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Investir em dividendos ainda vale a pena?

Empresas com boa distribuição de lucros devem continuar a se destacar na bolsa a não ser que haja uma representativa melhora na economia mundial

Ações que pagam bons dividendos, como as da AES Tietê, devem continuar em alta em 2012 (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 16 de dezembro de 2011 às 06h36.

São Paulo – Durante 2011, as ações de empresas que tradicionalmente pagam bons dividendos foram as estrelas da bolsa no Brasil. Olhando os fundos atrelados a esses papéis, o destaque fica claro. Este ano, até o dia 8 de dezembro, os fundos de ações dividendos acumulam rentabilidade de 0,29%, segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

Parece pouco, mas não quando o resultado é comparado com outros fundos de ações. Os fundos Ibovespa ativo, por exemplo, somam queda de 15%, de ações small caps perdem 17,79%, e setoriais apresentam desvalorização de 17,01%.

Em um ano de muita volatilidade nos mercados como foi 2011, ativos com característica mais defensiva, como são as ações que pagam dividendos, acabam se destacando. “O mercado ainda está aguardando uma definição sobre a crise europeia e a última reunião só postergou alguma solução definitiva”, afirma Carlos Nunes, estrategista de renda variável do HSBC. Segundo ele, esse cenário somado à possibilidade de rebaixamento de alguns países na Europa só aumenta a aversão ao risco e deve continuar levando volatilidade para a bolsa até, pelo menos, o final do primeiro semestre.

Diante da perspectiva negativa, os papéis de empresas que costumam distribuir bem seus lucros entre investidores devem se destacar novamente. “A relação entre empresas com bons dividendos é contrária ao Ibovespa. Mas mesmo que a bolsa entre numa rota de alta, os papéis de dividendos devem subir, ainda que menos do que o índice”, afirma Leonardo Zanfelicio, analista-chefe da corretora Concórdia.


Os setores de destaque devem ser muito parecidos com os de 2011 – apesar de agora esses papéis já se encontrarem em um patamar de preços mais elevados. “Empresas de energia elétrica dependem muito do cenário interno e têm longos contratos de venda que garantem demanda”, aponta William Alves, analista da XP Investimentos.

Alves também aposta em companhias do setor de saneamento, que devem continuar gerando bons resultados e os distribuindo para seus investidores. “Mesmo num cenário muito ruim para a economia, o que não deve acontecer, as últimas contas que os consumidores deixam de pagar é de água e luz, o que dá garantias para essas companhias”, afirma.

Os analistas também apostam em companhias de alimentos e alguns setores de consumo, como Souza Cruz, que têm pouca oscilação na demanda, mesmo diante de momentos de menor crescimento econômico.


Riscos

Embora as boas pagadoras de investimento costumem manter um histórico coerente na distribuição para acionistas, assim como qualquer outro investimento, elas não estão livres de riscos. Algumas situações pontuais podem ou reduzir o lucro ou fazer com que as companhias retenham momentaneamente as distribuições para fazer investimentos.

O primeiro caso é o das aquisições. Alguns analistas apontam companhias do setor de telefonia, por exemplo, como boa possibilidade de receber pagamentos. Carlos Nunes, do HSBC, faz um alerta. “Esse setor está num processo de consolidação e ainda vemos muitas aquisições pela frente”, diz. Para comprar empresas, as companhias precisam reinvestir seus lucros, sobrando menos para acionistas.
Outro caso é o de gastos pontuais. A Eletropaulo, por exemplo, se livrou essa semana de pagar multas por atraso no reestabelecimento de energia em caso de apagão. Se a empresa precisasse pagar multas, por exemplo, o lucro poderia encolher e poderia ocorrer impacto na distribuição de dividendos.

Algumas empresas também poderiam fazer investimentos para aumentar oferta, mas em época de crise, essa possibilidade está mais afastada.


Outras estratégias para escolher ações

A volatilidade da bolsa somada ao cenário econômico projetado para o Brasil em 2012 não excluem totalmente a renda variável das opções de investimento, mas tornam a escolha dos papéis ainda mais importante.

Com base nesses preceitos, a equipe de análise do HSBC Global Research elaborou um relatório com quatro critérios além dos dividendos para escolher ações em 2012 e apontou as principais sugestões em cada um deles. Confira:

1 -Resiliência dos lucros

Nesse quesito, foram escolhidas empresas que têm pouca probabilidade de ver seus lucros reduzidos. Também recomenda-se atenção para empresas com um fator chamado de “autoajuda”, ou seja, que estão passando por processos de reestruturação e tem capacidade de reduzir custos.

Na categoria, foram apontados como melhores oportunidades os papéis da AES Tietê, que têm alto potencial de dividendos, contratos até 2015 e margens altas, e da empresa de shopping center Multiplan, que tem exposição diversificada ao varejo.

Entre os papéis mais arriscados no quesito, a equipe de análises apontou as ações da Lojas Marisa, B2W e Magazine Luiza. A explicação é que, se o consumo não tiver uma rápida recuperação no Brasil, as empresas de varejo, em especial as que mais dependem de crédito, podem ter queda de vendas.

2 -Crescimento estrutural

No tópico, os investimentos a longo prazo se voltam para empresas que podem ter crescimento mesmo durante períodos de turbulência e que devem ser recompensadas com boas apostas dos investidores. “Gostamos das histórias de crescimento baseadas em mudanças nos fundamentos da estrutura da indústria, que criem vantagens competitivas para uma determinada empresa”, afirmam os analistas em relatório.

Do lado positivo, destaque para a Brasil Foods, que tem vantagem competitiva pela aquisição de ativos e presença em outros mercados emergentes. Cielo e Redecard, que cresceram por uma mudança no comportamento do consumidor, ainda têm potencial de crescimento para outras camadas da população. Já a Odontoprev possui um bom canal de distribuição, incluindo pequenas e médias empresas e pessoas físicas. Não há destaque negativo na categoria.

3 -Força do balanço

Os analistas alertam que a possibilidade de uma crise de crédito em 2012 é real, ainda que mais acentuada na Europa. Se isso ocorrer, poderão se sair melhor as empresas que tiverem uma posição de caixa sólido e conforto para cumprir com as dívidas.
Como melhores oportunidades, os analistas destacaram os papéis da Ambev, Brasil Brokers e as já indicadas Cielo, Brasil Foods e Odontoprev. Como maiores riscos, são apontados os papéis da Lupatech, Gafisa, JBS e Marfrig.

4 -Anomalias de preços

Com a queda da bolsa, uma série de ações pode estar abaixo do preço que suas empresas realmente valem. Os destaques da categoria ficaram com Bradesco, Itaú Unibanco e Copel.

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São Paulo – Durante 2011, as ações de empresas que tradicionalmente pagam bons dividendos foram as estrelas da bolsa no Brasil. Olhando os fundos atrelados a esses papéis, o destaque fica claro. Este ano, até o dia 8 de dezembro, os fundos de ações dividendos acumulam rentabilidade de 0,29%, segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

Parece pouco, mas não quando o resultado é comparado com outros fundos de ações. Os fundos Ibovespa ativo, por exemplo, somam queda de 15%, de ações small caps perdem 17,79%, e setoriais apresentam desvalorização de 17,01%.

Em um ano de muita volatilidade nos mercados como foi 2011, ativos com característica mais defensiva, como são as ações que pagam dividendos, acabam se destacando. “O mercado ainda está aguardando uma definição sobre a crise europeia e a última reunião só postergou alguma solução definitiva”, afirma Carlos Nunes, estrategista de renda variável do HSBC. Segundo ele, esse cenário somado à possibilidade de rebaixamento de alguns países na Europa só aumenta a aversão ao risco e deve continuar levando volatilidade para a bolsa até, pelo menos, o final do primeiro semestre.

Diante da perspectiva negativa, os papéis de empresas que costumam distribuir bem seus lucros entre investidores devem se destacar novamente. “A relação entre empresas com bons dividendos é contrária ao Ibovespa. Mas mesmo que a bolsa entre numa rota de alta, os papéis de dividendos devem subir, ainda que menos do que o índice”, afirma Leonardo Zanfelicio, analista-chefe da corretora Concórdia.


Os setores de destaque devem ser muito parecidos com os de 2011 – apesar de agora esses papéis já se encontrarem em um patamar de preços mais elevados. “Empresas de energia elétrica dependem muito do cenário interno e têm longos contratos de venda que garantem demanda”, aponta William Alves, analista da XP Investimentos.

Alves também aposta em companhias do setor de saneamento, que devem continuar gerando bons resultados e os distribuindo para seus investidores. “Mesmo num cenário muito ruim para a economia, o que não deve acontecer, as últimas contas que os consumidores deixam de pagar é de água e luz, o que dá garantias para essas companhias”, afirma.

Os analistas também apostam em companhias de alimentos e alguns setores de consumo, como Souza Cruz, que têm pouca oscilação na demanda, mesmo diante de momentos de menor crescimento econômico.


Riscos

Embora as boas pagadoras de investimento costumem manter um histórico coerente na distribuição para acionistas, assim como qualquer outro investimento, elas não estão livres de riscos. Algumas situações pontuais podem ou reduzir o lucro ou fazer com que as companhias retenham momentaneamente as distribuições para fazer investimentos.

O primeiro caso é o das aquisições. Alguns analistas apontam companhias do setor de telefonia, por exemplo, como boa possibilidade de receber pagamentos. Carlos Nunes, do HSBC, faz um alerta. “Esse setor está num processo de consolidação e ainda vemos muitas aquisições pela frente”, diz. Para comprar empresas, as companhias precisam reinvestir seus lucros, sobrando menos para acionistas.
Outro caso é o de gastos pontuais. A Eletropaulo, por exemplo, se livrou essa semana de pagar multas por atraso no reestabelecimento de energia em caso de apagão. Se a empresa precisasse pagar multas, por exemplo, o lucro poderia encolher e poderia ocorrer impacto na distribuição de dividendos.

Algumas empresas também poderiam fazer investimentos para aumentar oferta, mas em época de crise, essa possibilidade está mais afastada.


Outras estratégias para escolher ações

A volatilidade da bolsa somada ao cenário econômico projetado para o Brasil em 2012 não excluem totalmente a renda variável das opções de investimento, mas tornam a escolha dos papéis ainda mais importante.

Com base nesses preceitos, a equipe de análise do HSBC Global Research elaborou um relatório com quatro critérios além dos dividendos para escolher ações em 2012 e apontou as principais sugestões em cada um deles. Confira:

1 -Resiliência dos lucros

Nesse quesito, foram escolhidas empresas que têm pouca probabilidade de ver seus lucros reduzidos. Também recomenda-se atenção para empresas com um fator chamado de “autoajuda”, ou seja, que estão passando por processos de reestruturação e tem capacidade de reduzir custos.

Na categoria, foram apontados como melhores oportunidades os papéis da AES Tietê, que têm alto potencial de dividendos, contratos até 2015 e margens altas, e da empresa de shopping center Multiplan, que tem exposição diversificada ao varejo.

Entre os papéis mais arriscados no quesito, a equipe de análises apontou as ações da Lojas Marisa, B2W e Magazine Luiza. A explicação é que, se o consumo não tiver uma rápida recuperação no Brasil, as empresas de varejo, em especial as que mais dependem de crédito, podem ter queda de vendas.

2 -Crescimento estrutural

No tópico, os investimentos a longo prazo se voltam para empresas que podem ter crescimento mesmo durante períodos de turbulência e que devem ser recompensadas com boas apostas dos investidores. “Gostamos das histórias de crescimento baseadas em mudanças nos fundamentos da estrutura da indústria, que criem vantagens competitivas para uma determinada empresa”, afirmam os analistas em relatório.

Do lado positivo, destaque para a Brasil Foods, que tem vantagem competitiva pela aquisição de ativos e presença em outros mercados emergentes. Cielo e Redecard, que cresceram por uma mudança no comportamento do consumidor, ainda têm potencial de crescimento para outras camadas da população. Já a Odontoprev possui um bom canal de distribuição, incluindo pequenas e médias empresas e pessoas físicas. Não há destaque negativo na categoria.

3 -Força do balanço

Os analistas alertam que a possibilidade de uma crise de crédito em 2012 é real, ainda que mais acentuada na Europa. Se isso ocorrer, poderão se sair melhor as empresas que tiverem uma posição de caixa sólido e conforto para cumprir com as dívidas.
Como melhores oportunidades, os analistas destacaram os papéis da Ambev, Brasil Brokers e as já indicadas Cielo, Brasil Foods e Odontoprev. Como maiores riscos, são apontados os papéis da Lupatech, Gafisa, JBS e Marfrig.

4 -Anomalias de preços

Com a queda da bolsa, uma série de ações pode estar abaixo do preço que suas empresas realmente valem. Os destaques da categoria ficaram com Bradesco, Itaú Unibanco e Copel.

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