Boa Vista: "indicador tem antecipado de perto o movimento da taxa de inadimplência das famílias, isso sugere que ela também ainda não atingiu seu pico", diz economista (Sirinarth Mekvorawuth / EyeEm/Getty Images)
Karla Mamona
Publicado em 13 de dezembro de 2022 às 11h16.
A inadimplência segue em alta no país. O número de registros de inadimplentes subiu 2,2% em novembro contra o mês anterior, segundo dados da Boa Vista (BOAS3). No trimestre encerrado em novembro, a alta registrada foi de 4,1%, contra o trimestre anterior.
Na comparação com novembro do ano passado, a alta é ainda mais expressiva, de 38,3%. O aumento no número de registros passou de 17,6% para 18,9% no acumulado do ano e de 16,7% para 18,4% em 12 meses.
“Esse foi o quinto avanço consecutivo do indicador na comparação mensal, e merecem ainda mais atenção as fortes variações que temos verificado em relação ao ano passado. O ritmo dessas variações também ganhou força. Dado que o indicador tem antecipado de perto o movimento da taxa de inadimplência das famílias, isso sugere que ela também ainda não atingiu seu pico”, afirmou Flávio Calife, economista da Boa Vista.
Ele acrescenta que cenário que se desenha para 2023 é desafiador, tanto que as projeções de juros e inflação estão subindo, de modo que o número de registros, assim como a taxa de inadimplência, pode vir a subir mais antes de se estabilizar num patamar elevado.
A Boa Vista divulga mensalmente o indicador de recuperação de crédito. Em novembro, o indicador apresentou queda de 1,1% na comparação mensal, mas ele vinha de forte alta no mês anterior e encerrou o trimestre móvel com crescimento de 4,1%, de acordo com dados dessazonalizados.
Em relação ao mês de novembro do ano passado o indicador segue com variação expressiva, elevação de 26,3%, o que também contribuiu para acelerar a alta nos resultados acumulados. No ano, o ritmo de crescimento passou de 12,8% para 13,9% entre os meses de outubro e novembro, enquanto no acumulado em 12 meses a alta atingiu 13,0%.
Segundo o economista da Boa Vista, a queda em novembro pode ter sido pontual, não só pelo aumento observado um mês antes, que foi significativo, como também pelo fato de que o número de registros continua em alta e as famílias continuam buscando alternativas para ficarem livres das restrições de crédito.
“Apesar da melhora em algumas variáveis econômicas importantes, que também contribuíram até aqui para uma melhora do indicador, sobretudo na análise de longo prazo, como o desemprego que está em queda, a inflação que está desacelerando e a renda que continua subindo em nível, o momento ainda é delicado ao consumidor e requer bastante cautela para que ele consiga se manter livre dessas restrições.”
*Série dessazonalizada/Boa Vista
O indicador de inadimplência é elaborado a partir da quantidade de novos registros de dívidas vencidas e não pagas informados à Boa Vista pelas empresas credoras. Já o indicador de recuperação de crédito é elaborado a partir da quantidade de exclusões dos registros de dívidas vencidas e não pagas informados anteriormente à Boa Vista pelas empresas credoras.