Atualmente os fundos exclusivos só pagam imposto quando o dinheiro é resgatado, o que pode demorar anos (iStock/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 16 de agosto de 2017 às 10h16.
Última atualização em 16 de agosto de 2017 às 10h19.
A reforma da tributação das aplicações financeiras acabou desidratada pela pressa e pela fraqueza do governo no Congresso e vai se limitar à antecipação de imposto dos fundos exclusivos.
A mudança foi anunciada ontem, junto com o aumento da previsão do déficit fiscal para este ano e para 2018 para R$ 159 bilhões.
Hoje, esses fundos, criados para uma pessoa ou família ou empresa, só pagam imposto quando o dinheiro é resgatado, o que pode demorar anos.
O fundo exclusivo também está livre do come-cotas, a cobrança antecipada feita duas vezes por ano, em maio e novembro, pelas alíquotas de 15% e 20%, e que atinge todos os outros investidores em fundos abertos de renda fixa.
Assim, os fundos exclusivos perderão esse privilégio, criado para incentivar o alongamento das aplicações nos títulos públicos nos tempos de bonança do país.
O mercado negocia ainda a concentração do come-cotas em um pagamento anual apenas. Seria uma forma de reduzir a vantagem de outras aplicações, como os títulos públicos ou de bancos, que pagam o imposto apenas nos resgates.
Já outras propostas, como acabar com a isenção das Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA), bem como dos certificados de recebíveis imobiliários (CRI) e do agronegócio (LCA) saíram da pauta diante da oposição da bancada ruralista, uma das que apoiou o presidente Michel Temer, e do setor imobiliário.
Os dois bancos oficiais, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, maiores emissores de LCA e LCI, respectivamente, perderiam uma importante fonte de financiamento barato em um momento em que a economia ainda patina.
A medida teria de ser aprovada pelo Congresso, e o governo não está em condições de abrir outra frente de combate para aumentar imposto.
Também ficou para depois a mudança das alíquotas de imposto, de quatro para duas apenas, e a forma de cobrança do imposto de todos os fundos não mais pelas aplicações dos investidores, mas pelas aplicações feitas pelos fundos.
Ou seja, os fundos perderiam a isenção e passariam a pagar o imposto nas suas aplicações e suas cotas já seriam isentas de imposto.
Assim, ao menos por enquanto, a vida dos investidores não deve mudar muito, exceto para os donos de fundos exclusivos.
Este conteúdo foi originalmente publicado no blog Arena do Pavini.