(Robert Neubecker/The New York Times)
Leo Branco
Publicado em 27 de outubro de 2020 às 12h09.
Última atualização em 27 de outubro de 2020 às 13h20.
A casa se tornou escritório e escola para milhões de pessoas. Muitas residências precisaram, de alguma forma, adaptar-se rapidamente para acomodar dois locais de trabalho e várias salas de aula por causa do coronavírus.
Com escolas e empresas sinalizando que essas condições vão se estender pelo menos até metade de 2021, não é surpresa que haja um bocado de gente buscando mais espaço. Mas, quando muitos agem por instinto, a melhor atitude pode muito bem ser desacelerar e fazer algumas perguntas contraintuitivas.
Experimente esta sobre o tamanho: a casa que você vê como apenas a primeira, que pode ser menor, pode talvez ser vista como sua casa definitiva?
Essa é uma questão capciosa, como muitas das grandes perguntas relacionadas às finanças pessoais, por causa da quantidade de dinheiro e de emotividade envolvidas.
Primeiro, o dinheiro. Uma casa é um ativo com um valor que talvez perfaça uma proporção substancial do seu patrimônio líquido. Com sorte, esse valor aumenta com o tempo.
Há, porém, outras coisas que você pode fazer com o dinheiro extra a ser investido em uma casa maior ou melhor. Esse valor pode ir para a poupança da aposentadoria ou da faculdade. Ou você pode doá-lo a pessoas que não podem se dar ao luxo de contemplar esse tipo de opção.
A ideia de se manter em uma casa pequena não precisa ser uma ode à parcimônia. Uma casa mais modesta pode deixar mais dinheiro no orçamento para viagens, hobbies caros ou um imóvel de veraneio à beira de um lago ou em uma montanha. Viver com menos também ajuda o meio ambiente.
Agora, as emoções. Gastar mais por uma residência maior não faz sentido, a menos que haja um alto retorno psicológico no espaço extra. Mas, se você nunca viveu em um local muito grande, é difícil prever em que medida isso vai deixá-lo mais feliz. E como comparar um retorno qualitativo com as trocas quantitativas feitas em dólares?
É preciso ter alguns fatos em mente.
Desde o colapso do mercado imobiliário durante a última grande recessão, a ideia de que sua casa não é, de fato, um investimento se tornou comum. Por mais sábio que seja, isso não muda o fato de que uma casa ainda é um ativo. E você deve pensar muito em como qualquer ativo desse tipo pode se valorizar (ou não) ao longo do tempo.
Considere também os custos de manutenção. Uma casa mais nova – digamos, com menos de cinco anos – pode exigir apenas um por cento do preço de compra em despesas anuais, segundo John Bodrozic, cofundador da HomeZada, uma ferramenta que ajuda os proprietários a acompanhar custos e melhorias. Se, contudo, sua casa tem 25 anos ou mais, quatro por cento é uma estimativa melhor. E se há alguma coisa que a história nos ensina é que colocar dinheiro em ações durante décadas deve garantir um retorno melhor.
No entanto, bons profissionais realmente podem ajudar a determinar o que "retorno" deve significar para você. Joe Chappius, planejador financeiro de Buffalo, no estado de Nova York, sugeriu uma estratégia básica: consultar algumas pessoas mais velhas.
Encontre alguém em quem você confie e que tenha trocado a casa por uma maior há dez anos, recomendou Chappius. Poucos de seus clientes que fizeram isso acreditam agora que foi a melhor decisão financeira que já tomaram. Além disso, frequentemente, eles acabam tendo dois quartos que raramente usam.
Um profissional financeiro também pode ajudá-lo a estabelecer prioridades, incluindo fazer com que você e seu cônjuge, se você tiver um, concordem com metas e sonhos – e o que vale a pena sacrificar no presente para conseguir as primeiras e garantir alguns dos últimos.
Uma vez que uma base é definida, eles têm um software especializado que pode facilitar a conversa sobre as compensações financeiras. Chappius e Jeff Wolniewicz, sócios da empresa Complete Wealth, me guiaram no seu processo usando números típicos de clientes que procuram uma casa (ou que querem uma maior).
Em qualquer negociação por algo maior, o cliente pode precisar reservar US$ 1.000 a mais por mês para o orçamento habitacional. O que isso pode significar agora? Talvez seja apenas uma redução severa nas viagens ou nos restaurantes. Mas, se o dinheiro já está bem apertado, pode significar que a poupança para a faculdade do filho não seja sequer iniciada.
A troca pode exigir uma redução nas economias da aposentadoria, o que talvez o mantenha por mais tempo na força de trabalho. Para as pessoas que amam o que fazem, talvez isso não seja problema, mas você está preparado para decidir essa questão agora?
"As pessoas geralmente mais felizes são as que evitam querer mais e mais, e que entendem o que é suficiente para elas. Manter-se firme sobre o que é o suficiente para você requer coragem, especialmente se há um contraste com o que o mundo diz que você deve querer", afirmou Wolniewicz.
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