O impacto do preço do barril nas suas ações da Petrobras
Analistas concordam que a fatia do governo na Petrobras deve crescer; entenda como os 8,51 dólares fixados para o barril afetam seu investimento
Da Redação
Publicado em 13 de setembro de 2010 às 15h28.
São Paulo - Parte das expectativas em relação à operação de capitalização da Petrobras foram dissipadas ontem com a definição do preço do barril do pré-sal em 8,51 dólares. Como a empresa terá licença para extrair 5 bilhões de barris, ela deverá pagar 42,5 bilhões de dólares à União pelo direito de explorar petróleo em suas reservas. Na prática, o governo, que é dono de 29,6% da Petrobras, terá esses recursos na manga para aumentar sua participação na estatal. Mas como o valor da oferta só será definido amanhã, ainda não é possível saber quanto os minoritários deverão investir para que não sejam diluídos em um novo rearranjo acionário.
Se a oferta de ações obedecer ao teto de 85 bilhões de dólares estabelecido em assembleia, o governo vai manter sua posição na Petrobras injetando 25,1 bilhões de dólares na capitalização. Nessa situação, os minoritários deveriam arcar com o restante para não serem prejudicados, com um aporte de quase 60 bilhões. Levando em conta que maior capitalização do ano captou 22 bilhões no mercado, analistas apontam que é grande a margem para o governo levar as ações que não forem compradas pelos demais investidores.
Como a União ganhará 42,5 bilhões de dólares na chamada cessão onerosa, o governo terá o caixa suficientemente reforçado para cobrir sua atual posição e bancar eventuais sobras. As estatais também vão poder comprar os papéis remanescentes, autorizadas pela MP 500 publicada nesta terça no Diário Oficial. Por todos esses motivos, é consenso no mercado que a participação dos minoritários deve cair. “O preço do barril foi alto para o investidor acompanhar, mas ele fatalmente terá que por a mão no bolso para não ser diluído”, resume Erick Scott, analista da SLW.
A equipe da Socopa concorda que a União engordará sua fatia de ações na Petrobras. “Estimamos que o governo coloque 25 bilhões de dólares na oferta, com a utilização dos 17,5 bilhões que vão restar da cessão onerosa em uma eventual sobra de ações”, assina o analista Osmar Camilo em relatório divulgado hoje. Com a demanda pelos papéis garantida, o preço dos papéis na oferta não deverá ser muito baixo. Diminui, portanto, a pressão de baixa para o bookbuilding e o apelo da capitalização para o pequeno investidor.
Dividendos
O mercado aguarda a divulgação do prospecto da Petrobras com o valor final da operação de capitalização, prometido para amanhã. Por enquanto, os investidores se deparam com uma única certeza: quem não participar da oferta necessariamente vai receber menos dividendos, já que o mesmo lucro será repartido entre um número maior de ações depois da emissão de novos papéis. Edison Garcia, superintendente da Amec (Associação de Investidores no Mercado de Capitais), lembra ainda que o acionista que acompanhar a oferta não deverá esperar resultados no curto prazo. "Até que esse investimento se transforme em renda, a Petrobras vai continuar com o mesmo faturamento operacional. Por isso, o lucro gerado com a venda desses 5 bilhões de barris vai surtir resultado lá na frente, daqui a 15 ou 20 anos”, finaliza.
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