Governo dos EUA quer criar imposto para os bancos

A administração do presidente norte-americano Barack Obama anunciou que pretende cobrar dos bancos americanos uma taxa para compensar as perdas associadas ao pacote de auxílios concedido pelo governo para auxiliar instituições financeiras, algumas empresas e a indústria automobilística durante a crise. Segundo reportagem do Wall Street Journal (WSJ), a Casa Branca espera que a taxa abrande a revolta da opinião pública com as instituições financeiras.

Ainda não se sabe com certeza como a taxa vai funcionar. O governo tem debatido o assunto para definir quem deve pagar, quando a cobrança deve ser implementada, e o que vai acontecer se os bancos pagarem um valor superior ao do programa de auxílio. Por enquanto, a indústria automobilística não é contada entre os que serão taxados.
Embora ainda em discussão, a ideia da taxa deve ser incorporada ao orçamento da Casa Branca já no mês de fevereiro. O esperado é que a cobrança custe bilhões de dólares aos bancos, o que pode também afetar os clientes dessas instituições, caso elas decidam repassar os custos.

Uma opção em estudo, segundo a reportagem do WSJ, envolve taxar o passivo de um banco, em uma proporção que teoricamente representaria a quantidade de risco que a instituição assume. A medida teria um efeito de controle sobre o comportamento dos bancos com relação ao risco, outra meta do governo dos EUA. Fontes familiares ao assunto dizem que outra opção seria taxar os lucros dos bancos.

Além do funcionamento, também não está claro quem serão os alvos da taxa. Segundo fontes envolvidas nas discussões, é pouco provável, por enquanto, a taxação da indústria automobilística e da AIG, companhia de seguros que recebeu uma ajuda de 85 bilhões de dólares do Fed (o banco central americano), uma vez que tanto o setor quanto a companhia ainda enfrentam dificuldades. Da mesma forma, empresas do mercado imobiliário que foram beneficiadas pelo fundo do governo destinado à habitação também ficariam isentas da taxa.

A razão para as isenções, de acordo com uma fonte, é o fato de que o governo americano ainda possui uma grande participação na AIG e no setor de automóveis. Assim, ao taxá-los, o governo estaria essencialmente obrigando a si próprio a pagar. Fontes ligadas à administração Obama dizem que taxar os bancos é razoável, uma vez que eles foram os que mais se beneficiaram com os pacotes de incentivo do governo, e deveriam suportar o peso de auxiliar na compensação.

A proposta surge em um momento no qual a Casa Branca e muitos bancos estão envolvidos em uma discussão sobre a real participação das instituições financeiras nos esforços para revitalizar a economia dos EUA. Por isso mesmo, a intenção do governo é criar um sistema de taxação que não atinja segmentos da indústria financeira, como bancos menores que ainda estão tentando se recuperar.

De acordo com o WSJ, a taxa, que requer aprovação no congresso, pode afetar grandes bancos que já quitaram, com juros, suas dívidas com o governo. Para os banqueiros, a proposta de criação da nova taxa é "o último assalto a uma indústria que ainda está se recuperando do derretimento da economia". Embora as receitas de algumas instituições financeiras tenham retornado aos patamares pré-crise, o setor continua a ser perturbado de forma ampla, e muitos bancos ameaçam falir.

"Impor outro peso ao setor causaria uma óbvia redução de sua capacidade de emprestar", disse Edward Yingling, presidente da Associação dos Banqueiros Americanos. Segundo a entidade presidida por Yingling, os banqueiros já contribuíram o suficiente.

Na segunda-feira (11/01), o porta-voz da Casa Branca Robert Gibbs preferiu não comentar se o orçamento incluirá o novo imposto sobre os bancos. Ele apenas dissse que o presidente Barack Obama quer ter certeza de que os contribuintes serão reembolsados por sua cooperação no caso dos pacotes de ajuda ao sistema financeiro.