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Itaú deve comprar operações do BankBoston no Brasil

Um mês depois de o Bradesco adquirir as atividades da American Express no país, agora é a vez de o Itaú conquistar sua parcela de clientes com alta renda

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.

O banco Itaú voltou à ofensiva no mercado brasileiro e agora está partindo para a aquisição das operações do Bank of America (BofA) no Brasil, Uruguai e Chile. O banco das famílias Setubal e Villella deve comprar os ativos e passivos do BankBoston no Brasil, e outras operações latino-americanas do BofA. A transação, estimada em 3 bilhões de dólares, deverá ser o principal negócio do mundo das finanças deste ano. O Itaú deverá pagar a maior parte da compra com suas ações, o que deixará o BofA com 10% do capital do banco brasileiro. O BankBoston não comenta a operação, e o Itaú divulgou um fato relevante no início da tarde, informando que "está efetivamente explorando opções para expandir suas operações no Brasil e na América Latina."

A compra deverá agitar os rankings do mercado brasileiro. Ao adquirir os cerca de 22,6 bilhões de reais administrados pelo BankBoston, o Itaú - que já administra cerca de 90 bilhões - vai superar o Bradesco nesse segmento. Não chegará à liderança do mercado, ainda em mãos do Banco do Brasil, mas será um concorrente ainda mais importante do que é hoje. Além disso, o Itaú poderá usar a rede de relacionamentos construída pelo Boston para ampliar sua carteira de empréstimos, vender seguros e previdência, aproximando-se da liderança em atividades onde hoje sua presença é modesta. De acordo com alguns cálculos, o Itaú poderia inclusive superar o Bradesco em ativos, ainda que marginalmente.

O movimento vem pouco mais de um mês depois de o arqui-rival Bradesco ter adquirido, por um bilhão de reais, as atividades da American Express no Brasil. Ambos os movimentos têm um ponto em comum: são ofensivas dos líderes do varejo junto à clientela de alta renda. No caso do Itaú, os 300 000 clientes pessoa física de renda superior a 5 000 reais por mês atendidos pelo BankBoston devem juntar-se ao contingente semelhante hoje abrigado no segmento Personalitté. "Esse mercado tem pouco mais de 5 milhões de pessoas no Brasil, e a aquisição do BankBoston faz sentido para o Itaú", diz um consultor especializado no sistema bancário. "A questão é se eles vão conseguir preservar esses clientes dentro de uma estrutura de um banco de massa." A marca BankBoston não será vendida.

Além da clientela de pessoas físicas, o Itaú está interessado em outras atividades desenvolvidas recentemente pelo BankBoston. O banco americano tem uma boa operação de gestão de caixa de empresas, além de estar ampliando significativamente seu crédito para pequenas e médias empresas, dois nichos considerados estratégicos para os bancos no Brasil atualmente.

No caso do Bank of America, a venda dos ativos brasileiros seria uma maneira prática de sair do Brasil sem abrir mão das rentáveis operações bancárias por aqui. "Comprar as ações do Itaú é comprar um papel de alto desempenho, o que rende tanto quanto ter um banco, mas com muito menos trabalho e risco", diz um banqueiro de investimentos.

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