 vez, um desconto de 28% sobre a média.