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Investidor vai enfrentar tempestade perfeita em 2014

Inflação alta, dólar valorizado, intervenção: veja os fatores que vão tornar a vida do investidor mais difícil no próximo ano

Nuvens que antecedem a tempestade perfeita: juro, inflação e dólar altos de um lado; crescimento baixo do outro (AFP / Don Emmert)
DR

Da Redação

Publicado em 11 de dezembro de 2013 às 17h30.

São Paulo – O ano de 2014 será o ano da “tempestade perfeita”, acreditam os analistas da casa de análise Empiricus . Uma combinação de problemas vai “espremer” a economia brasileira e dificultar bastante a vida do investidor para a obtenção de bons retornos. Conheça a seguir a visão da Empiricus para o cenário econômico do ano que vem e entenda o que é a “tempestade perfeita”, na qual os analistas da casa de análise se basearam para fazer suas recomendações de investimentos para o ano.

A herança de 2013

Para o analista da Empiricus Roberto Altenhofen, por incrível que pareça, a Bolsa foi uma das grandes vitoriosas de 2013. Ela ganhou giro, teve duas aberturas de capital (IPOs) vitoriosas (BB Seguridade e Linx) e deixou o principal legado para 2014, na opinião da Empiricus: um Ibovespa mais sensato, com menos distorções, que considera critérios como valor de mercado, nível de liquidez e número de ações em circulação, e não apenas as mais negociadas da Bolsa.

O ano deixou outros legados positivos, como o nível baixo de desemprego, um sinal de vida da indústria e boas safras. Mas o lado da balança pesou mais para a herança negativa. A Bolsa brasileira foi uma das que mais caíram entre as principais bolsas do mundo neste ano. O Brasil está com a pior situação para suas contas públicas desde 1997, com superávit primário de 1,4% do Produto Interno Bruto ( PIB ) e déficit em transações correntes de 4% do PIB.

A inflação se aproxima do teto da meta sem que haja crescimento – a Selic voltou à casa dos dois dígitos e crescimento do PIB deve ficar em parcos 2%. O Ibovespa cai 16%, o real cai 14% em relação ao dólar e uma série de empresas tem sofrido intervenção do governo, como Petrobras, bancos e empresas do setor elétrico. “Acho que o rating do Brasil vai cair sim”, diz Altenhofen, referindo-se à expectativa em relação ao possível rebaixamento da nota do Brasil pelas agências de classificação de risco.

Perspectivas para 2014 – a “Tempestade Perfeita”

Em 2014, a situação crítica das contas públicas deve levar ao rebaixamento do rating do Brasil, acredita a Empiricus. Quando o rating é rebaixado, o país deve pagar juros maiores sobre suas dívidas, pois passa a ser considerado um pagador pior. A agência de classificação de risco Standard & Poor’s colocou a nota BBB do Brasil em perspectiva negativa em junho, e pode rebaixá-la no ano que vem.

Soma-se a isso a iminente retirada dos estímulos do Fed, o Banco Central americano, à economia. Com a retomada do crescimento nos Estados Unidos, o mercado espera que, a qualquer momento, o governo retire esses estímulos, o que acarretaria uma redução na quantidade de dólares disponível no mercado.

Como consequência, a moeda americana vai se valorizar, e os países emergentes verão uma fuga de capitais estrangeiros. Com menos dinheiro disponível, a procura dos investidores costuma ser por ativos mais seguros, em mercados de países desenvolvidos.


Se o mercado brasileiro atualmente já parece assustador para o investidor estrangeiro, com o fim da chamada “farra de liquidez”, esse “ressecamento” pode ser ainda maior. “Ainda não sabemos quando a retirada dos estímulos vai ocorrer, mas esta é uma saída inevitável, reflexo da recuperação da economia americana. As próprias bolsas americanas estão subestimando o risco de a liquidez secar”, observa Altenhofen.

A retirada de estímulos não vai ocorrer só lá fora. Por aqui também ocorrerá uma redução nos estímulos à indústria, retorno do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros e uma redução na atuação do BNDES, de cuja concessão de crédito algumas empresas praticamente dependem.

Já a China é considerada uma incógnita pelos analistas da Empiricus. “Olhamos o crescimento chinês com certo ceticismo”, diz Altenhofen. O país apresenta desequilíbrios de liquidez, risco de bolha imobiliária e pode não ter dados totalmente confiáveis.

Essa combinação de fatores levaria à possibilidade de uma “tempestade perfeita”, já mencionada por grandes nomes da Economia e das Finanças como Delfim Netto, Armínio Fraga e Luis Stuhlberger. O Brasil se veria espremido entre um baixo crescimento, com alta inflação , real desvalorizado (e uma briga com o câmbio), juros altos, perda de atratividade para o investimento estrangeiro, tudo isso em pleno ano de Eleições Presidenciais.

A “tempestade perfeita” é o cenário-base para a Empiricus fazer suas previsões e definir os melhores investimentos para 2014. O jeito será preferir ativos de renda fixa conservadora que se beneficiem do taxa básica de juros elevada, ações de empresas que se beneficiem do dólar forte e de companhias voltadas para o consumo inelástico. Saiba onde estão as maiores oportunidades de investimento para 2014 segundo a Empiricus.

As Eleições

No cenário das decisões políticas, a Empiricus acredita que o “mais do mesmo” seja o mais provável. Todas as pesquisas apontam para uma vitória de Dilma Rousseff nas eleições, que provavelmente não seria bem recebida pelo mercado, uma vez que o caráter intervencionista no setor privado deverá continuar.

Uma saída para isso seria o que a casa de análise chamou de “Dilm(e)a culpa”, uma Dilma que faz mea culpa e reconhece que a economia vai mal, tentando se reaproximar do setor privado – situação considerada menos provável. Marina Silva, Eduardo Campos e Aécio Neves, por sua vez, seriam provavelmente mais bem recebidos pelo mercado, na visão da Empiricus.

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A herança de 2013

Para o analista da Empiricus Roberto Altenhofen, por incrível que pareça, a Bolsa foi uma das grandes vitoriosas de 2013. Ela ganhou giro, teve duas aberturas de capital (IPOs) vitoriosas (BB Seguridade e Linx) e deixou o principal legado para 2014, na opinião da Empiricus: um Ibovespa mais sensato, com menos distorções, que considera critérios como valor de mercado, nível de liquidez e número de ações em circulação, e não apenas as mais negociadas da Bolsa.

O ano deixou outros legados positivos, como o nível baixo de desemprego, um sinal de vida da indústria e boas safras. Mas o lado da balança pesou mais para a herança negativa. A Bolsa brasileira foi uma das que mais caíram entre as principais bolsas do mundo neste ano. O Brasil está com a pior situação para suas contas públicas desde 1997, com superávit primário de 1,4% do Produto Interno Bruto ( PIB ) e déficit em transações correntes de 4% do PIB.

A inflação se aproxima do teto da meta sem que haja crescimento – a Selic voltou à casa dos dois dígitos e crescimento do PIB deve ficar em parcos 2%. O Ibovespa cai 16%, o real cai 14% em relação ao dólar e uma série de empresas tem sofrido intervenção do governo, como Petrobras, bancos e empresas do setor elétrico. “Acho que o rating do Brasil vai cair sim”, diz Altenhofen, referindo-se à expectativa em relação ao possível rebaixamento da nota do Brasil pelas agências de classificação de risco.

Perspectivas para 2014 – a “Tempestade Perfeita”

Em 2014, a situação crítica das contas públicas deve levar ao rebaixamento do rating do Brasil, acredita a Empiricus. Quando o rating é rebaixado, o país deve pagar juros maiores sobre suas dívidas, pois passa a ser considerado um pagador pior. A agência de classificação de risco Standard & Poor’s colocou a nota BBB do Brasil em perspectiva negativa em junho, e pode rebaixá-la no ano que vem.

Soma-se a isso a iminente retirada dos estímulos do Fed, o Banco Central americano, à economia. Com a retomada do crescimento nos Estados Unidos, o mercado espera que, a qualquer momento, o governo retire esses estímulos, o que acarretaria uma redução na quantidade de dólares disponível no mercado.

Como consequência, a moeda americana vai se valorizar, e os países emergentes verão uma fuga de capitais estrangeiros. Com menos dinheiro disponível, a procura dos investidores costuma ser por ativos mais seguros, em mercados de países desenvolvidos.


Se o mercado brasileiro atualmente já parece assustador para o investidor estrangeiro, com o fim da chamada “farra de liquidez”, esse “ressecamento” pode ser ainda maior. “Ainda não sabemos quando a retirada dos estímulos vai ocorrer, mas esta é uma saída inevitável, reflexo da recuperação da economia americana. As próprias bolsas americanas estão subestimando o risco de a liquidez secar”, observa Altenhofen.

A retirada de estímulos não vai ocorrer só lá fora. Por aqui também ocorrerá uma redução nos estímulos à indústria, retorno do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros e uma redução na atuação do BNDES, de cuja concessão de crédito algumas empresas praticamente dependem.

Já a China é considerada uma incógnita pelos analistas da Empiricus. “Olhamos o crescimento chinês com certo ceticismo”, diz Altenhofen. O país apresenta desequilíbrios de liquidez, risco de bolha imobiliária e pode não ter dados totalmente confiáveis.

Essa combinação de fatores levaria à possibilidade de uma “tempestade perfeita”, já mencionada por grandes nomes da Economia e das Finanças como Delfim Netto, Armínio Fraga e Luis Stuhlberger. O Brasil se veria espremido entre um baixo crescimento, com alta inflação , real desvalorizado (e uma briga com o câmbio), juros altos, perda de atratividade para o investimento estrangeiro, tudo isso em pleno ano de Eleições Presidenciais.

A “tempestade perfeita” é o cenário-base para a Empiricus fazer suas previsões e definir os melhores investimentos para 2014. O jeito será preferir ativos de renda fixa conservadora que se beneficiem do taxa básica de juros elevada, ações de empresas que se beneficiem do dólar forte e de companhias voltadas para o consumo inelástico. Saiba onde estão as maiores oportunidades de investimento para 2014 segundo a Empiricus.

As Eleições

No cenário das decisões políticas, a Empiricus acredita que o “mais do mesmo” seja o mais provável. Todas as pesquisas apontam para uma vitória de Dilma Rousseff nas eleições, que provavelmente não seria bem recebida pelo mercado, uma vez que o caráter intervencionista no setor privado deverá continuar.

Uma saída para isso seria o que a casa de análise chamou de “Dilm(e)a culpa”, uma Dilma que faz mea culpa e reconhece que a economia vai mal, tentando se reaproximar do setor privado – situação considerada menos provável. Marina Silva, Eduardo Campos e Aécio Neves, por sua vez, seriam provavelmente mais bem recebidos pelo mercado, na visão da Empiricus.

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